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governo de transição Lula
Lula e o deputado federal eleito Guilherme Boulos, que vai representar o Psol na equipe de transição.| Foto: Ricardo Stuckert/PT

Lula quando fala assusta, como disse a decepcionada economista Elena Landau, que o apoiou no segundo turno. “Lula não aprendeu com os erros do passado.” Na verdade, parece que voltou ainda mais disposto a recrudescer nos erros. Henrique Meirelles e Armínio Fraga já recolheram os flapes e não estão dispostos a pousar no novo governo. “Boa sorte!”, desejou ironicamente Meirelles, que vê um período diferente daquele primeiro ano de Lula, em 2003, em que a economia mundial derramava suas bênçãos sobre o Brasil. Hoje, a economia chinesa, desacelerada, faz uma grande diferença. Depois do desprezo pelo “tal mercado”, Lula foi condenado com duras palavras por editorial da Folha de S.Paulo, que tanto o apoiou.

Investidores, empregadores, produtores ainda não sabem o que virá. Fernando Haddad em lugar de Paulo Guedes pode ser apenas um bode na sala, para dar lugar a alguém que tenha assistido a mais de dois meses de aula de Economia. Boulos para Habitação é tão irônico quanto Stédile para a Reforma Agrária. Os nomes que circulam podem ser de fogo amigo de quem está de olho no ministério, ou fake news para assustar, mas bem que Lula poderia mostrar algum nome que acalmasse a incerteza que faz os investidores pisarem fundo o pé no freio. Enquanto isso, ele pega um jatinho com matrícula americana de um empresário de plano de saúde que, como ele, já andou preso, e voa para o Egito dos faraós. O jatinho de US$ 54 milhões vai juntar-se às centenas de outros aviões nada amigos do meio ambiente para marcar presença na Conferência do Clima, levando Marina Silva.

Crise institucional ter origem num tribunal constitucional é a última causa que se pode imaginar, mas é consequência do comportamento de um país ciclotímico e masoquista

Enquanto isso, no Brasil, os comandantes das três forças armadas deram um aviso direto, sem intermediários, às instituições e ao povo: estão ao lado do povo, fonte do poder, e lembram que a lei diz que não é crime a manifestação crítica contra as instituições, vale dizer, o Supremo, o Congresso, o presidente ou mesmo o Exército. A nota adverte que o Legislativo, casa do povo, tem de ser respeitado – isto é, não se pode prender deputado nem censurar parlamentar e em rede social – e que os parlamentares precisam corrigir possíveis arbitrariedades e desvios autocráticos – vale dizer, o Senado precisa fazer o Supremo voltar à Constituição e ao devido processo legal. A nota reitera que as Forças Armadas estão a serviço do povo brasileiro e que as autoridades a serviço desse povo precisam atender as reivindicações legais e legítimas.

Fingir que não viu, não leu e não ouviu é esconder-se como avestruz. Desrespeitaram direitos e garantias individuais que são cláusulas pétreas da Constituição e do Direito Natural. Crise institucional ter origem num tribunal constitucional é a última causa que se pode imaginar, mas é consequência do comportamento de um país ciclotímico e masoquista. Quando a nação se encaminha para a grandeza, pensa que não merece e provoca uma guinada que cair de novo. Desta vez, a guinada veio de uma elite da política, da Justiça e da mídia, usando eleitores desinformados. Planejada ou não, o que se sente nesses dias é uma transição para baixo.

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