Mais uma eleição se aproxima e chega a hora decisiva de escolher o número a ser digitado. Não pode ser por sorteio. Decidir futuro é vital. Ou fatal. Um em cada cinco eleitores prefere não fazer escolha alguma, assustado com os candidatos arranjados pelos partidos. Avaliam-se as escolhas pelos resultados. E aí vemos que não houve boas escolhas. Peguemos a escolha do presidente da República como referência. No início do século, foi eleito o candidato do PT, prometendo acabar com a fome. Convenceu o Brasil e o mundo. Virou celebridade no mundo por acabar com a fome no Brasil. O candidato e seu partido ficaram no poder pela maior parte desses 21 anos, e eles próprios se queixam de que o Brasil tem 33 milhões de famintos. Passam atestado, eles mesmos, de que foi só discurso para continuarem no poder.
Por essa atitude ingênua de eleitores é que os poderosos da política julgam que somos todos tuteláveis. Massa de manobra que não pensa, não reflete e é fácil de ser conduzida. Enquanto forem carentes, serão atendidos com Bolsa Família e auxílios afins. O governo é o pai bonzinho. Nem sequer lhes passa pela cabeça perguntar de onde vem o dinheiro. Os tutores, para reforçar o vínculo (“vínculo” vem de corrente, em latim), usam a instrução, o ensino escolar, para catequizar as crianças em sua religião ateísta e materialista. Já tomaram os votos de hoje; querem tomar também as mentes de amanhã.
WhatsApp: entre no grupo e receba as colunas do Alexandre Garcia
Aquilo que o poder político faz desde Cabral, o Poder Judiciário percebeu que também pode fazer, “empoderando-se”. Testou na pandemia, cancelando direitos e garantias fundamentais, e todo mundo obedeceu. Passou a investigar seus ofensores, bloquear seus canais e contas, cassar-lhes os passaportes e prendê-los. O direito de manifestação ficou sob censura; deputados e senadores passaram a ser violáveis por suas palavras. E todo mundo ficou quieto. A tutela já vem dos três poderes. E o poder original, o povo, foi achando que é natural, se tiver Bolsa Família e afins. Alimente-os e domine-os. E vão nos domesticando.
Não é chocante, tudo isso? Estamos nesse processo de domínio. Parece 1984, de Orwell, e temos de evitar que o futuro seja o de A Máquina do Tempo, a ficção de H.G.Wells em que os Morlocks acabam por dominar os Elois, os ingênuos bonzinhos que não perceberam enquanto cediam suas liberdades. No dia 7 de setembro, uma parte desses Elois saiu para as ruas, mobilizados pela voz digital libertadora. Vivemos dias de resistência. A verdade que liberta carece de vozes que saibam argumentar, além de gritar. O poder inflado e ilegal não cede e reforça seu espírito-de-corpo. A rede digital que deu voz a todos também estimulou o conforto de muito dizer e pouco fazer. E assim vamos, coerentes à nossa história, cheia de enganos e engodos, enquanto se usa a falta de conhecimento para exercer a tutela.
O que explica o rombo histórico das estatais no governo Lula
Governo Lula corre para tentar aprovar mercado de carbono antes da COP-29
Sleeping Giants e Felipe Neto beneficiados por dinheiro americano; assista ao Sem Rodeios
Flávio Dino manda retirar livros jurídicos de circulação por conteúdo homofóbico
Inteligência americana pode ter colaborado com governo brasileiro em casos de censura no Brasil
Lula encontra brecha na catástrofe gaúcha e mira nas eleições de 2026
Barroso adota “política do pensamento” e reclama de liberdade de expressão na internet
Paulo Pimenta: O Salvador Apolítico das Enchentes no RS
Deixe sua opinião