Foi-se o tempo em que a gente entrava no mercado e só achava as mesmas cervejas de sempre. Há alguns anos as prateleiras se expandiram, abrindo espaço para uma gama cada vez maior de estilos, sabores e marcas. E agora com a pandemia, esse canal se torna ainda mais importante para as cervejarias, já que o setor de bares e restaurantes, o principal meio de escoamento da produção de muitas marcas, está sendo muito afetado. Para o consumidor, ele pode se tornar ainda mais diversificado.
A ideia de entrar em redes de mercado sempre foi vista como difícil por diversos empresários. Algumas redes têm exigências de preço e volume muitas vezes altas demais para a maioria das empresas do setor. Mas quem apostou há mais tempo, agora colhe frutos. É o caso da Maniacs, de Curitiba, que tem uma estratégia forte nesse segmento e registrou crescimento de vendas de 35% em 2018 e 45% em 2019. Desde que a pandemia começou, o aumento de vendas foi de 20% nas principais redes do país. Somente a cerveja carro-chefe, a Maniacs IPA, cresceu 130% no ano passado. Trata-se de uma ótima Session IPA, com todo o aroma cítrico do estilo, mas com álcool e amargor reduzido.
Esse caminho, o do chamado off-trade, pode não ser o mais fácil, mas outras cervejarias estão mostrando que é possível. Já no período da Covid-19, a Cervejaria ØL Beer, de São José dos Pinhais, posicionou seus produtos nas redes VerdeMais Fresh Market, Muffato e Angeloni. Entre elas, a Thor Belgian IPA, medalha de bronze no concurso Copa Cervezas de America ano passado. Ela mistura aromas frutados e condimentados típicos das cervejas belgas com aroma, sabor e amargor de lúpulos cítricos norte-americanos.
Marcas próprias
Outra tendência que está crescendo e de redes varejistas terem marcas próprias de cervejas. Em novembro do ano passado o Pão de Açúcar lançou a Fábrica 1959, com quatro rótulos feitos pela Cervejaria Imigração, de Campo Bom (RS): Pilsen, IPA, Witbier e Weiss.
Agora em junho foi a vez do Carrefour lançar 11 rótulos de cervejas com a marca Nauta: seis em garrafas de 600 ml produzidas pela Way Beer, de Pinhais, e cinco em latas de 350 ml produzidos pela Startup Brewing, de Itupeva, em São Paulo.
A cervejas produzidas pela Way Beer fazem um convite para uma viagem pelos quatro cantos do mundo da produção cervejeira. A Bohemian Pilsner representa a República Checa; Indian Pale Ale os Estados Unidos; Irish Red Ale a Irlanda; Weissbier a Alemanha; Blond Ale a Bélgica; e Amburana Ale o Brasil.
Já as latas da Startup Brewing trazem estilos clássicos, como uma American IPA e uma Session IPA, e flertam com receitas mais elaboradas, como uma Witbier com tangerina – além da laranja e sementes de coentro típicas do estilo –, uma Porter com coco e uma Saison com uvas e uma.
Entre as da Fábrica 1959, o destaque fica por conta das cervejas de trigo Weiss e Witbier, que são as mais bem realizadas em relação aos estilos. Da Nauta, só consegui provar as latas e com exceção da Saison. A Session IPA se mostrou a mais interessante.
Todas são bastante leves e fáceis de beber e, em muitos aspectos, até simplificadas em relação a complexidade de seus estilos. Isso porque miram num público entrante, que está começando a apreciar as cervejas artesanais agora. Uma das maiores vantagens está no custo benefício, sempre muito atrativo.
*Os preços são aproximados segundo indicações das importadoras, distribuidoras e fabricantes. Beba com moderação.
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