Ouça este conteúdo
Nos últimos tempos, uma forma de movimentação no mercado das empresas tem chamado a atenção. Ela acontece quando uma empresa realiza projetos de expansão por meio da compra de outra empresa ou realiza uma união de marcas - é o que chamamos de Merger and Acquisition, ou simplesmente M&A. O termo remete diretamente a fusões e aquisições e é uma ação geralmente feita esperando crescimento, seja para conquistar ou combinar forças.
Fusão é quando duas empresas se unem e formam uma nova companhia, o que talvez seja um movimento menos comum do que o de aquisição, mas ainda assim muito importante no mercado. Um bom exemplo disso foi a fusão entre a brasileira TAM e a chilena LAN em 2012, que deu origem à LATAM. Por outro lado, aquisição é quando uma empresa compra a outra e absorve suas operações e marcas, assim como a compra do WhatsApp pelo Facebook em 2014.
Esse tipo de transação iniciou-se com mais relevância por volta da década de 1990 no Brasil, quando empresas internacionais passaram a exercer maior poder econômico no país. A maior conexão mundial que a liberação de fluxos de capitais e a abertura econômica trouxeram alimentaram essa máxima. Novas tecnologias de transmissão e o progresso industrial expandiram as fronteiras.
A globalização da produção e das finanças criava competição com o mundo inteiro, o que aumentava a dificuldade. Como forma de reação, uma das estratégias mais escolhidas foi o M&A, que unia forças de forma estratégica para vencer essa nova competição.
No período inicial, os setores de indústrias de alimentos, bebidas e fumo tiveram o maior número de transações, pelo menos até por volta de 2006. Em segundo lugar, o setor de tecnologia da informação. Nesse período, de 1992 a 2006, o Brasil registrou uma média de 280 transações anuais, de acordo com a “Pesquisa de Fusões e Aquisições 2007”, da KMPG, e Nelson Fontes Siffert Filho em “A economia brasileira nos anos 90”, de 1999.
O ano de 2008 apresentou um forte crescimento no valor das operações, atingindo US$ 106 bilhões globais, conforme estudo divulgado por Lilian Matsuura em 2008, na Revista Consultor Jurídico.
A partir de 2010, principalmente num cenário de recuperação mundial pós-crise econômica de 2008, o Brasil se manteve sempre acima de 590 transações registradas, movimentando até 65 bilhões de dólares anuais, também segundo Matsuura.
Até que em 2020 observamos uma escalabilidade gigante de M&A com mais de 50 mil transações globais e uma média de 3,2 trilhões de dólares. Porém o maior número registrado não demorou muito para ser superado. No ano seguinte, a operação alcançou um recorde de proporções nunca vistas. Em 2021, no mundo, foi registrada a movimentação de mais de 5,9 trilhões de dólares em operações de M&A, com um número total de negócios gerados pelas fusões e aquisições de 9.550, segundo relatório do Global Data.
Isso se deu devido à pandemia. No início, em 2020, a volatilidade do mercado adiou e cancelou muitas transações. Porém, o reaquecimento veio logo em seguida. Com um futuro incerto, a busca por estratégias para preservar valor de mercado e pela própria sobrevivência das empresas mostraram um apelo pela junção de forças e incorporação.
No Brasil, em 2021, mais de 66 bilhões de dólares foram movimentados em mais de 1,6 mil transações, com mais de 80% do capital delas de origem nacional.
Em 2022, 54 mil transações globais movimentaram mais de 3 trilhões de dólares e 1.556 transações foram realizadas no Brasil, também com mais de 80% de origem nacional do capital.
No primeiro semestre de 2022, de 807 M&A’s registradas no Brasil, 360 foram do ramo de tecnologia. Este setor já lidera o mercado de M&A há 10 anos. Fusões e aquisições de empresas do setor de tecnologia representam 45,72% de todas as operações do tipo no Brasil, de acordo com a pesquisa da PwC Brasil.
Em 2023, o primeiro trimestre trouxe incertezas decorrentes da possível instabilidade do cenário econômico estadunidense, mas o que vemos é uma estabilidade do desempenho, apesar das oscilações da inflação. No momento, o mercado de M&A sinaliza bons ventos com um volume de negócios global de 1,3 trilhões de dólares apenas no primeiro semestre.
Tecnologia da Informação foi o setor de maior relevância neste primeiro semestre de 2023 em volume e em investimentos, com mais de 30% do total, ficando em primeiro lugar novamente nos dados.
Observa-se uma grande movimentação na direção do uso dessa estratégia, principalmente ligada à situação global atual e às vantagens competitivas que ela traz como, por exemplo, a maturidade do mercado. Quando se tem a possibilidade de investir, também se tem a possibilidade de testar novas possibilidades e tecnologias.
Hoje em dia, novas demandas surgem muito mais rapidamente e é improvável que uma empresa especializada tenha a rapidez necessária para atender a essas demandas sem contar com a tecnologia e a expertise de outra empresa especializada. Com o M&A, novas operações e soluções podem nascer mais rapidamente para acompanhar a necessidade do mercado.
De outra forma, quando a empresa capta investimento e se torna mercado no Brasil, consegue exportar a sua metodologia e o seu produto para outros países, tornando, assim, o mercado mais potente e a sua solução, diversas vezes, mais valorosa.
Consequentemente, melhores soluções colocam maior competitividade no mercado, geram mais emprego, mais riqueza e mais tributos, girando a máquina pública e aumentando a quantidade de oportunidades e investimentos.
Por meio do M&A, é possível expandir negócios, ganhar eficiência, competitividade, entrar em novos mercados, reduzir os riscos, diversificar e otimizar processos, produção e rentabilidade.
A conclusão disso tudo é que o M&A veio para ficar, sendo, inclusive, uma das boas soluções para a nova dinâmica de mercado, com mutações mais velozes, agressivas e intempestivas.
Além disso, investimentos de private equity, venture capital e corporate venture capital alcançaram 6,47 bilhões de reais de abril a junho de 2023, com alta de 23,2% em comparação ao primeiro trimestre do mesmo ano, conforme um relatório da Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVCAP) e da TTR Data. Este dado mostra que ativos alternativos estão em um momento de investimentos com alto valor de aporte e subindo, o que com certeza resultará em mais oportunidades de investimentos em M&A.
Ficar de fora pode resultar em perda de valor e competitividade para a sua empresa, do dia para a noite, principalmente quando seus concorrentes se organizarem nesse formato e fizerem bons movimentos de M&A antes de você.
No próximo artigo, trataremos mais especificamente do porquê sua empresa deve olhar para isso e como entrar nessa jornada de captação e negociação em um processo de M&A.
Me siga nas redes sociais, LinkedIn e instagram. Lá também compartilho conteúdos sobre business e investimento. Até a próxima.