A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é conhecida no Brasil pelo PISA (Programme for International Student Assessment), exame que mede habilidades de português e matemática em alunos de 15 anos de idade. O noticiário frequentemente alerta para as deficiências dos estudantes brasileiros, tanto na rede pública quanto na rede privada. Recentemente, a OCDE fez uma pesquisa para verificar as habilidades de distinguir verdades de mentiras online. O resultado foi alarmante para os brasileiros.
Os resultados mostraram que os brasileiros julgam ter habilidades na média da OCDE, e a confiança na própria habilidade aumenta com a escolaridade de quem responde. No entanto, na prática, de acordo com os testes realizados, o Brasil ocupa o último lugar no ranking de países que conseguem distinguir verdade de mentira online.
Compare os gráficos. No primeiro, está a avaliação dos brasileiros sobre a própria capacidade de distinguir verdades de mentiras. No segundo, estão os resultados reais.
A pesquisa revelou que 60% dos participantes globais conseguiram identificar corretamente o conteúdo verdadeiro e falso, enquanto no Brasil, essa taxa foi de apenas 54%. O estudo, realizado com mais de 40.000 pessoas em 21 países, destacou a confiança excessiva dos brasileiros em suas habilidades de detectar informações falsas, especialmente entre aqueles com maior escolaridade e renda. No entanto, essa confiança não se traduziu em um desempenho real.
Outro ponto interessante do estudo é que a percepção das habilidades não está correlacionada com a capacidade real de identificar conteúdo falso. Pessoas que não se sentem confiantes em reconhecer informações falsas se saíram tão bem quanto aquelas que se sentem confiantes. Isso sugere que a autopercepção não é um bom indicador de habilidades reais nesse contexto.
A maioria dos brasileiros confia na sua capacidade de distinguir informações verdadeiras de falsas, mas essa confiança é desproporcional ao desempenho real
O documento da OCDE indica que a circulação de conteúdo falso e enganoso online representa riscos significativos para o bem-estar das pessoas e da sociedade. Esse tipo de conteúdo contribui para a polarização política, reduz a confiança nas instituições democráticas e impacta negativamente os direitos humanos fundamentais.
A disseminação de informações falsas na internet tem desempenhado um papel proeminente em muitas crises recentes, como as eleições presidenciais, a pandemia de Covid-19 e a guerra de agressão da Rússia na Ucrânia. Esses eventos mostram como é difícil distinguir fatos de falsidades e como isso pode ter consequências prejudiciais.
A confiança na própria capacidade de distinguir verdade de mentira online aumenta com o nível de escolaridade e renda dos respondentes, mas não se traduz em um melhor desempenho nesses testes. De acordo com a pesquisa, homens tendem a ser mais confiantes que mulheres, e a confiança tende a aumentar com a idade.
O estudo revelou também que a maioria dos brasileiros confia na sua capacidade de distinguir informações verdadeiras de falsas, mas essa confiança é desproporcional ao desempenho real. Além disso, aqueles que confiam muito nas mídias sociais como fonte de notícias têm uma menor capacidade de distinguir entre informações verdadeiras e falsas.
Esses resultados destacam a necessidade urgente de políticas e programas de alfabetização midiática para melhorar a capacidade dos brasileiros de reconhecer informações falsas e enganosas. Isso é essencial para combater os efeitos negativos da desinformação e promover uma sociedade mais bem informada e crítica.
A qualidade da cobertura política também tem impacto direto nessa questão. O foco excessivo em opiniões, em detrimento dos fatos, e uma imprensa muitas vezes inclinada politicamente, contribuem para a desconfiança do público. A cobertura política, que deveria ser objetiva e baseada em fatos, muitas vezes se transforma em um campo de batalha de opiniões, distanciando ainda mais a população da verdade.
Em resumo, o estudo da OCDE não só revela a fragilidade dos brasileiros em distinguir verdade de mentira online, mas também aponta para a necessidade de uma abordagem educacional robusta para lidar com esse problema. A confiança excessiva em habilidades não acompanhadas por resultados concretos mostra um descompasso que precisa ser corrigido para que possamos navegar melhor no vasto mar de informações da internet.
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