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Quando o design e a comunicação se encontram, coisas incríveis podem acontecer. Em 2017, desembarcamos em Milão e nos encontramos por acaso. Uma comunicadora e um designer industrial, cada um carregando na bagagem diferentes experiências, projetos e sonhos. Porém, ambos com uma enorme vontade de contribuir para um mundo mais sustentável.
Desde que chegamos a Milão, mergulhamos de cabeça no mundo do design e nos conectamos com as mais diversas iniciativas, pesquisas, empresas e profissionais. A cada encontro aprendemos coisas novas e confirmamos aquilo que já suspeitávamos: o único futuro possível é o futuro circular. A crise climática e toda desigualdade trazida com ela, que só tende a se agravar, nos demanda repensar e redesenhar a forma como produzimos e consumimos.
O design – como bem ilustrou a exposição Broken Nature lá em 2019, na Triennale de Milão, e como reafirmam as maiores feiras de design da Europa – dialoga cada vez mais com as Ciências Biológicas e Ciências Sociais para acelerar a transição para uma economia circular.
E para dar o ponta pé inicial, que tal entender melhor o que de fato é a economia circular e o que ela tem a ver com o design?
O que é, afinal, a economia circular?
Para entendermos o que é a economia circular, precisamos primeiro olhar para o nosso atual sistema econômico, a chamada economia linear. Na economia linear, não fomos ensinados ou treinados para lidar com a finitude dos recursos naturais. Isto quer dizer que extraímos recursos da natureza, transformamos esses materiais em produtos específicos para o nosso consumo e simplesmente os descartamos gerando lixo e poluição.
Dentro da economia linear, o design de produtos, sistemas e serviços não levam em consideração a reutilização e recirculação de recursos – materiais e componentes. A estratégia para estimular a economia é projetar produtos que se tornem obsoletos para que sejam substituídos o mais rápido possível. É despertar desejo para que os consumidores busquem sempre o novo, o mais atual, sem deixar margem para que a gente possa refletir: Eu realmente preciso disso?
Uma abordagem circular da economia, ao contrário daquela linear, considera a gestão de recursos, fabricação e uso de produtos e o descarte de materiais em todas as etapas da cadeia produtiva e pós-consumo. E é na natureza que essa abordagem se inspira.
Natureza – onde nada se perde, tudo circula
Na natureza não existem aterros, pelo simples fato de que não há produção de resíduos/lixo. A natureza se comporta de uma forma cíclica — nada vira lixo, tudo é transformado em algo novo, com um novo propósito. É um ciclo infinito e sustentável de criação e energia.
Nascemos e vivemos em uma economia linear, por isso não é de se admirar que os aterros sanitários se multipliquem causando diversos impactos negativos ao planeta. Uma abordagem circular da economia nos desafia a incorporar o modelo cíclico da natureza, em que os recursos são mantidos em uso pelo maior tempo possível e, em seguida, recuperados e regenerados no final de seu ciclo de vida.
É um enorme desafio e, para nós, uma verdadeira revolução, provavelmente a maior do nosso tempo. Mas isto não quer dizer que a economia circular seja uma utopia ou algo inalcançável.
Através do design, sua principal ferramenta, e de uma mentalidade colaborativa, essa abordagem nos oferece um modelo prático e acessível para construirmos um futuro circular.
A economia circular se baseia em três princípios fundamentais:
- Eliminar resíduos e poluição desde o princípio
- Manter produtos e materiais em uso
- Regenerar sistemas naturais
Em nossa coluna "Conexão Design" vamos explorar cada um destes princípios e mostrar a aplicação da economia e do design circular na prática. Vamos falar de novos materiais, produtos, serviços e projetos mostrando o trabalho e pesquisa de designers, arquitetos e empresas que estão abrindo caminhos para a economia circular. Queremos compartilhar com vocês que essa transição, além de urgente, também é possível e rentável. Isto porque, como nos ensina a natureza, tudo pode e deve se transformar em recurso, inclusive uma das maiores invenções humana: o lixo.