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Banheiros femininos foram uma conquista histórica do movimento feminista original, aquele que lutou, antes de mais nada, para que mulheres tivessem direito a voto, depois para que fossem aceitas no mercado de trabalho e, claro, tivessem sua intimidade respeitada em todos os lugares, através de banheiros exclusivos.

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Quem lembra isso é o perfil qgfeminista do Instagram que resolveu dar sua parcela de contribuição contra o avanço da agenda LGBT sobre os banheiros femininos, divulgando informações históricas e casos de abusos contra mulheres justamente por falta de banheiros exclusivamente femininos.

A recente polêmica da lanchonete McDonald's de Bauru, interior de São Paulo, que aboliu o banheiro feminino (e também o masculino), criando banheiros individuais, mas "multigênero", parece ter sido o estopim para a publicação.

O perfil lançou uma proposta de reflexão extremamente pertinente. Numa postagem com 10 slides promove um resgate histórico sobre o surgimento dos banheiros femininos e lança a proposta para tratarmos o assunto com racionalidade.

A publicação parte de uma pergunta: "É feminista lutar por banheiros “inclusivos”?" Na sequência o perfil traz o alerta de que precisamos de um debate honesto e responsável sobre isso. Segue a excelente argumentação.

Surgimento dos banheiros femininos

Tomo a liberdade de transcrever trechos inteiros do que está nesta publicação do Instagram, dando crédito ao perfil qgfeminista, porque o conteúdo, além de muito bem explicado, é necessário. Chega de confusão a título de inclusão!

O primeiro esclarecimento é sobre a origem dos banheiros femininos. Não foi uma ideia surgida ao acaso e, sim, uma reivindicação das feministas sufragistas, aquelas que lutaram pelo legítimo direito ao voto, até então exclusivo dos homens.

Isso ocorreu durante a chamada primeira onda feminista, entre o fim do século XIX e o início do século XX, e simbolizava o ingresso de mulheres na esfera pública. Feministas e mesmo as mulheres que não aderiram a nenhum movimento organizado, precisaram lutar arduamente para conquistar espaços exclusivos.

Na publicação no Instagram, feministas defendem que "negar a mulheres e meninas o direito a banheiros exclusivos é negar a história da luta feminista e o direito à segurança", enfatizando que os banheiros separados por sexo foram uma conquista feminista histórica.

A luta não acabou

"Apesar de parecer um direito consolidado, mulheres do século XXI ainda lutam pelo direito a um banheiro exclusivo, que corresponde a também ocupar espaços públicos e espaços de poder", diz a publicação do perfil qgfeministas. Para provar que a luta não para, trazem títulos de duas reportagens relativamente recentes, do ano de 2016.

Um desses títulos destaca que o plenário do Senado finalmente teria banheiro feminino, 55 anos depois da inauguração. Somente naquele ano o Senado estava começando uma reforma para construir o primeiro banheiro para mulheres no plenário. O mais impressionante é que isso não aconteceu décadas atrás. Foi há cinco anos, apenas!

Até a última sessão de 2015 o plenário do Senado, espaço onde os senadores ficam por horas e horas seguidas, tinha banheiro só para homens. As mulheres precisavam sair dali para procurar banheiro fora. 

A segunda reportagem diz que uma ONG estava instalando banheiros exclusivos para mulheres numa cidade indiana, depois de uma série de estupros. A ONG doou mais de 100 banheiros para um povoado no norte da Índia, onde as mulheres tinham que fazer suas necessidades ao ar livre, ficando expostas a olhares, assédio, agressões e estupros.

"A primeira pergunta a ser feita sobre o debate de banheiros "inclusivos" é por que, afinal, separamos os banheiros por sexo? E o motivo é simples: violência masculina, porque homens assediam e estupram mulheres constantemente em nossa sociedade."

Publicação no perfil qgfeminista do Instagram

"Banheiros são espaços em que meninas e mulheres ficam mais expostas e vulneráveis e, portanto, precisam estar protegidas em espaços separados por sexo. Essa separação não evita que estupros aconteçam, porque homens podem entrar no banheiro feminino clandestinamente, mas minimiza a possibilidade de acontecerem atos violentos ao conseguir barrar o acesso masculino", explicam as feministas autoras da publicação.

Como combater a violência

"Pesquisas comprovam que separar banheiros por sexo é a melhor opção para a proteção de meninas e mulheres", diz um dos slides do perfil qgfeminista do Instagram. De novo, anexa título e reportagem de um jornal americano, afirmando que vestiários unissex colocam mulheres em perigo e explicando por que.

A investigação feita pelo jornal mostrou que quase 90% das agressões sexuais e casos de assédio relatados em piscinas e vestiários de centros esportivos acontecem em instalações unissex. De 134 casos relatados, 120 foram em banheiros e vestiários compartilhados por ambos os sexos. Apenas 14 casos ocorreram em ambientes exclusivos para mulheres, onde homens entraram clandestinamente.

Isso demonstra, segundo o jornal, que facilitar a entrada do sexo masculino é nove vezes mais perigoso. Conclusão óbvia da pesquisa: banheiros exclusivamente femininos são muito mais seguros para mulheres e meninas do que banheiros compartilhados.

Outra manchete de jornal resgatada pelo perfil: "No Reino Unido, autoridades pedem fim de banheiro unissex nas escolas." A reportagem citada revela que banheiros unissex em escolas primárias e secundárias vêm preocupando autoridades e médicos no Reino Unido, neste caso não por questões de segurança propriamente dita.

As meninas estão se sentindo constrangidas e evitando usar o banheiro durante longos períodos, o que pode resultar em infecções. Para quem eventualmente não saiba, meninas e mulheres em geral enfrentam mais episódios de infecção urinária justamente por estarem acostumadas a prender a bexiga por muito tempo até encontrar um banheiro adequado para usar.

A reportagem explica que, para passar o dia sem urinar, as estudantes estão evitando beber água quando estão fora de casa, segundo relatos de pais e professores.

No período da menstruação muitas meninas optam por simplesmente faltar às aulas para não ter que entrar no tal banheiro compartilhado e passar pelo constrangimento de encontrar meninos lá dentro.

Outra manchete de jornal diz que o mesmo acontece com meninas e mulheres indianas. Elas deixam de beber água para evitar estupro. Parece não haver qualquer lógica nisso, mas há. Lembra da notícia falando da ONG que instalou banheiros públicos femininos numa província do norte da Índia? Pois é.

Em algumas regiões do país não é comum haver banheiros públicos exclusivamente femininos, então as mulheres, se não conseguirem se segurar até chegar em casa ou a um prédio público ou comercial que tenha banheiros seguros, precisam fazer xixi na rua. No momento em que tiram a roupa em público, ficam mais vulneráveis. Muitas são atacadas.

O título da reportagem que embasa a argumentação da publicação do perfil feminista pró-banheiros femininos é estarrecedor. “Medo de estupro faz mulheres deixarem de beber água em meio a calor extremo na Índia”.

Nem é preciso dizer que deixar de beber água, especialmente em dias de muito calor, gera prejuízos à saúde. Pode comprometer o funcionamento dos rins, provocar desidratação e até desmaios. Ou seja, as mulheres enfrentam uma série de problemas, além do medo e de eventual violência sexual, nos lugares onde não há banheiros exclusivamente femininos.

Agenda LGBT promove violência contra mulheres e exclusão

Chegamos ao ponto nevrálgico dessa discussão. Essa agenda LGBT impositiva, que já invadiu a publicidade e os departamentos de marketing das empresas, vem sendo considerada “bonitinha” por muitos empresários e parece querer dominar o mundo, não é apenas tirância, mas também, excludente.

Além de avançar sobre direitos de outras pessoas, promove, de forma agressiva, a interdição do debate, a perseguição e o cancelamento de quem se opõem a tudo isso ou apenas ousa questionar. O perfil qgfeminista segue instigando a reflexão sensata.

"Se banheiros compartilhados colocam meninas em risco, precisam ser questionados. Absolutamente nenhum caso de estupro é aceitável que aconteça em ambiente escolar e qualquer risco deve ser minimizado. A proteção à infância deve ser prioridade!"

Publicação no perfil qgfeminista do Instagram

De novo a argumentação é embasada em fatos. Mais manchetes de jornal revelam os horrores que já vem sendo registrados dentro dos tais banheiros "multigênero".

Títulos de reportagens resgatadas pelo perfil qgfeminista do Instagram
Títulos de reportagens resgatadas pelo perfil qgfeminista do Instagram

O estupro da menina de 5 anos por um aluno trans dentro do banheiro do colégio abalou recentemente os Estados Unidos, país onde a sanha LGBT e outras pautas identitárias têm provocado não só divisão como ódio ao diferente, normalmente por parte de quem impõem a agenda.

Não à toa lá, como também aqui, tudo isso começa a ser finalmente questionado com mais sensatez. Abandonando o silêncio, comum entre os que não querem ser patrulhados pela militância raivosa, pais e professores disseram ao jornal Daily Mail que as alunas se sentem "profundamente desconfortáveis ou até inseguras" ao compartilhar banheiros com meninos.

As reportagens mencionam que essa tendência de banheiros compartilhados é para "evitar o sentimento de rejeição a crianças que supostamente se identificam como transgênero e querem usar o banheiro do sexo oposto ao biológico".

“É controverso que as mesmas pessoas que dizem se preocupar com os desconfortos e medos de pessoas trans menosprezem qualquer desconforto de meninas e mulheres, taxando seus medos de histeria e preconceito. Isso é a normalização da misoginia. Meninas e mulheres têm direito a se sentir seguras e confortáveis tanto quanto qualquer outro grupo social.”

Publicação no perfil qgfeminista do Instagram

Defesa de transsexuais

A parte final da reflexão proposta pelo perfil feminista fala em defesa dos transsexuais, afirmando que pessoas trans, em tese, não representam ameaça para meninas e mulheres, ainda que nenhuma minoria esteja isenta de ter pessoas criminosas.

A publicação ressalta que políticas de juntar todo mundo no mesmo banheiro, porém, abrem brechas para que homens mal intencionados se aproveitem da situação.

"Apesar de o feminismo midiatizado por personalidades públicas e até mesmo por parlamentares das chamadas bancadas feministas se mostrar a favor de banheiros compartilhados num viés liberal, historicamente o movimento feminista luta pela proteção e emancipação feminina e não possui justificativa para apoiar a erosão desse direitos num choque entre minorias", diz a publicação do perfil feminista em seu último slide.

Como solução para pessoas trans também terem seus direitos atendidos, essas feministas, assim como autoridades de proteção à infância, defendem que sejam criados espaços exclusivos para pessoas trans. Seria um terceiro banheiro exclusivo, em vez de transformar os que já existem em banheiros "multigênero".

Para ter ainda mais informações sobre essas feministas que partiram em defesa dos banheiros femininos exclsuivos, clique no play da imagem no topo da página e assista à versão em vídeo deste artigo.

No vídeo trago mais citações e argumentações bastante pertinentes feitas pelas mulheres que administram a página no Instagram e acrescento uma história pessoal: o depoimento que obtive de uma travesti quando ainda trabalhava como repórter de TV em Curitiba.

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