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Um eventual retorno de Donald Trump teria enormes repercussões no mundo inteiro, em todas as áreas, seja na economia, tecnologia, nas relações internacionais e no cenário geopolítico. Exatamente neste momento, muitos veículos de comunicação mundo afora estão alertando que o mundo precisa se preparar para a volta de Trump. Um experimento interessante é fazer uma busca no Google pela frase “If trump wins” (ou seja, “E se Trump vencer”). Logo de cara, você encontra uma matéria do The Atlatic – a famosa revista cultural inaugurada em 1857 – com o mesmo título.
O curioso é que, no site da revista, logo abaixo da referida matéria está um editorial escrito por Jeffrey Goldberg no dia 4 de dezembro de 2023 com o seguinte título: “A Warning” (em português, “Um Aviso”). O subtítulo é bem elucidativo, quando traduzido para nosso idioma: “A América sobreviveu ao primeiro mandato de Trump, embora não sem sofrer sérios danos. Um segundo mandato, se houver, será muito pior”. Ou seja, a mídia norte-americana parece já levar como certa a possibilidade do retorno do político republicano à Casa Branca.
Quais seriam as consequências do retorno de Trump para a realidade brasileira? Há quem defenda a tese de que nada mudará. Outros entendem que haveria grandes transformações.
Continuando a busca pela expressão “If Trump Wins”, aparece também uma matéria do Vox, um importante site americano de notícias e opinião, com o seguinte título também revelador: “If Trump wins, what would hold him back?” (traduzindo: “Se Trump vencer, o que o impediria?”. O subtítulo é, novamente, interessante: “As grades de proteção da democracia o refrearam da última vez. Mas elas estão enfraquecendo”. Veja o desespero que a possibilidade de uma volta de Trump está gerando. Isso porque eles sabem que as chances são reais.
Por sua vez, uma matéria do Bloomberg traz, traduzindo para nossa língua: “Uma variável oculta na corrida presidencial: medo de ‘Trump para sempre’. Os eleitores indecisos estão preocupados com o fato de que, se Donald Trump regressar à Casa Branca, nunca mais sairá”. Um artigo de opinião da CNN norte-americana escrito por David A. Andelman no dia primeiro de maio deste ano chegou a trazer o seguinte título: “Se Trump vencer, posso deixar a América para sempre”. Outro artigo de opinião do Washington Post, publicado por Max Boot no dia 31 de janeiro deste ano, traz o seguinte: “Se Trump vencer, ele destruirá a ordem mundial liderada pelos EUA”. Nas mídias de fora dos Estados Unidos, o jornal britânico The Guardian trouxe o seguinte texto: “Se Trump vencer, ele será um veículo para as figuras mais regressivas da política dos EUA”. Ou seja, parece mesmo que os grandes veículos de comunicação nos EUA já estão se preparando para toda essa mudança.
Agora, o fato que me motivou a escrever o presente artigo foi uma publicação de um opositor histórico de Trump, o criador dos “Young Turks” Cenk Uygur. Nesta quarta-feira (22), ele escreveu em seu perfil no X nada menos que o seguinte, traduzindo para português: “Trump vai vencer. Apertem os cintos. Preparem-se para o impacto”. Para quem conhece a carreira de Uygur, é realmente inimaginável esperar que ele escreveria algo dessa natureza. Parece seguir a mesma linha do que publiquei aqui na Gazeta na semana passada, mostrando que o apresentador da CNN americana Fareed Zakaria, também um crítico ferrenho à gestão Trump, já estava alertando os seus espectadores que o ex-presidente venceria a disputa de 2024. Essas posturas estão sendo provavelmente incentivadas por dados recentes.
Uma pesquisa mostrou que Biden está com sua menor aprovação dos últimos 2 anos, com uma aceitação de apenas 36%. Segundo pesquisa da Reuters, a maioria dos entrevistados apontou que o maior problema de Joe Biden seria sua gestão da economia. Outro ponto que pode trazer enorme prejuízo para Biden é o fato de que a Ucrânia continua bombardeando refinarias russas, ao contrário de vários pedidos do presidente americano para que Kiev não fizesse isso.
A chama unidade “Código 9.2” da Ucrânia tem usado drones para destruir instalações petrolíferas na Rússia. Escrevi um artigo recente mostrando como Zelensky tem usado essas ofensivas como uma forma de chantagear os EUA e a OTAN para oferecerem uma maior ajuda a Kiev. Biden sabe que, com uma diminuição da oferta de petróleo no mercado internacional devido aos ataques às refinarias, a tendência é que o preço da gasolina suba nos Estados Unidos, prejudicando ainda mais a já comprometida imagem do atual presidente.
Alguns acreditam que um eventual retorno de Trump poderia trazer uma terceira guerra mundial. Outros estão convictos de que ele será o veículo de um acordo de paz entre Israel e Palestina, assim como também traria o fim para a guerra na Ucrânia. Há, entretanto, aqueles que estão preocupados apenas com um aspecto neste cenário: quais seriam as consequências do retorno de Trump para a realidade brasileira? Há quem defenda a tese de que nada mudará. Outros entendem que haveria grandes transformações. Eu, particularmente, creio que mudanças nos EUA sempre repercutem em mudanças por aqui. E você, acredita que haveria alguma mudança do lado de cá? Deixe sua opinião nos comentários.
Conteúdo editado por: Jocelaine Santos