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Daniel Lopez

Daniel Lopez

Jornalista e teólogo, autor de ‘Manual de Sobrevivência do Conservador no Séc. XXI’. É doutor em linguística pela UFF

Geopolítica incendiária

Mistério no Havaí: de armas energéticas a conspirações imobiliárias

Destruição provocada pelo fogo na cidade costeira de Lahaina, no Havaí: cidade foi a mais acometida pelo incêndio. (Foto: Divulgação/Site do Governo do Havaí)

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Mais de 100 mortos, pessoas se refugiando no mar e um prejuízo de quase R$ 30 bilhões. No que foi simplesmente a maior catástrofe natural do estado americano do Havaí, a ilha de Maui teve mais de 2 mil residências destruídas por um incêndio florestal de enormes proporções. Especialistas afirmam que uma conjunção de pelo menos quatro fatores contribuiu para o desastre: um pequeno incêndio que fugiu ao controle; ventos fortes; clima seco; e um tipo de vegetação suscetível ao fogo, como é o caso do capim-da-Guiné.

Porém, como costuma acontecer, uma série de teorias mirabolantes começaram a surgir nas redes sociais. Entre as mais frequentes está a ideia de que drones utilizando armas de energia dirigida destruíram casas de moradores que não aceitaram vendê-las para celebridades em busca de aumentar suas propriedades. Cabe lembrar que a ilha é uma espécie de “refúgio de famosos”, como os bilionários Bill Gates e Jeff Bezos; o ator e diretor Clint Eastwood, os cantores Lady Gaga e Steven Tyler (da banda Aerosmith), a apresentadora Oprah Winfrey e os atores Jim Carrey, Will Smith e Julia Roberts.

Teóricos afirmam que equipamentos de energia dirigida poderiam atingir qualquer alvo no planeta com enorme precisão. E, talvez, sem chamar atenção ou especificar a autoria do ataque

Para além das explicações conspiratórias, esta é uma ocasião para refletirmos sobre as chamadas “armas de energia dirigida”, que seriam capazes de, entre outras coisas, incendiar casas e florestas. Alguns especialistas defendem que a intenção de Donald Trump ao criar a Força Espacial, a nova frente do Pentágono para a guerra espacial, era instalar no espaço armas desta natureza, para fazer frente aos equipamentos já em uso por russos e chineses. Esta foi a primeira vez nos últimos 70 anos que os Estados Unidos criaram um novo serviço militar. Teóricos afirmam que esses equipamentos de energia dirigida poderiam atingir qualquer alvo no planeta com enorme precisão. E, talvez, sem chamar atenção ou especificar a autoria do ataque. Outros sugerem até mesmo que a atual intenção do governo americano de reconhecer a existência de alienígenas pode ser um caminho para esconder essa estratégia de uma nova “Guerra nas Estrelas”.

Mas qual seria o benefício dessas armas de energia dirigida? Primeiro, a discrição, uma vez que não fazem barulho e podem ser invisíveis. Segundo, a capacidade de navegar linearmente, sem interferência do vento, da gravidade ou da inércia. Terceiro: são capazes de atingir longas distâncias, sendo muito adequadas para armas que estejam posicionadas no espaço. Em quarto lugar, resolvem problemas logísticos, ao não necessitar de suprimento de munição.

Há vários tipos desses equipamentos. Boa parte das modalidades funciona por meio de máquinas de micro-ondas. Entre os exemplos está o Active Denial System (Sistema de Negação Ativo), um tipo de arma não letal usada para dispersar multidões, desenvolvido pelo Laboratório de Pesquisa da Força Aérea dos EUA junto com a Raytheon, uma das maiores empresas bélicas do mundo. O raio dirigido aquece a água na superfície da pele do alvo, causando sensação de queimadura e enorme dor.

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Outro exemplo é o chamado “Vigilant Eagle”, um sistema de defesa antiaérea que destrói mísseis direcionando contra eles micro-ondas de alta frequência. O equipamento foi revelado ao público em 2005, e é fabricado também pela Raytheon. Na guerra da Ucrânia, tornou-se famoso o rifle antidrone Stupor, que emite pulsos eletromagnéticos contra aeronaves não tripuladas, interrompendo a conexão com seu operador, provocando, assim, sua queda.

Mas seria possível inserir no espaço armas de energia direcionada que poderiam derrubar mísseis intercontinentais e queimar alvos no solo? Uma matéria da National Defense Magazine de 2019 ressalta que este é um dos objetivos principais do exército norte-americano. Outra reportagem, de abril deste ano, mostra que os EUA gastam US$ 1 bilhão por ano desenvolvendo armas dessa natureza. Com um valor desse, é possível até construir o que a mente humana ainda não concebeu.

Muito provavelmente o incêndio no Havaí foi causado por um fogo natural ou algum louco. Creio que nunca saberemos. Mas os teóricos da conspiração não erram ao acreditar na existência de raios do espaço capazes de queimar alvos no solo.

Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos

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