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Danilo de Almeida Martins

Danilo de Almeida Martins

Alerta para quem comemora a barbárie

Pepe Mujica, Charlie Kirk, Rosa Guadalupe e os que não precisam ser sepultados

Flores e velas são colocadas em frente a uma foto do ativista político americano assassinado Charlie Kirk durante uma vigília em reação ao seu assassinato, em Berlim, Alemanha, em 13 de setembro de 2025. (Foto: Filip Singer/EFE/EPA)

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Em 13 de maio deste ano, o ex-presidente do Uruguai, ex-guerrilheiro e ícone da esquerda latino-americana José Alberto “Pepe” Mujica Cordano, faleceu aos 89 anos.
Conhecido por seu estilo de vida simples, dirigia um fusca 1970 e destacou-se por promover legislações consideradas progressistas, como a descriminalização do aborto, a permissão da adoção de crianças por casais homossexuais e a legalização da maconha.

Seu funeral teve início no dia 14, com uma ampla programação de cortejos fúnebres, sendo carregado em uma carruagem puxada por seis cavalos que passou pelo Palácio Estévez, seguiu pela Avenida 18 de Julio e terminou na Capela Ardente, onde foi velado por dois dias, recebendo a visita de muitas pessoas.

Na semana passada, em uma universidade — lugar que deveria ser notabilizado pela abertura ao debate de ideias —, Charlie Kirk, de 31 anos, foi alvejado com um tiro certeiro no pescoço, bem na altura da laringe, de onde suas cordas vocais professavam suas posições políticas, religiosas e filosóficas, sempre argumentando contra o aborto e a ideologia de gênero, e defendendo a família e os valores do Cristianismo.

Seu corpo foi colocado em um caixão e transportado sob forte esquema de segurança no avião do vice-presidente norte-americano J.D. Vance, com militares fardados levando-o até a Capela Mortuária Hansen, onde milhares de pessoas puderam prestar-lhe as últimas homenagens.

No último dia 7 de setembro, a pequena Rosa Guadalupe, uma bebê de 9 semanas de gestação, foi sepultada em Recife, no primeiro caso registrado de realização de um sepultamento com a celebração de uma Missa de exéquias de corpo presente em tão tenra idade.

Rosa Guadalupe teve seus cortejos fúnebres realizados graças à Lei nº 15.139/25, que instituiu a Política Nacional de Humanização do Luto Materno e Parental, em vigor desde 26 de agosto. Em vez de ser descartado em um saco de lixo hospitalar, seu corpinho foi velado, honrado e cuidado por aqueles que a amavam.

Essas três pessoas nos mostram que o direito de receber devidamente seus cortejos fúnebres e de ser sepultado é uma prática inerente à dignidade da pessoa humana.

Independentemente da idade, sexo, classe social, religião, espectro ideológico ou qualquer outro fator, ser devidamente cortejado em seus últimos instantes é um direito personalíssimo de cada um de nós.

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Por ser intrínseco à nossa natureza humana, o sepultamento é a única forma de dar a correta destinação aos nossos cadáveres. E esta é uma verdade absoluta

Entretanto, diante dos tristes acontecimentos da semana passada, veio à tona uma realidade que fez parecer haver exceções a esse postulado.

Deploravelmente, vimos pessoas que, ao serem confrontadas com o mal de um ato perverso como o assassinato de um ser humano, mostraram-se incapazes de ter o mínimo de compaixão, sendo indiferentes e até mesmo orgulhando-se de divulgar seu desprezo e regozijo pela atrocidade realizada, apenas porque discordavam das ideias que Charlie Kirk defendia.

Essas pessoas, infelizmente, parecem pertencer a uma classe que não precisaria sequer ser enterrada. Embora estejam aparentemente respirando, movimentando-se e se comunicando, já estão mortas. Perderam sua humanidade, não têm vida ou são como mortos-vivos, pois compadecer-se faz parte de nossa natureza humana.

De fato, quem não se compadece do próximo, na verdade, já morreu. Quando, um dia, seu corpo cair ao chão, será tarde demais para ser sepultado.

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