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O presidente Lula fez, no último sábado (10), uma maratona de fotos ao lado de candidatos do PT que concorrem prefeituras de cidades com mais de 100 mil habitantes. Foram cerca de 160 candidatos que fizeram fila para ficar ao lado do presidente por alguns minutos, e garantir uma imagem que eles poderão colocar nos santinhos e em outros materiais de campanha. A alguns desses candidatos, Lula prometeu visitar suas cidades durante a campanha, em especial as capitais onde há candidato do partido — apenas treze de um total de 26.
Existe um risco muito grande, este ano, do partido acabar a eleição com um número ainda menor de prefeituras do que já tem. O número já vem encolhendo nos últimos anos. Em 2012, no governo Dilma Rousseff, o partido estava à frente de 630 prefeituras. Foi um rescaldo dos últimos anos do segundo mandato de Lula. A partir daí, o número começou a cair. Em 2016 eram 254 e hoje o partido está no comando de apenas 179 municípios.
Há estimativas de que o número possa cair ainda mais. Principalmente em capitais, onde, em muitos casos, o partido acabou abrindo mão de candidaturas próprias para apoiar candidatos de partidos aliados. Isso ocorreu nas cinco capitais onde o PT terá apenas o vice na chapa (é o caso de São Paulo) e em outras oito em que o partido apenas apoiará aliados.
O baixo número de candidatos próprios em capitais foi motivo de reclamações internas no PT. Ocorre que a opção por abrir mão de candidaturas próprias, nessas prefeituras, faz parte de uma estratégia de Lula para garantir apoio de uma ampla gama de partidos e caciques políticos regionais para a sua reeleição em 2026.
Existe um risco muito grande do partido acabar a eleição com um número ainda menor de prefeituras do que já tem
Uma das orientações que os candidatos petistas estão recebendo para suas campanhas é a de nacionalizar o debate político a nível municipal. Isso deve ser feito, reforçando junto aos eleitores, com informações sobre programas implantados pelo governo federal nas cidades. A equipe de comunicação da Presidência tem atuado diretamente nas orientações para a militância petista nas cidades. Quando esses integrantes do governo pedem para os candidatos locais nacionalizarem a disputa, ou focar em programas federais nos municípios, eles argumentam que isso ajuda a estabelecer uma conexão com o eleitor, apresentando-lhe uma visão mais prática das políticas do governo.
Em última instância, o objetivo é, mais uma vez, preparar o terreno para a reeleição de Lula em 2026. Pois quando se fala em nacionalizar a disputa, isso não significa, necessariamente, replicar nas campanhas municipais a polarização PT e PL. Pelo menos não nas cidades pequenas ou médias. Os candidatos petistas nesses municípios sabem que as discussões ideológicas ou os temas que dizem respeito à pauta progressista não os favorecem. A força do eleitorado conservador é inegável em todo o país, mas principalmente nas cidades do interior.
O foco é mesmo no que o governo chama de “agenda geral Brasil”, que é basicamente associada a temas econômicos, programas sociais e obras com impacto em nível municipal. Com esse mote, as viagens que Lula prometeu fazer às principais cidades onde o PT tem candidatos ou alianças importantes vão ter uma função dupla: a de ajudar as candidaturas deste ano e já ir preparando o terreno para 2026.
Não vai ser tarefa fácil.