O PL (Partido Liberal), sigla do presidente Jair Bolsonaro e comandada por Valdemar Costa Neto, teve um desempenho impressionante nas eleições deste ano, elegendo 99 deputados federais. Vai ser o partido com a maior bancada também no Senado. Costa Neto, que no passado apoiou os primeiros governos do PT e até chegou a ser condenado à prisão por participação no escândalo do Mensalão (esquema de pagamentos a parlamentares em troca de votos no Congresso), prometeu depois das eleições que seu partido fará oposição a Lula.
Mas a aprovação de um projeto que modifica a Lei das Estatais, em votação relâmpago na Câmara dos Deputados, na terça-feira (13), indica que de dura a oposição a Lula que o PL pretende fazer não tem nada. A mudança reduz restrições à indicação de políticos para cargos importantes em estatais, razão pela qual foi apelidada jocosamente de "Aloízio Mercadante", por ter sido feita aparentemente sob medida para afastar dúvidas jurídicas que possam impedir o petista de presidir o BNDES (seu nome havia sido anunciado para o cargo no mesmo dia).
Apenas PSDB, Cidadania e Novo orientaram votação contrária ao projeto que modifica a Lei das Estatais, que foi criada em 2016 justamente para dar mais transparência à gestão de empresas públicas, frear interferências políticas e coibir casos de corrupção.
A alteração reduz de 3 anos para 30 dias o período em que um integrante de instância decisória de um partido ou que tenha trabalhado em campanha eleitoral fica impedido de ocupar cargos de comando em estatais. Isso possibilitará o loteamento de mais de 700 vagas em estatais para políticos, caso a medida seja aprovada também no Senado.
A modificação, que vai facilitar o toma lá dá cá no governo Lula e abrir as comportas para a corrupção, passou pela câmara com uma ajudinha dos deputados do PL.
Isso porque a maioria deles votou a favor do texto-base do projeto alterando a Lei das Estatais, que além de abrir brecha para indicados políticos em estatais e agências reguladoras tinha como objetivo central mudar regras para gastos com publicidade em estatais. Alguns dos deputados bolsonaristas, como é o caso até de Eduardo Bolsonaro, filho do atual presidente, argumentam que ajudaram a aprovar o texto-base, votando lado a lado com o PT, porque queriam honrar um acordo com o colégio de líderes partidários, com a intenção de, em seguida, derrubar especificamente a questão da quarentena em nova votação.
De fato, o partido Novo apresentou um requerimento para eliminar o trecho que facilitará as indicações políticas para as estatais. Mas os parlamentares que inicialmente votaram a favor do texto-base e depois se posicionaram a favor da retirada do trecho específico sobre a quarentena deram com os burros n'água: não houve votos suficientes para a aprovação da emenda do Novo e a mudança que interessava ao PT e ao Centrão foi mantida. (Isso sem falar que Onyx Lorenzoni, bolsonarista-raiz e candidato derrotado ao governo gaúcho pelo PL, votou a favor da mudança nas duas votações.)
É evidente, nesse caso, que o PL tomou um gol por baixo das pernas. O certo, para não dar esse presentão a Mercadante, a Lula e aos políticos do Centrão que esperam ganhar o seu valioso quinhão em altos cargos estatais, era ter feito como a maioria dos deputados do Novo, do PSDB e do Cidadania, que votaram contra desde o começo, na tentativa de não deixar passar sequer a íntegra do projeto de alteração da Lei das Estatais. O risco era óbvio.
É assim que o PL pretende fazer dura oposição a Lula?
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