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O deputado federal Capitão Alden (PL-BA), uma das poucas vozes do conservadorismo baiano no Congresso, analisa o que chama de “despertar” político da região, critica "alianças incoerentes" dentro da direita e reforça a necessidade de compromissos claros com pautas conservadoras para 2026. Nesta entrevista exclusiva, Alden comenta o impacto das decisões judiciais contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, o papel do Centrão, os movimentos do governador Tarcísio de Freitas e os limites da chamada “frente ampla” anti-PT.
Entrelinhas: No domingo, vimos o Nordeste ir às ruas em uma manifestação muito expressiva, como em todo o Brasil. Qual a sua avaliação sobre esse movimento popular em uma região em que costumam dominar os partidos de esquerda?
Alden: O que vimos foi histórico. O Nordeste, que sempre foi apontado como reduto da esquerda, mostrou que há uma reação acontecendo. As pessoas estão despertando, cansadas das imposições ideológicas e da falta de coerência política. Esse movimento é um sinal de que a direita está ganhando força na região. O povo está cansado das promessas não cumpridas de Lula e do PT.
Entrelinhas: O julgamento e a inelegibilidade do ex-presidente Bolsonaro fortalecem essa mudança?
Alden: Sem dúvida. Quanto mais tentam perseguir Bolsonaro, mais a população percebe o desequilíbrio de forças e se mobiliza. Isso gera indignação, e a indignação gera ação. O que vimos nas ruas foi uma reação contra essa tentativa de silenciar um lado político. Essa energia pode se transformar em votos em 2026.
Entrelinhas: Para 2026, especialmente na Bahia, o senhor acredita que composições com o Centrão serão necessárias?
Alden: Precisamos entender se o PL efetivamente ganha com essas alianças. Colocar um senador que não vota com as nossas pautas para concorrer pelo PL não fortalece o partido. Se um senador costuma votar com o governo, não assinou o pedido de impeachment de Alexandre de Moraes, e não defende as causas conservadoras que são bandeira do PL, isso fere a coerência política. Vitória sem coerência não tem valor. O que queremos é entregar para a população aquilo em que acreditamos — com atitudes e resultados.
Entrelinhas: Essa crítica vale também para alianças em nível nacional?
Alden: Sim. Antes da eleição, todos falam em unir forças para derrotar o PT. Mas, quando chegam ao poder, ignoram o PL. Ficamos com a sensação de que fomos usados — pelo tempo de TV, pelo fundo partidário e pela militância que mobilizamos. Eu defendo que qualquer aliança com o Centrão precisa incluir compromissos reais com as pautas do PL: anistia dos presos de 8 de janeiro, fim do foro privilegiado, combate aos abusos do STF, e outras demandas históricas.
Entrelinhas: No ano que vem, então, não basta apenas derrotar o PT nas urnas?
Alden: Exatamente. Não podemos cair na armadilha de “vamos nos unir para derrotar o PT a qualquer custo”. Queremos resultados concretos: o fim da ideologia de gênero nas escolas, defesa da família, privatizações, combate à adultização das crianças. Quem quiser o apoio da direita precisa assumir essas bandeiras de forma clara.
Entrelinhas: O governador Tarcísio de Freitas tem dado alguns sinais ao público conservador e intensificou seu discurso na Avenida Paulista, no 7 de setembro. O senhor aprova esse movimento?
Alden: Sim, foi um gesto importante. O público conservador vinha cobrando uma postura mais firme não apenas contra o STF, mas também a favor das pautas que defendemos. Essa sinalização precisa se tornar um compromisso permanente, e não apenas algo feito em época de eleição.
Entrelinhas: Como o senhor vê a criminalidade na Bahia, o estado mais violentos do Brasil? E o que pode ser feito para melhorar essa condição?
Alden: Eu sou um dos autores de um projeto de lei que visa equiparar as organizações criminosas a organizações terroristas. Isso ajuda a mudar a forma como o Estado vê esses grupos. Essa tipificação também amplia as penas dos criminosos. Aqui na Bahia, são 22 facções criminosas, aterrorizando todo o estado. Já foram mais de 100 mil assassinatos desde quando Jaques Wagner começou a governar a Bahia, dando início aos mandatos do PT e a esse mar de sangue. É o terceiro estado onde mais policiais morrem em serviço. Foram mais de 1.500 tiroteios na capital no último semestre. É um cenário de guerra que precisa de atenção e combate ao crime. O gverno federal e os governos do PT só terceirizam a culpa, nunca assumem a responsabilidade.





