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O deputado federal Paulo Bilynskyj (PL-SP), presidente da Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados, faz críticas à política de segurança do governo Lula e afirma que o narcotráfico já tomou dimensões de ameaça à soberania nacional. Segundo ele, o Executivo federal “se nega a combater o crime” e apresenta “projetos de fachada”, enquanto policiais seguem morrendo em operações contra o tráfico.
A cidade do Rio de Janeiro enfrenta um verdadeiro clima de guerra nesta terça-feira (28). O confronto começou quando policiais e membros da facção criminosa Comando Vermelho (CV) se enfrentaram durante uma grande operação destinada a prender 100 traficantes nos complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte. Até o momento, foram registradas 64 mortes, incluindo quatro policiais. Dois moradores ficaram feridos, 81 suspeitos foram presos e mais de 90 fuzis foram apreendidos.
Nesta entrevista exclusiva ao programa Sem Rodeios e à coluna Entrelinhas, Bilynskyj defende o uso das Forças Armadas para retomar áreas dominadas pelo crime organizado e fala também sobre a anistia aos presos políticos pelo 8 de janeiro.
Entrelinhas: Deputado, o senhor prestou solidariedade aos policiais mortos na operação de hoje. Que leitura o senhor faz do cenário atual de segurança pública no Rio de Janeiro e da resposta do governo federal?
Paulo Bilynskyj: O que a gente tem que deixar claro é que dois policiais civis foram mortos nessa operação, um deles com apenas dois meses de polícia, deixando esposa e filha. Essas perdas são imensuráveis. Até agora, são cerca de 50 criminosos abatidos, e estamos falando de uma região — a Penha — que, segundo informações, abriga mais de 500 fuzis, centenas de granadas e até drones usados pelo crime organizado.
A realidade é que o governo federal se negou a contribuir com essa operação. Foi um esforço exclusivamente estadual. Isso é reflexo do bloqueio ideológico do governo Lula, que não deseja verdadeiramente acabar com o crime organizado.
Entrelinhas: O senhor tem dito que o governo Lula age com “fumaça ideológica” ao tratar da segurança pública. Pode explicar o que quer dizer com isso?
Bilynskyj: Em três anos de governo, tivemos apenas duas iniciativas legislativas na área: uma PEC de mentira, que não traz nenhuma ferramenta real, e esse chamado PL Antimáfia, que é uma piada. O governo quer tratar um câncer com aspirina. O crime organizado hoje é um câncer metastático, infiltrado em todos os setores — inclusive no judiciário, no legislativo e no executivo.
Por isso, apresentamos o Projeto de Lei 2664, que cria o marco legal de combate ao crime organizado no Brasil. É uma proposta construída com o setor produtivo, o Judiciário e os secretários de segurança. O objetivo é oferecer uma resposta efetiva e à altura da ameaça, e não um discurso vazio.
Entrelinhas: O governador Cláudio Castro afirmou que o governo federal recusou três vezes o pedido de apoio das Forças Armadas em operações no Rio. Por que o senhor considera essa participação essencial?
Bilynskyj: Porque esses territórios já não são mais território brasileiro. As favelas estão sob domínio do crime organizado, e isso fere a soberania nacional.
Se são territórios dominados pelo crime, eles precisam ser retomados pelo Estado. A soberania que o Lula tanto defende é justamente o domínio do território e a imposição da lei — algo que não existe em diversas comunidades.
Por isso, a presença das Forças Armadas é fundamental. Não é um problema estadual, é federativo. O pacto federativo está sendo destruído pela influência do crime. E digo mais: a única solução real para essas áreas é a retomada total do território e a realocação das pessoas. Não é possível manter as favelas como estão e achar que o crime não voltará.
Entrelinhas: Há também preocupação com a segurança de autoridades e agentes que enfrentam o narcotráfico, especialmente após o assassinato do ex-delegado-geral de São Paulo. O que o senhor pensa sobre isso?
Bilynskyj: É claro que essas pessoas precisam de proteção. Mas, se o Estado não neutraliza o crime, não há proteção suficiente. Eu fiz o curso de proteção de dignitários na Polícia de Miami, e a principal lição é: não existe proteção total.
A única forma de garantir segurança é tornar o crime organizado uma não-realidade. E isso se faz atacando a economia criminosa. O crime no Brasil é empresarial, visa lucro. Se nós inviabilizarmos financeiramente essas organizações, tornamos o Brasil um país inóspito ao crime. Esse é o foco do nosso projeto de marco legal.
Entrelinhas: Nos Estados Unidos, o governo tem usado até forças militares para combater o narcotráfico. O senhor acredita que o Brasil precisa seguir esse caminho?
Bilynskyj: Sim. Os Estados Unidos entenderam que o narcotráfico é um inimigo de Estado. Aqui, o governo Lula prefere tratar o tema como tabu.
Quando o Ministério da Justiça solta nota dizendo que não vê necessidade de ação das Forças Armadas, demonstra covardia e omissão. O narcotráfico não respeita fronteiras nem leis estaduais. Ele é transnacional, e exige resposta federal e militarizada.
Entrelinhas: O senhor mencionou o cenário latino-americano. Como o senhor avalia a tentativa de Lula de se colocar como mediador entre Venezuela e Estados Unidos?
Bilynskyj: O Lula é um idiota, para falar um português claro. Um incapaz. É evidente que existe uma aliança entre Lula e Maduro, líder do cartel dos sóis, um dos maiores grupos de narcotráfico do continente.
É absurdo imaginar o Lula como mediador. Ele faz parte do problema. E acredito que o presidente Donald Trump já percebeu isso. Lula e Maduro são aliados ideológicos e cúmplices de uma mesma estrutura criminosa.
Anistia
Entrelinhas: Sobre o PL da anistia, há ainda esperança de que ele avance na Câmara, após ter sido manipulado e transformado em um projeto de apenas redução de penas?
Bilynskyj: Sim. O desejo da base do governo é transformar o texto em um PL da dosimetria, que apenas reduz penas. Mas nós estamos trabalhando para que seja votada a anistia verdadeira, e não essa meia-solução.
De certa forma, é até positivo que a dosimetria não tenha andado, porque isso nos dá tempo para retomar a discussão da anistia, que é o que realmente importa.





