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A cadeirada que o candidato à prefeitura de São Paulo (SP) José Luiz Datena deu no também candidato Pablo Marçal (PRTB), diante de todo o Brasil, no debate na TV Cultura, não marcou apenas o melancólico fim do PSDB, “a esquerda que sabia usar talheres e perfume francês” – partido que é um dos maiores engodos políticos da história do Brasil. A cadeirada não foi apenas mais um gesto patético de uma crise moral profunda que o país enfrenta. Afinal, o Brasil é uma nação com uma história e cultura profundamente enraizadas na fé e tradição cristãs – a Terra de Santa Cruz. Ao longo dos séculos, o cristianismo moldou a vida da imensa maioria dos brasileiros, guiando sua moralidade e valores, além de seu senso de justiça.
Neste contexto, a eleição, em 2022, do socialista Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – um ex-presidente que foi condenado em três instâncias judiciais por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro – para ocupar novamente o mais alto cargo da nação levanta questões éticas e morais profundas sobre a situação do país, especialmente para aqueles que seguem a fé cristã. O fato de a sentença de Lula ter sido anulada por supostos motivos processuais e técnicos gera preocupações não só no âmbito jurídico, mas também no moral. Para um cristão, o que está em jogo vai além de questões políticas: trata-se da integridade moral do país, de seus líderes políticos e de como devemos nos comportar como cristãos diante desse cenário.
A importância da justiça e da verdade
No âmago da fé cristã encontram-se os princípios da equidade e da verdade. A Bíblia deixa claro o amor de Deus pela justiça: “Porque o Senhor é justo; ele ama a justiça; os que são retos verão o seu rosto” (Salmos 11,17). Tanto no Antigo Testamento quanto no Novo Testamento, Deus se opõe à corrupção, à mentira e a injustiça. No entanto, ao observarmos o retorno ao poder de um homem que foi condenado por práticas corruptas, devemos nos indagar, como cristãos, sobre as consequências éticas disso para a sociedade brasileira.
A justiça foi um princípio fundamental ensinado por Jesus e pelos profetas antes dele. O profeta Isaías proclamou: “Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem, mal; que transformam trevas em luz, e a luz em trevas, e o amargo em doce, e o doce em amargo!” (Isaías 5,20). A eleição de um homem cuja condenação foi anulada, mas que não foi absolvido no mérito da acusação, coloca os brasileiros diante de uma situação em que o “bem” e o “mal” parecem se confundir. Para o cristão, isso é um alerta moral, pois a sociedade que relativiza a verdade e tolera a injustiça caminha em direção ao afastamento de Deus, e pode vir a se tornar alvo de sua ira e desprazer.
Quando um político previamente envolvido em escândalos é readmitido na vida pública sem mostrar arrependimento genuíno ou uma mudança de atitude evidente, a sociedade passa a banalizar a corrupção e a desonestidade
O líder político como exemplo moral
Para a fé cristã, são cruciais o exemplo pessoal e o caráter de um líder público; no Antigo Testamento, os reis de Israel e das nações ao seu redor eram avaliados e julgados por seu comportamento de acordo com a Lei pactual revelada no Monte Sinai. No Novo Testamento, Paulo destaca que as autoridades políticas apontadas por Deus devem recompensar aqueles que fazem o bem, protegendo-os, e punir com a espada aqueles que fazem o mal, ou seja, ser “agente de punição de ira contra quem pratica o mal” (cf. Romanos 13,1-7). Em síntese, o Novo Testamento ensina que os líderes políticos devem servir à verdade e à justiça enquanto exemplificam um bom padrão de moralidade para o povo que representam.
Quando um líder político tem um histórico marcado por escândalos de corrupção, e está à frente de uma nação fortemente influenciada pela moral cristã, tal líder pode comprometer seriamente o engajamento moral de toda aquela nação. No caso de Lula, apesar da anulação de sua condenação por supostos motivos técnicos e processuais, ainda pairam dúvidas sobre sua conduta moral. As provas que resultaram em sua condenação em três instâncias não têm como ser ignoradas. Para muitos no Brasil, tal fato gera uma sensação de desconforto existencial e falta de direção moral, pois enxergam em sua liderança um reflexo de uma sociedade que talvez esteja se distanciado muito rapidamente dos valores fundamentais de integridade, honestidade e justiça, valores que estão sendo profanados pelas elites.
O perigo da normalização do pecado
Um dos grandes dilemas para os cristãos é a aceitação do pecado como algo comum. Quando um político que foi julgado por praticar atos corruptos retorna ao poder anos depois de sua queda em desgraça por corrupção, fica claro para a sociedade que as consequências do pecado estão sendo ignoradas ou minimizadas. As Escrituras Sagradas nos lembram de que “o salário do pecado é a morte” (Romanos 6,23), mas, quando observamos o mundo ao nosso redor e vemos políticos envolvidos em escândalos morais e práticas antiéticas retornando às posições de poder e influência sem sofrerem as devidas consequências pela sua conduta imoral, isso nos faz questionar se essas verdades espirituais estão sendo levadas a sério na arena política contemporânea brasileira. Quando um político previamente envolvido em escândalos é readmitido na vida pública sem mostrar arrependimento genuíno ou uma mudança de atitude evidente, a sociedade passa a banalizar a corrupção e a desonestidade, tratadas como práticas toleráveis ou mesmo justificáveis.
A aceitação gradual do pecado pode ser uma cilada espiritual perigosa para as pessoas e a nação. O apóstolo Paulo adverte, em sua carta aos Romanos, que os seguidores de Jesus Cristo não devem se moldar aos padrões deste mundo. Em vez disso, devem permitir que suas mentes sejam transformadas pela renovação que vem de Deus (Romanos 12,2). Quando a corrupção, o engano e a falta de ética são aceitos ou ignorados, a sociedade brasileira como um todo começa a se afastar dos princípios morais estabelecidos por Deus e consagrados na tradição na qual foi fundada.
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O risco do pragmatismo político
No mundo político, há uma tentação constante de justificar meios questionáveis para alcançar fins aparentemente bons. Muitos seguidores esquerdistas de Lula afirmam que seu retorno ao poder se justifica por suas supostas políticas sociais socialistas e por suas promessas de lutar pelos pobres. Embora a preocupação com os mais vulneráveis seja um valor importante do cristianismo, não deve ser usada como desculpa para tolerar a corrupção ou a injustiça.
É arriscado adotar uma postura política pragmatista que minimize o pecado em favor de resultados sociais positivos. Como Jesus nos lembra, “nem só de pão o homem viverá, mas de toda palavra que sai da boca de Deus” (Mateus 4,4). Isso significa que os cristãos não devem apoiar líderes políticos ou sistemas políticos que comprometam valores como a verdade e a justiça em prol de um suposto bem maior. A mudança social e econômica genuína só ocorre quando os líderes políticos priorizam verdadeiramente questões como honestidade e integridade.
A igreja e a oração pelos governantes
Embora seja compreensível que cristãos sintam desconforto moral ou repúdio diante de líderes políticos que não refletem ou promovem os valores éticos cristãos, é importante lembrar que a Bíblia nos encoraja à oração constante pelos governantes. Como Paulo nos recomenda: “Antes de tudo, exorto que se façam súplicas, orações, intercessões e ações de graças por todos os homens, pelos reis e por todos os que exercem autoridade, para que tenhamos uma vida tranquila e serena, em toda piedade e honestidade” (1Timóteo 2,1-2).
Portanto, mesmo diante de situações difíceis, é importante para os cristãos dedicarem tempo em oração nas igrejas pelas autoridades constituídas. Isso não implica em concordar com práticas corruptas ou se conformar com a injustiça, mas sim em clamar a Deus para que Ele intervenha trazendo sabedoria, discernimento e arrependimento aos corações dos líderes políticos ou até mesmo suplicando por juízo sobre eles. A oração é uma arma poderosa, sendo crucial que os cristãos brasileiros se unam em intercessão pelo futuro do país.
Os cristãos são convocados a permanecer fiéis à verdade, à justiça e à oração. É nosso dever ser luz e sal, promovendo uma cultura de integridade e honestidade
A igreja e a formação de cidadãos éticos
Outra questão relevante para os cristãos é a importância da influência da Igreja na formação de cidadãos éticos, para a formação de uma sociedade realmente civilizada. Quando uma nação decide eleger líderes que se envolveram em escândalos de corrupção, isso pode indicar que a sociedade perdeu sua direção moral e ética. Portanto, cabe à igreja ser um farol de luz na sociedade, instruindo as pessoas a viverem seguindo os ensinamentos do Senhor Jesus e promovendo os princípios éticos cristãos.
Jesus disse que os cristãos são como “sal da terra” e “luz do mundo” (Mateus 5,13-14). Isso significa que é responsabilidade da Igreja exercer uma influência moral positiva na sociedade, em vez de simplesmente reagir aos eventos políticos atuais. Os cristãos devem se envolver ativamente na construção de uma sociedade que preze a justiça, a honestidade e a integridade. Isso começa com a educação nas famílias, nas escolas cristãs e nas associações voluntárias, ensinando aos jovens sobre a importância de serem cidadãos éticos e justos, sem se deixarem influenciar por pressões ou tentações políticas.
Como os cristãos devem se portar
Diante da situação de ter alguém como o socialista Lula na Presidência novamente, apesar de seu histórico de condenações judiciais, como devem os cristãos agir? Inicialmente, é crucial sermos vozes em prol da justiça e da verdade em meio à sociedade. Isso requer não aceitar a corrupção de maneira alguma, mas sim denunciá-la, sempre com um espírito de amor e reconciliação.
Além disso, é importante que os cristãos atuem como agentes de mudança na sociedade. Cabe a nós promover princípios éticos em todas as áreas da vida cotidiana, sejam elas na esfera pública, nos negócios ou nas relações interpessoais. Isso implica apoiar líderes e medidas políticas que estejam alinhados com os valores defendidos pelo Reino de Deus, tais como a justiça, a verdade, a honestidade e a compaixão para com os mais necessitados.
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E, para reforçar: os cristãos também devem ser um povo de oração. É importante que oremos pelos nossos líderes políticos, independentemente de suas imperfeições, pecados ou virtudes, pedindo a orientação de Deus para eles. E que Deus, se for de sua vontade, transforme seus corações.
O fato de Luiz Inácio Lula da Silva ter sido eleito presidente do Brasil levanta sérios questionamentos éticos para a nação, especialmente entre os cristãos. Sua condenação anterior por corrupção e subsequente anulação da condenação suscita, inclusive, questões sobre o estado moral da sociedade brasileira, de suas estruturas políticas e sobre o rumo que o país está seguindo. No entanto, em meio a essa situação, os cristãos são convocados a permanecer fiéis à verdade, à justiça e à oração. É nosso dever ser luz e sal, promovendo uma cultura de integridade e honestidade, ao mesmo tempo em que buscamos a orientação de Deus para guiar nosso futuro e do nosso país.
“Senhor, soberano do mundo, tu que tens nas tuas mãos o destino das nações, te suplicamos pelo nosso país. Assiste no cumprimento das suas funções a todos os que exercem autoridade sobre nós. Dirige os que governam os povos, concede paz ao mundo para que todos, e cada um, possam viver e servir-te em justiça e liberdade. Protege a tua Igreja no seu combate sobre a terra. Tem piedade da sua fraqueza, põe fim às suas divisões, dissipa os seus temores, aumenta a sua coragem, fortifica a sua fé, inspira o seu testemunho no meio do nosso povo e até os confins da terra.” (Livro de Oração Comum)
Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos