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Lula na reunião dos Brics em agosto de 2023.
Reunião dos Brics em agosto de 2023, quando ficou decidida a expansão do grupo. Ao lado de Lula estão o ditador chinês Xi Jinping e o então presidente iraniano Ebrahim Raisi (morto em maio de 2024); à direita na foto está o chanceler russo, Sergei Lavrov.| Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República

O mundo atual se encontra em um momento de mudança radical, em que as alianças internacionais, antes definidas pelas tradições de democracia e liberdade, começam a ser questionadas por um novo grupo de potências totalitárias que desafiam o equilíbrio global. Podemos identificar um “Novo Eixo do Mal”, constituído por Rússia, Irã e China, que se opõe diretamente aos valores ocidentais, promovendo centralização do poder, controle estatal, agressão militar e repressão. Em um paralelo perturbador, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, assim como o de Getúlio Vargas nos primeiros anos da Segunda Guerra Mundial, se aproxima dessas potências. E isso levanta novas e sérias preocupações quanto ao futuro do Brasil. O flerte de Getúlio com os regimes fascista italiano e nacional-socialista alemão nos anos 1930 e a atual postura de alinhamento de Lula com ditaduras e teocracias são um padrão de compromissos perigosos.

O novo Eixo emergente

A Rússia, sob a liderança de Vladimir Putin; o Irã, governado pela teocracia islâmica; e a China, controlada pelo Partido Comunista, formam um trio de potências que desafiam os valores fundamentais do Ocidente. Esses países, apesar de suas diferenças culturais e históricas, compartilham uma visão de mundo que contrasta profundamente com os ideais ocidentais de democracia, liberdade e direitos humanos.

A Rússia de Putin busca restaurar sua antiga glória imperial, utilizando a força militar para intimidar e subjugar seus vizinhos. A invasão da Ucrânia em 2022 foi o exemplo mais flagrante dessa política expansionista, marcada por brutalidade e desrespeito ao direito internacional. Putin, muitas vezes retratado como um líder forte e nacionalista, se opõe diretamente ao que ele chama de “decadência moral do Ocidente”, associando-se a valores autocráticos que suprimem a liberdade de expressão e a oposição política interna. A perseguição de opositores e o controle estatal da mídia são sinais claros de um regime que busca silenciar qualquer dissidência.

O Irã, liderado pelo regime teocrático islâmico, é uma ameaça contínua à paz no Oriente Médio e no mundo. Seu programa nuclear, seus repetidos discursos de ódio contra Israel e seu apoio a grupos terroristas, como o Hezbollah, o Hamas e os houthis, fazem parte de uma agenda de desestabilização regional e internacional. O regime iraniano também é uma das nações mais repressivas em termos de direitos humanos, especialmente no que diz respeito às mulheres e às minorias religiosas, como os cristãos. O Irã é considerado um dos países que mais perseguem cristãos no mundo, ocupando a nona posição no ranking da organização Portas Abertas, que compila dados globais sobre violência e intimidação contra os seguidores da fé cristã.

O governo Lula, assim como o de Getúlio Vargas nos primeiros anos da Segunda Guerra Mundial, se aproxima de potências que se opõem diretamente aos valores ocidentais

A China, sob a liderança de Xi Jinping, tem seguido uma trajetória de expansão econômica e militar. O Partido Comunista da China (PCC) implementa um sistema de vigilância em massa sem precedentes, utilizando tecnologia para monitorar e controlar a vida de seus cidadãos. Além disso, a repressão contra cristãos, tibetanos e muçulmanos uigures demonstra completo desprezo pela liberdade religiosa. A China também utiliza sua crescente influência econômica para subjugar outras nações, através da chamada “diplomacia da dívida”, uma estratégia que busca criar dependência financeira para ganhar controle político. Os países participantes dessa “Nova Rota da Seda” estão distribuídos por diversas regiões. Na Ásia, incluem-se Afeganistão, Laos, Malásia, Maldivas, Paquistão e Sri Lanka. Na África, os países envolvidos são Djibuti, Moçambique, Quênia e Zâmbia. Na Europa, estão Bósnia-Herzegovina, Grécia, Montenegro e Sérvia. Por fim, na Oceania, incluem-se Fiji, Papua-Nova Guiné e Vanuatu.

Esses três países, juntos, formam um bloco de radical oposição à ordem liberal internacional que emergiu após a Segunda Guerra Mundial e a Guerra Fria.

Getúlio Vargas e o Eixo

O Brasil de Getúlio Vargas, nas primeiras fases da Segunda Guerra Mundial, serve como um exemplo histórico revelador de como uma nação pode flertar com o totalitarismo antes de ser compelida por razões externas a tomar um rumo mais alinhado às democracias liberais ocidentais. Nos anos 1930, Vargas demonstrava simpatia pelos regimes fascista italiano e nacional-socialista alemão, sendo simpático às políticas de Benito Mussolini e Adolf Hitler. Embora o Brasil não tivesse se aliado formalmente ao Eixo, havia uma proximidade ideológica significativa entre o governo varguista e os regimes autoritários e totalitários europeus.

Muitos brasileiros influentes apoiavam as ideias de controle estatal da economia e rejeição do liberalismo ocidental. Essa afinidade com o fascismo e o nacional-socialismo estava enraizada no desejo de Vargas de consolidar seu poder e implementar uma política interna de forte controle sobre a sociedade brasileira. A repressão de movimentos de oposição, o controle da imprensa e a centralização do poder no Executivo eram características tanto do governo Vargas quanto dos regimes fascistas que ele admirava, e que chegaram ao poder, na época, na Itália, em Portugal, na Espanha, na Hungria, na Romênia, na Bulgária e na Eslováquia.

A neutralidade inicial de Vargas durante a Segunda Guerra Mundial era, na prática, uma forma de apoio velado ao Eixo, pois o Brasil não tomava uma postura clara contra as ações militares nacional-socialistas alemãs e fascistas italianas na Europa e norte da África. Contudo, à medida que os Estados Unidos pressionaram economicamente o Brasil, submarinos alemães e italianos atacaram navios na costa brasileira e a guerra tomava um rumo mais definitivo contra o Eixo, Vargas decidiu se alinhar aos Aliados. Essa mudança foi uma decisão mais pragmática que ideológica. Vargas entendeu que a proximidade com os Estados Unidos traria benefícios econômicos e militares que seriam cruciais para o Brasil no pós-guerra. Mas a neutralidade inicial de Vargas em relação ao Eixo foi um erro que poderia ter levado o Brasil para um caminho muito diferente, caso a guerra tivesse tido outro desfecho.

O Brasil de Lula e o “Novo Eixo”

Hoje, o governo Lula parece repetir os erros do passado, buscando aproximação com Rússia, Irã e China. A política externa de Lula, que prega a “neutralidade” e o “multilateralismo”, soa como uma repetição da estratégia de Getúlio Vargas, que tentava manter o Brasil fora de uma postura definida no conflito global. Lula, por sua vez, busca distanciar o Brasil da influência dos Estados Unidos e da Europa, promovendo uma política de aproximação com regimes totalitários em nome de uma “política externa independente”.

No entanto, essa busca por neutralidade é, na prática, uma forma de legitimar regimes que violam flagrantemente os direitos humanos e que representam uma ameaça clara à paz mundial. Ao minimizar os abusos cometidos pela Rússia na Ucrânia, ao ignorar as violações de direitos humanos na China e ao manter laços econômicos com o Irã, Lula está, de certa forma, repetindo a história de Vargas, que hesitou em se posicionar contra o Eixo até que as circunstâncias o forçaram a tomar uma decisão. O Brasil de Lula trata com perigosa complacência regimes totalitários que são inimigos da liberdade e da democracia. Assim como Vargas hesitou em se aliar aos Aliados, Lula, com sua postura de subserviência à Rússia, China e Irã, coloca o Brasil em uma posição delicada e arriscada no cenário global.

Vargas, Lula e os judeus

Vargas e Lula, embora separados por décadas e contextos políticos distintos, compartilham semelhanças em suas abordagens em relação à comunidade judaica e ao Estado de Israel, refletindo as linhas ideológicas de suas respectivas administrações. Durante seu governo, Vargas adotou uma postura ambígua em relação aos judeus, marcada por restrições à imigração e uma retórica que frequentemente se alinhava com preconceitos populares, especialmente em um período de crescente influência antissemita na Europa. Embora não tenha implementado um regime de perseguição sistemática, a falta de apoio efetivo à comunidade judaica e a adoção de medidas discriminatórias contra os judeus revelavam uma má vontade de Vargas em tratar os judeus com dignidade e respeito.

O atual mandato de Lula tem adotado uma postura crítica em relação às políticas de Israel, especialmente no contexto da resposta aos ataques do grupo islâmico Hamas em Gaza, ocorridos em 7 de outubro de 2023, além dos quase 8 mil foguetes e mísseis lançados pelo Hezbollah a partir do Líbano contra Israel e das centenas de mísseis balísticos disparados pelo Irã contra o país. O governo de Lula adotou uma retórica rasa que ignora a complexidade do conflito no Oriente Médio, opondo-se à única democracia liberal em toda a região. Ao demonstrar solidariedade com a causa do Hamas e Irã, e criticar abertamente as ações militares israelenses, Lula se alinha com uma agenda ideológica totalitária. Essa abordagem, que ressoa com os setores mais radicais da esquerda, não apenas afasta o Brasil de uma posição mediadora, mas também reflete uma incapacidade de reconhecer a importância de se manter relações diplomáticas saudáveis e construtivas com as democracias liberais, como Israel. A escolha ideológica de Lula também demonstra uma falta de visão estratégica que pode ter repercussões sérias para o país no futuro.

O Brasil de Lula trata com perigosa complacência regimes totalitários que são inimigos da liberdade e da democracia

Uma resposta cristã

Diante desse cenário de alianças perigosas e compromissos morais questionáveis, a Igreja cristã deve se posicionar de maneira clara e firme. A Bíblia nos ensina, em passagens como Romanos 13, que devemos honrar as autoridades estabelecidas, chamadas para servir e proteger aqueles que fazem o bem e punir com a espada os que praticam o mal. Mas nos alerta de que a nossa lealdade máxima é para com o único Deus, o criador e redentor, e seus princípios revelados na Escritura Sagrada. Quando um governo se afasta da justiça, da verdade e da dignidade, nossa obrigação é resistir às tentações de submissão cega às autoridades.

A aliança do Brasil com regimes totalitários, como Rússia, Irã e China é, fundamentalmente, um afastamento dos princípios cristãos que fundaram o Brasil. Esses governos promovem o controle estatal, a repressão religiosa e a violação dos direitos humanos, todos contrários aos valores do cristianismo. Como cristãos, reconhecemos que a liberdade, a dignidade humana e a justiça são dons divinos que devem ser preservados e defendidos, mesmo quando isso está contra os interesses políticos de curto prazo de uma nação.

A tentação do pragmatismo político é grande. Muitos argumentam que o Brasil, para manter sua soberania e independência econômica, deve buscar alianças com esses regimes totalitários. No entanto, como cristãos, sabemos que não podemos sacrificar princípios morais em nome de conveniências políticas. O papa João Paulo II, em sua luta contra o comunismo soviético, que chegou a dominar militar, econômica e ideologicamente metade da Europa Central, nos ensinou que a resistência ao totalitarismo não é apenas uma escolha política, mas uma obrigação moral dos cristãos. João Paulo II lutou pelo direito à liberdade religiosa, pela dignidade humana e pela justiça, mesmo quando isso significava enfrentar as poderosas forças opressivas do comunismo e estar sob risco de morte.

Lula, assim como Getúlio Vargas, pode estar se deixando seduzir por promessas de poder e influência de Rússia, China e Irã, mas cabe a nós, como cristãos, sermos testemunhas do Senhor Jesus em nossa nação. Devemos defender os princípios da liberdade, da justiça e da dignidade humana, e resistir a qualquer tentativa de que o Brasil se alinhe com regimes totalitários que se opõem a esses valores.

Um desafio atual

O Brasil enfrenta hoje um desafio similar ao que enfrentou durante a Segunda Guerra Mundial. Assim como Getúlio Vargas flertou com o Eixo, o governo de Lula busca aproximação com potências totalitárias que ameaçam a liberdade e os direitos humanos. Rússia, Irã e China formam um “Novo Eixo do Mal” que desafia os princípios ocidentais e cristãos, e o Brasil, sob a liderança de Lula, corre o risco de se afastar dos valores que historicamente definiram esse país como uma nação livre e democrática, alicerçada sob a tradição cristã.

Como cristãos, devemos resistir a essa tentação de comprometimento moral. Devemos defender os princípios da liberdade religiosa, da dignidade humana e da justiça, e ser uma voz que chama nossa nação de volta à verdade e à luz. Não podemos ceder a um suposto pragmatismo que justifica alianças com regimes totalitários, pois isso compromete a alma de nossa nação. Que possamos, com fé e coragem, resistir a essas forças de opressão e ser defensores da fé e da liberdade, tanto em nossa pátria quanto no mundo.

Uma vez a cada homem e nação
Chega o momento de decidir
Na luta da verdade contra a falsidade,
Pelo lado do bem ou do mal.
Alguma grande causa, o novo Messias de Deus,
Oferecendo a cada um a flor ou o flagelo.
E a escolha vale pela eternidade
entre aquela escuridão e a luz que há de vir.

Pela luz dos mártires ardendo,
Cristo, nos atamos a Teus pés sangrando,
Labutando sempre em novos Calvários
Com a cruz que não retrocede;
Novas ocasiões ensinam novos deveres,
O tempo torna rude o que é antigo;
Devem sempre subir e avançar,
Aqueles que desejam acompanhar a verdade.

Embora a causa do mal prospere,
Somente a verdade é forte;
Embora sua parte seja o cadafalso,
E sobre o trono esteja o erro:
No entanto daquele cadafalso balança o futuro,
E por trás do sombrio desconhecido,
Deus se ergue em meio às sombras
Vigiando de cima os seus.
(Once to Every Man and Nation, James Russell Lowell, 1845)

Conteúdo editado por:Marcio Antonio Campos
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