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A missão da assistente social Ana Paula Almeida Rocha Ohata começou quando ela ainda estava na barriga de sua mãe, Cleide, costureira voluntária e uma das idealizadoras do programa de geração de renda da Casa Transitória Fabiana de Jesus.
A Instituição de Ponta Grossa-PR, que completa este ano 63 anos, promove a inclusão social de indivíduos e famílias em situação de vulnerabilidade social, com programas voltados para a segurança alimentar, além de projetos direcionados especialmente para as mulheres.
“Minha mãe teve cinco filhos e, por muito tempo, costurou dentro de casa. Ela tinha esta compreensão de que as mulheres não conseguem entrar no mercado de trabalho porque não têm com quem deixar seus filhos. O bordado, a costura, é algo que elas conseguem fazer em casa, conciliando com as atividades domésticas. Foi assim que ela me criou, junto com meus quatro irmãos. Não à toa, todos nós trabalhamos hoje – direta ou indiretamente - na Transitória” - destaca Ana Paula.
A contribuição da família é inquestionável. Enquanto Alexandre, irmão mais velho de Ana Paula, advoga voluntariamente para a instituição, Pedro atua como contador, também voluntário da Casa. Já Elisângela dedica seus sábados ao trabalho voluntário com as crianças. E a irmã Luciana, mesmo morando no Chile, todos os anos, auxilia na produção e venda de guirlandas de Natal para arrecadar dinheiro para a Casa Transitória, que acabou tornando-se permanente no coração dessa família.
“É um legado que não só minha mãe, como também outras pessoas que passaram pela Instituição, estão deixando. A gente recebe muitas mensagens de pessoas falando: “Eu me tornei engenheiro ou policial (...) graças à sopa oferecida pela Casa”. Muitas vezes, na hora, a gente não tem a dimensão do impacto do nosso trabalho, mas, depois, percebemos que mudamos a vida de muitos” – reforça Ana Paula.
Em 2019, a Casa Transitória Fabiana de Jesus foi uma das vencedoras do 1º Prêmio Impulso de Boas Práticas do Terceiro Setor, do Instituto GRPCOM. Segundo Ana Paula, o diagnóstico oferecido pelo Programa Impulso ajudou a entidade a rever seu estatuto e regimento interno, colocando como prioridade a revisão de sua missão, visão e seus valores.
Hoje, com o propósito e os rumos da instituição bem definidos, a Casa Fabiana de Jesus está prestes a inaugurar a “Loja Transitória”, um espaço para divulgação e comercialização dos produtos produzidos pelas mulheres da Casa Transitória, o que ajudará a tornar o projeto autossustentável.
“Nós ensinamos as mulheres a bordar, costurar e a precificar seus produtos. Mostramos a elas que o trabalho delas tem valor e que as pessoas não vão comprar por pena, mas porque aquele artesanato é supervalioso. O trabalho melhora a autoestima, empodera e ajuda a saúde mental dessas mulheres. Muitas chegam aqui com quadros de depressão e, quando começam a falar, compartilhando seus problemas em nossas atividades em grupo, elas também se curam. Porque quando a gente cala, a alma adoece. Perceber essa mudança de postura delas é muito gratificante” – finaliza.
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