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Guilherme Fiuza

Guilherme Fiuza

Contas públicas

Cadê o rombo que estava aqui?

(Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil)

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O rombo nas contas públicas, calculado pelo Banco Central, é cerca de R$40 bilhões superior ao déficit divulgado pelo Ministério da Fazenda. Quem está certo?

O Ministério da Fazenda, claro. Por quê? Porque o Haddad é legal e não ia mentir. Por que não ia mentir? Porque quando ele foi escolhido pelo Lula, dentro da cadeia, para ser candidato a presidente, foi feito um pacto de amor. E quem ama não mente - pelo menos para aqueles que são objeto do seu amor. Lula e Haddad declararam seu amor aos brasileiros. Em 2022 o amor venceu. Pode confiar.

Mas e essa campanha agressiva do presidente da República contra o Banco Central, insinuando que o presidente da instituição é inimigo da nação? Isso não levanta suspeitas sobre a idoneidade do governo quanto às informações sobre o déficit fiscal - que, na prática, vão fundamentar a política monetária do Banco Central?

Não. Aquilo foi só um ligeiro desentendimento. Uma rusga. Uma briga entre flamenguistas e vascaínos - como Lula classificou certa vez a reação sangrenta do governo iraniano à oposição no país. Nada que não se resolva com uma rodada de cerveja numa mesa de bar. 

Mas o bar seria escolhido pelo ministro da Fazenda ou pelo presidente do Banco Central? 

Deixa que o Haddad escolha. Não esquece o violão. 

Ok, tudo bem que o Haddad escolha o bar. Mas a lei do Arcabouço Fiscal não dava ao Banco Central a incumbência de informar o resultado das contas públicas?

Por que agora que apareceu uma diferença de R$40 bilhões no prejuízo os dados do BC não servem mais?

Porque o BC não estava num dia legal. Pode acontecer com qualquer um. E se a invenção do tal arcabouço foi justamente para liberar a gastança - gastança no bom sentido, claro - o governo do amor não se deixaria levar pelo mau momento de uma pequena parte da sua burocracia para contaminar o alto astral do todo. E de mais a mais, o que são R$40 bilhões? Um dos maiores motivos de estresse do brasileiro é pensar demais em dinheiro. Pensa no amor que passa.

Não é um pouco desconfortável ter instituições públicas divergindo tão amplamente sobre dados essenciais? Não gera insegurança jurídica?

Isso vai acabar. O governo do amor está fazendo um grande esforço para tirar as estatísticas e os indicadores da frieza do universo matemático, onde não há um pingo de beleza e de compaixão. Daqui a pouco os números estarão todos dançando conforme a música, porque sem música não se vive. Os números não mentem. Quem mente são os adestradores dos números. Mas isso também se resolve com uma rodada de cerveja. 

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Conteúdo editado por: Aline Menezes

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