Junto de Javier Milei, Jair Bolsonaro foi a grande estrela da última edição do CPAC, evento americano que foi importado para o Brasil como um convescote bolsonarista. Anfitrião do evento, o governador Jorginho Mello, de Santa Catarina, o tratou como candidato a presidente em 2026, ainda que esteja inelegível. O deputado estadual Gil Diniz (PL-SP) chegou a cobrar que governadores oposicionistas se mobilizem para anistiá-lo. Tarcísio de Freitas, sempre mais comedido, reafirmou o papel do ex-presidente como principal liderança da direita no país. “Ele é uma fortaleza para nós, é a pessoa que recorremos quando temos um problema”, disse o governador.
Por falar em problemas, Bolsonaro está cheio deles. Na última semana foi indiciado pela Polícia Federal no esquema das joias árabes cujos desvios são estimados em R$ 6,8 milhões. No relatório de mais de 400 páginas produzido pela investigação, há uma série de elementos apontando que o ex-presidente tinha conhecimento de que os presentes estavam sendo comercializados e de que era beneficiado diretamente pela operação ilegal.
Bolsonaro não está sendo perseguido. Suas ações malsucedidas no poder é que agora cobram seu preço na forma de uma penca de investigações, todas elas com sobra de materialidade
De acordo com a PF, a venda dos kits ajudou a custear as despesas de Bolsonaro nos EUA nos três meses em que ficou por lá depois do fim de seu mandato. No documento consta que os bens foram levados para fora do Brasil com o uso do próprio avião presidencial e desviados do Gabinete Adjunto de Documentação Histórica da Presidência da República para posterior venda em lojas americanas que negociam joias e objetos de alto valor.
Num dos trechos mais emblemáticos do relatório é reproduzido um diálogo entre o tenente-coronel Mauro Cid e o ex-presidente no qual o ex-ajudante de ordens envia o link do leilão do chamado “kit rosé” ao qual é respondido por Bolsonaro com a palavra “selva”, um jargão militar que designa saudação positiva.
Concomitante ao caso das joias árabes, também ganhou fôlego a investigação sobre a Abin paralela, que tem Bolsonaro também como alvo central. Segundo a PF, houve a instrumentação do órgão para fins políticos, com o monitoramento ilegal de agentes públicos que investigavam o senador Flávio Bolsonaro, filho 01 o ex-presidente. Além dele, ministros do STF, parlamentares e jornalistas foram alvo de arapongagem num modus operandi que poderia muito bem ser de um país como a Venezuela. A ação seria de conhecimento de Bolsonaro, que teria sido gravado pelo próprio Alexandre Ramagem, na época o diretor-geral da Abin.
Bolsonaro não está sendo perseguido. Suas ações malsucedidas no poder é que agora cobram seu preço na forma de uma penca de investigações, todas elas com sobra de materialidade. Ao ignorar isso e tratá-lo como vítima de persecução penal injusta, parte considerável da direita resolveu se autorrifar no cobre, mostrando que vale tanto quanto uma cópia mambembe de um relógio da Chopard.
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