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Guilherme Macalossi

Guilherme Macalossi

Pix

O 7 a 1 de Nikolas Ferreira na comunicação do governo Lula

Nikolas Ferreira fala sobre ajuda a vítimas do temporal de Ipatinga (MG).
O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG). (Foto: Vinicius Loures / Câmara dos Deputados)

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Não é preciso concordar com a visão de mundo ou com os métodos do deputado Nikolas Ferreira para reconhecer que possuí excelente habilidade retórica e que é uma estrela em ascensão na direita política brasileira. Se vai se transformar em uma liderança nacional, capaz de herdar o eleitorado bolsonarista nas eleições vindouras, é algo que só o futuro poderá responder. O fato é que o vídeo que Nikolas Ferreira gravou sobre a instrução normativa da Receita Federal alterando o monitoramento das transações por Pix ajudou a causar um impacto devastador sobre o governo Lula, furando bolhas ideológicas e sendo visualizado centenas de milhões de vezes.

Foi um verdadeiro 7 a 1, e bem na estreia do novo ministro da Secretaria de Comunicação, o marqueteiro Sidônio Palmeira. Zonzo com a reação pública e sem capacidade de articular qualquer resposta, o governo foi obrigado a simplesmente revogar o texto. Mas não sem chiadeira, não sem adicionar novas camadas de desgaste político e não sem explicitar algumas das características que contribuem decisivamente para que os seus indicadores de aprovação continuem em queda, ligando sinal de alerta para 2026.

Se não queria taxar, por que revogou?, será a pergunta de agora em diante. Além do estrago político, que pode ser precificado na próxima eleição, o governo conseguiu também dar holofote para Nikolas Ferreira, que se projetou nacionalmente

“Pessoas inescrupulosas distorceram e manipularam o ato normativo da Receita Federal, prejudicando milhões de pessoas no Brasil e causando pânico e desacreditando um meio de pagamento muito importante na vida das pessoas”, disse Robinson Barreirinhas, secretário da Receita Federal que deveria ter sido sumariamente demitido após o episódio.

Ainda que a desinformação tenha de fato se espalhado nas redes sociais (e eventuais crimes devem ser apurados e punidos), houve muita gente que rejeitou a instrução exatamente por entender perfeitamente o que se pretendia com ela. Nenhuma tributação nova seria gerada a partir do Pix, mas os critérios de monitoramento buscavam apertar o cerco aos que o governo considera como “sonegadores” com o objetivo de, na ponta, arrecadar pela via do Imposto de Renda.

Ao excluir a hipótese de que as pessoas criticaram o governo porque não gostaram da nova política da Receita, Barreirinhas subestima a inteligência do público, além de ignorar o fato óbvio de que ninguém gosta de pagar impostos. O governo Lula é incapaz de reconhecer qualquer erro, mesmo que os comenta às pencas.

A revogação da instrução e sua substituição por uma medida provisória garantindo que o Pix não será tributado atenuaram a sangria, mas não a estancaram. E haverá, por óbvio, a exploração política também dessa decisão. “Se não queria taxar, por que revogou?”, será a pergunta de agora em diante. Além do estrago político, que pode ser precificado na próxima eleição, o governo conseguiu também dar holofote para Nikolas Ferreira, que se projetou nacionalmente sem nem mesmo usar uma peruca loira para isso.

Conteúdo editado por: Jocelaine Santos

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