O Partido Verde de Curitiba já está se organizando para as eleições municipais do ano que vem. Dentro da legenda, um nome cotado para disputar a prefeitura é o do professor de História, Renato Mocellin.
Com longa experiência em salas de aula e uma sólida carreira de escritor, Mocellin é um bom nome para representar o PV na primeira eleição em que não serão permitidas coligações na proporcional. Articulado, ele pode surpreender em debates e discursos e, ao defender ideias mais progressistas, marcar o PV como um partido ideológico.
Na Câmara Municipal, essa imagem do partido vem sendo reforçada pela vereadora Maria Letícia, que parece ter adotado um novo tom em seu mandato. Ela tem se dedicado às causas progressistas que fundamentam os 12 valores do Partido Verde. Entre essas bandeiras estão a ecologia, a justiça social, a liberdade, a diversidade e a cidadania feminina.
Na Assembleia Legislativa, entretanto, o PV vai em sentido oposto. Os dois deputados da legenda, Soldado Adriano e Rodrigo Estacho, têm atuado na defesa de propostas antagônicas às previstas no programa partidário. O ponto alto dessa desarmonia foi quando os dois parlamentares votaram pela aprovação do projeto de lei Escola Sem Partido na Assembleia Legislativa.
A proposta foi derrotada, mas atuação dos dois deputados têm gerado incomodo para integrantes do PV habituados à tradição progressista do partido.
Um dirigente verde lembrou que o partido tem como um de seus valores fundamentais a “liberdade de expressão política e cultural, artística e informação; o direito à privacidade; o livre arbítrio em relação ao próprio corpo e à iniciativa privada, no âmbito econômico”.
“Somos programaticamente contrários ao Projeto Escola sem Partido e não abriremos mão de cobrar os deputados para que sigam a cartilha do PV”, declarou o membro da Executiva ainda antes da votação na Assembleia. Por enquanto, os deputados não sofreram punições pelo posicionamento.
A própria direção do partido, entretanto, parece fomentar essas inconsistências. Soldado Adriano sempre teve um discurso conservador e mais alinhado a partidos como o PSL que ao PV. Ele ganhou notoriedade por ser um dos membros da equipe do agora deputado federal Sargento Fahur (PSD) na Polícia Militar. Estacho, por sua vez, não tinha histórico de atuação política. Ele passou a ser conhecido após viralizar no Youtube com vídeos em que atua como um colono no interior do Paraná. A escolha dos candidatos por critérios inconsistentes tem feito do PV um partido que dá sinais antagônicos para os eleitores.