Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
J.R. Guzzo

J.R. Guzzo

Perdão

A guerra contra a anistia e a alma da esquerda: intransigente, vingativa e perversa

Polícia tenta conter manifestante durante protesto em Brasília realizado no dia 8 de janeiro. (Foto: André Borges/EFE)

Ouça este conteúdo

De todas as infâmias que a história real da esquerda brasileira registra – e nenhuma facção política tem uma folha corrida de infâmias que possa ser comparada à da esquerda brasileira – possivelmente não há nenhuma mais sórdida do que a sua guerra contra a anistia. O grito “Sem Anistia”, um dos versículos mais cantados no atual Alcorão do regime Lula-STF, é perfeitamente adequado, é lógico, à verdadeira alma da esquerda – intransigente na punição aos adversários derrotados, vingativa e perversa. Nunca foram diferentes disso. Mas no caso específico da anistia à multidão de infelizes que pagam nos cárceres do STF pelo Golpe dos Estilingues, atingem padrões de indecência que não tinham conseguido atingir até agora.

No final do mês de agosto de 1979 o Brasil, em lei sancionada pelo presidente João Figueiredo, foi beneficiado pela anistia mais ampla, generosa e inteligente que poderia ter nas circunstâncias objetivas da época. A medida, então, foi descrita como essencial para a pacificação do Brasil, o encerramento do regime militar e a volta das instituições democráticas. Beneficiou a militares acusados de tortura, mas quem mais lucrou com a anistia, disparado, foi a esquerda – nem seus líderes negam isso. Mas, agora, os perdoados não querem perdoar.

O brado “Sem Anistia”, entoado hoje com cólera pelos anistiados de ontem, é um certificado da bancarrota moral em que afundou o Brasil do consórcio Lula-STF. Pode esquecer o bobo alegre padrão da universidade que sai por aí repetindo o que ouviu sem ter a menor ideia do que é uma anistia – e que “luta” contra uma ditadura que já tinha acabado muitos anos antes de ele nascer. O comportamento realmente abjeto está por conta de quem chorava emocionado pela anistia, 50 anos atrás, e agora espuma de raiva contra quem pede o mesmo esquecimento para atos infinitamente menos graves.

Piores que todos são os que receberam o perdão pelos crimes reais que efetivamente cometeram, muitas vezes acompanhado de indenizações em dinheiro, aposentadorias integrais e empregos de marajá no funcionalismo público. É gente que, em nome da “democracia”, assaltou bancos, matou dezenas de pessoas a sangue frio, explodiu bombas, roubou fortunas – e hoje não quer perdão para quem quebrou meia dúzia de cadeiras e umas vidraças no prédio do STF. Por força da anistia, tornaram-se governadores, parlamentares, ministros de Estado; uma figura dessa turma, chamada Dilma Rousseff, chegou a ser presidente da República.

Lembre-se disso tudo na próxima vez em que alguém venha lhe dizer que é contra a anistia para os coitados que receberam 17 anos de prisão pelo quebra-quebra do dia 8 de janeiro de 2023. Lembre-se, principalmente, da covardia sem limites que é ficar de quatro diante de bilionários ladrões que confessaram crimes de corrupção ativa e, ao mesmo tempo, sair por aí gritando: “Sem anistia”. Talvez toda essa turma possa repetir, como seu grande lema, um verso imortal da MPB, mas com uma leve alteração: “Das feridas que a esquerda cria, sou o pus”.

Conteúdo editado por: Jocelaine Santos

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.