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J.R. Guzzo

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Lula vai brigar com os EUA para agradar Moraes – e isso é uma péssima ideia

Alexandre de Moraes se tornou réu em processo nos Estados Unidos. (Foto: Joédson Alves/Agência Brasil)

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O ministro Alexandre de Moares é um problema para os brasileiros que acreditam no direito de expressarem livremente os seus pensamentos. Está na Constituição Federal, mas e daí? A Constituição, no Brasil de hoje, vale menos que uma caixinha de chicletes vazia. Moraes, seus colegas de STF e qualquer juizinho auxiliar a serviço deles são em termos práticos a única lei que existe no país. Não importa, minimamente, o que está escrito nos códigos, na Carta Magna e no resto da legislação: é legal ou ilegal, unicamente, aquilo que eles querem que seja legal ou ilegal.

O problema de Moraes, a quem o STF decidiu se submeter em tudo, ainda pode acabar custando muito caro para o Brasil e os brasileiros. Mas a novidade, agora, é que o ministro está começando a custar também para o governo Lula, que achou uma grande ideia se atirar a um abraço de vida ou morte com ele. Moraes, em parceria com o resto do STF, colocou Lula na presidência, garante a sua impunidade permanente em relação ao Código Penal e faz tudo o que o governo quer. Em compensação, o governo, sua Polícia Federal e seus generais “legalistas” estão fechados com Moraes – fechados para tudo. É um pacto de amor. Mas é um amor que começa a custar caro para um dos amantes.

Lula se considera obrigado a ficar ao lado de Moraes – e a encarar as consequências práticas dos problemas que o ministro começa a acumular na Justiça americana e junto ao governo dos Estados Unidos. É uma mistura grossa e ruim

É simples: Lula foi sendo levado, cada fez mais, a aprovar tudo o que o ministro faz e ficar automaticamente a favor dele em qualquer entrevero. Obrigou-se a dar-lhe todo seu apoio, de forma incondicional, sobretudo nos momentos que Moraes pisa mais feio na jaca. Está condenado, agora, a submeter seu governo e seu futuro às necessidades, desejos e interesses do ministro. A dificuldade de Lula é que Moraes está pisando cada vez mais na jaca, e em jaca cada vez maior. O presidente fica naquela situação em que uma hora é ele quem está por baixo, e em seguida é o outro que está por cima. Amarrou seu burro no ministro. Agora só consegue ir atrás dele.

Lula e o seu governo, assim, se veem neste momento na obrigação de dar força a Moraes numa briga que não escolheram e que, certamente, não vai lhes trazer lucro líquido nenhum. O ministro, tempos atrás, se lançou a uma guerra de extermínio contra Elon Musk, suas empresas e seu patrimônio – sem ter, em nenhum momento, a razão a seu lado. Ao contrário: ele brigou porque decidiu ser o Inimigo Número 1 da liberdade de expressão, declarar-se marechal-de-campo na “luta” contra a direita mundial e eliminar a ordem jurídica no Brasil. Está agora na cola da “classe média, hétero, branca e com mais de 45 anos” – que declarou como sua mais recente inimiga.

Musk, hoje, está dentro da alma do governo dos Estados Unidos; Janja já tinha dito “fuck you” para ele, e o marido já tinha dito que a vitória de Donald Trump seria a volta do fascismo e do nazismo no mundo. O que era muito ruim agora ficou pior, pois além do seu ódio aberto a Musk e ao X Moraes se vê processado penalmente nos Estados Unidos por uma empresa de Trump, sob a acusação de censurar uma rede social americana. Mais: a Comissão de Justiça da Câmara de Deputados em Washington aprovou o envio ao plenário de um projeto de lei que proíbe Moraes de entrar nos Estados Unidos, junto com qualquer culpado de violar a liberdade de expressão. Enfim: se tiver bens nos Estados, eles poderão ser alvo de confisco legal, pelo disposto em outra lei que já existe.

Em tudo isso, Lula se considera obrigado a ficar ao lado de Moraes – e a encarar as consequências práticas dos problemas que o ministro começa a acumular na Justiça americana e junto ao governo dos Estados Unidos. É uma mistura grossa e ruim. Moraes e o STF, de seu lado, estão em festa com a perspectiva de dar uma pancada nos Estados Unidos, em Trump e no sistema capitalista em geral – que consideram extremistas de direita, neonazistas e daí para baixo. É o combate do Supremo para “recivilizar” a humanidade. Qual o risco que correm? Nenhum: vão ser ovacionados na mídia e nos auditórios em circuito fechado da esquerda nacional. Para Lula e seu governo, entretanto, o buraco é mais embaixo. Brigar com os Estados Unidos nunca foi uma boa ideia. Brigar com os Estados Unidos para agradar Alexandre de Moraes parece ser uma ideia pior ainda.

Conteúdo editado por: Jocelaine Santos

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