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J.R. Guzzo

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Poder

A Polícia da Funai e a paixão tórrida de Lula e do PT pelo Estado policialesco

O poder de polícia da Funai tem como finalidade a prevenção e a dissuasão da violação ou da ameaça de violação a direitos dos povos indígenas. (Foto: Lohana Chaves/Funai)

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Como os cachorros de Pavlov, que começavam a ficar com água na boca assim que o cientista lhes mostrava num pedaço de carne, o governo Lula tem as suas reações automáticas. Não podem ver uma lei neste país, qualquer lei que os atrapalhe, para serem tomados pelo impulso incontrolável de violar o que está escrito ali. Seu último acesso é a decisão, tomada agora na alta cúpula presidencial, de criar uma polícia com autoridade para agir em questões que afetem os “territórios indígenas”, a Polícia da Funai.

Não pode. As áreas indígenas, ou que são descritas como tal, ficam dentro do território do Brasil – e aqui dentro no Brasil, pelo menos enquanto o Supremo não “formar maioria” dizendo o contrário, o governo não pode ir inventando polícias como inventa ministérios, inclusive o “do Índio”. Polícias são órgãos permanentes do Estado para a proteção da ordem pública, com funções judiciais previstas na Constituição. São parte integrante das instituições nacionais, e seu funcionamento está sujeito a leis que têm, obrigatoriamente, de ser aprovadas pelo Congresso. A nova “polícia indígena” que o governo acaba de anunciar não é nada disso.

Num país em que o grande herói da esquerda é Alexandre de Moraes e a sua organização mais admirada é a Polícia Federal, só se poderia mesmo esperar a Polícia da Funai

O absoluto pouco caso do governo diante da lei, resultado direto da criação, por parte do STF, da prática segundo a qual a violação da ordem jurídica deve ser aceita (e recomendada) para se “defender a democracia”, fica evidente nessa sua última ideia repressiva. Para fazer o que estão querendo, Lula e o seu Estado-Maior decidiram dar poderes de polícia a uma fundação, nada menos que isso – a Fundação Nacional do Índio, a Funai. Por que não fazer a mesma coisa, então, com a Fundação Ford, ou a Fundação de George Soros, ou alguma dessas ONGs apátridas que já governam porções inteiras do Brasil?

A natureza pavloviana do governo não se limita, no caso, à fixação em desrespeitar a lei. É mais uma oportunidade para se considerar a paixão tórrida de Lula, do PT e do seu entorno pela polícia. Desde o primeiro dia de governo, todos ali saíram do armário e assumiram a obsessão histórica que a esquerda tem com a ideia de resolver tudo tocando a polícia em cima.

Ninguém gosta tanto, como eles, de discursar no mundo do palavrório contra a “bancada da bala” – e, no mundo das coisas práticas, viverem encantados, agora que mandam, com as oportunidades de reprimir. O que amam, mesmo, é o camburão da Federal, o inquérito, a “delação premiada”, o interrogatório, a Papuda, o Xandão.

Num país em que o grande herói da esquerda é Alexandre de Moraes e a sua organização mais admirada é a Polícia Federal, só se poderia mesmo esperar a Polícia da Funai.

Conteúdo editado por: Jocelaine Santos

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