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Leonardo Coutinho

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Brasil, América Latina, mundo (não necessariamente nesta ordem)

Migração

O Irã está usando o Brasil como base terrorista

As forças de segurança iranianas montam guarda sobre a bandeira nacional iraniana pendurada na parede durante uma manifestação em Teerã, Irã, 10 de janeiro de 2025. (Foto: Abedin Taherkenareh/EFE/EPA)

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Nos últimos dias, as autoridades migratórias colombianas registraram três incidentes envolvendo iranianos tentando entrar no país fazendo uso de identidades falsas.

Um dos grupos tentou entrar por terra, vindo da Venezuela. Eles declararam que tinham como destino a própria Colômbia e depois o México. Curiosamente, não foram presos. Foram enviados de volta para terra sem lei de Nicolás Maduro.

Outros três iranianos desembarcaram na capital Bogotá, provenientes do Brasil. Eles usavam passaportes gregos, com identidades falsas, conforme revelou o site argentino Infobae.

Em um terceiro incidente, uma mulher iraniana também foi barrada na fronteira com a Venezuela, desta vez no aeroporto. Todos os casos que ocorreram, quase que simultaneamente nas duas primeiras semanas de 2025, não devem ser considerados sem um quarto evento, ocorrido dias nos Estados Unidos.

Em dezembro, as autoridades americanas prenderam o empresário iraniano-americano Mahdi Mohammad Sadeghi sob a acusação de conspiração. Segundo o Departamento de Justiça, Sadeghi criou uma série de empresas com financiamento direto do regime iraniano para mascarar o envio de suprimentos para a construção de drones militares no Irã.

E onde entra o elo com os eventos na América Latina?

Poucos dias antes de ser preso nos Estados Unidos, Sadeghi deu um pulinho no Brasil. Foi a Joinville, cidade catarinense que tem um vigoroso polo industrial e tecnológico voltado para o setor aeroespacial. Sadeghi, pode apostar, não veio ao Brasil à passeio.

O Irã está presente de forma ostensiva na Venezuela desde os tempos do falecido Hugo Chávez. Montou instalações militares disfarçadas de fábricas civis e operou o tenebroso “aeroterror” – que foi uma rota aérea entre Caracas e Teerã que foi amplamente utilizada para o transporte de dinheiro, contrabando, material militar, pessoal (entre os quais terroristas e criminosos), e materiais possivelmente nucleares.

A Venezuela tem funcionado como uma base avançada para as operações militares regulares (e sobretudo irregulares) das forças armadas do Irã

Atualmente, nada é mais explícito que a cooperação entre os regimes de Maduro e de Ali Khamenei para produção de veículos não tripulados.

Diversos relatórios afirmam que além de estacionar drones em várias partes da Venezuela, o Irã provê treinamento operacional para os militares venezuelanos.

A presença no Brasil de um dos personagens centrais das redes clandestinas que dão suporte ao programa de drones militares do Irã, combinada com a presença de possível pessoal militar transitando entre os países da região (Brasil, Colômbia e México) indica que as ações para o programa de drones do Irã já transbordaram os limites da Venezuela.

A intensificação das ações clandestinas do Irã na América Latina, na mesma época em que ocorreu a posse contestada do ditador Nicolás Maduro e a proximidade do início do novo mandato de Donald Trump, podem estar conectadas.

No caso venezuelano não é absurdo pensar que as Forças Quds reforçaram a presença para dar suporte de inteligência e militar para ajudar seu aliado local a reprimir a oposição e resistir a qualquer incidente que pudesse ocorrer em reação à sua posse fraudulenta.

Quanto a Donald Trump, não há segredo algum nas ameaças que o regime iraniano faz à vida do presidente americano. O uso de drones em ações terroristas tem se tornado uma preocupação crescente.

O caso do Irã é excepcionalmente interessante nesse quesito. O terrorismo é política de estado. Seja ele praticado diretamente por seus grupos militares, seja por meio de intermediários como Hezbollah, Hamas, houthis ou prestadores de serviços como os cartéis mexicanos e até mesmo o PCC.

Sendo assim, não estamos falando de uma organização terrorista do Irã, mas de um Estado terrorista que usa do terror como instrumento assimétrico contra seus rivais.

Ao invés de estar perseguindo soldados israelenses de férias, monitorando postagens negativas ao governo, os órgãos de segurança no Brasil deveriam estar canalizando fortemente seus esforços para identificar e reprimir o uso do território brasileiro como base operacional para ações que podem desestabilizar a região.

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Conteúdo editado por: Aline Menezes

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