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Leonardo Coutinho

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Brasil, América Latina, mundo (não necessariamente nesta ordem)

O pesadelo de Biden

Joe Biden, presidente dos EUA (Foto: EFE/EPA/LEIGH VOGEL/POOL)

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Às vésperas de uma eleição presidencial, o presidente Joe Biden, dos Estados Unidos, acordou para um problema que pode lhe custar a reeleição: a invasão de imigrantes ilegais. As pesquisas de opinião indicam que parcela significativa do eleitorado médio - que é quem decide a eleição indo para um lado ou para outro dos polos da política americana - está insatisfeito, e até mesmo aterrorizado, com o caos que a administração atual provocou na fronteira Sul.

A reação mais explícita de Biden veio nesta semana. A Casa Branca editou uma norma restringindo significante o número de aceitação de pedidos de “asilo”. Também prometeu mais rigor na avaliação dos pedidos. Biden e sua administração sempre soube que havia um flagrante abuso da instituição do asilo – mecanismo importantíssimo para proteger vítimas de perseguição religiosa, política e racial – e do refúgio que serve para vítimas de guerras e tragédias humanitárias. 

Para tachar seu rival Donald Trump de fascista e racista, Biden prometeu uma política migratória mais frouxa. Seu populismo eleitoral se transformou em uma bomba. As ondas de imigrantes se tornaram incontroláveis. Os Estados Unidos passaram a receber ilegais em uma escala e modo que nem dá mais para chamar de imigração.

Organizações criminosas da América Central e México fizeram fortunas com o tráfico humano que, em certa medida, foi estimulado na campanha de 2020. Além disso, inimigos regionais, como Nicolás Maduro e Daniel Ortega patrocinaram deliberadamente as ondas migratórias, que se completam com a possível atuação da China despachando milhares de pessoas para engrossar o caldo.

Com os pés dentro dos Estados Unidos, os ilegais tiram da cartola o “pedido de asilo” como forma de evitar prisões e extradições imediatas. A malandragem que já vinha sendo aplicada de maneira desmedida por venezuelanos e bolivianos, que nunca foram perseguidos na vida mas que se valeram do real quadro de crise econômica e institucional em seus países, para se mimetizar entre as vítimas políticas dos regimes instalados em seus países. 

Olhando friamente para a multidão que chega aos Estados Unidos pedindo asilo não há como sustentar legalmente, teoricamente e honestamente as declarações. Quase todos são refugiados econômicos. Gente pobre – e outros nem tanto – aproveitando-se do momento para viver nos Estados Unidos. 

Nada no mundo define uma pessoa como qualificada a asilo ou refúgio, porque ela vive em uma cidade com altas taxas de violência. O desejo de querer encontrar um lugar melhor, mais seguro e com melhores chances para o desenvolvimento de uma família é legítimo. Mas não tem nada, absolutamente nada, com os fundamentos do asilo ou refúgio. Vai pulando de país em país ignorando que poderia ficar por ali, até chegarem na fronteira dos Estados Unidos. 

Para esquivar-se das críticas de que sua administração deixou a fronteira aberta, o presidente Biden afirma que, mesmo fazendo vista grossa para esses casos, sua administração deportou 720 mil pessoas nos últimos doze meses. Um recorde desde 2010! 

Desde que mudou seu assessoramento para América Latina, Biden parece ter percebido que suas medidas tomadas até então serviram apenas para alimentar sua base mais radical e afastou o eleitor consciente das consequências do populismo migratório. 

Mesmo seus aliados, como os prefeitos das cidades São Francisco, Nova York, Washington, D.C. e Chicago, estão encurralados pela crise dos ilegais. Em Nova York, um em cada cinco hoteis da cidade (20%, vale ressaltar), está completamente ocupado por ilegais que estão ali abrigados, sob despesas do erário. Nada menos que 65 mil ilegais estão vivendo às custas do contribuinte em 16.532 apartamentos. O custo dos alojamentos, e outros programas de assistência, é projetado em US$10 bilhões ao longo de três anos. 

O endurecimento de Biden é integralmente motivado pela eleição. Ele fez isso por votos do eleitor de centro. Caso dê certo, e isso o ajude a vencer a eleição, estaria Biden disposto a seguir corrigindo os erros de sua administração? Eu não apostaria um centavo. 

Quando Biden e seus assessores ignoraram a lei e permitiram que imigrantes desonestos, oportunistas ou desesperados abusassem do sistema, eles não só abriram as portas para pessoas que colocaram os pés na América por meio de falsificações, mas puniram as vítimas reais de perseguições e violência. 

A saturação dos sistemas de controle migratório nos Estados Unidos chegou a um nível jamais visto. Há vítimas reais de regimes, como o de Nicolás Maduro, que estão há uma década na fila do asilo. Pessoas que se não tivessem fugido estariam presas, teriam sido torturadas e possivelmente mortas. 

É esperada uma série de protestos, manifestações negativas e comparações de Biden com Trump. Mas Biden sabe que não perderá um voto que seja dos radicais por isso. Afinal do outro lado está Donald Trump. A questão é quem ele vai conseguir convencer depois de ter permitido uma autêntica invasão ao país. As eleições de novembro estão chegando. Logo vamos saber.

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