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Desde o início da ofensiva do aparato ambientalista-indigenista internacional contra o Brasil, no final da década de 1980 — visando converter a Amazônia em uma vasta região “preservada”, vedada ao desenvolvimento e subpovoada —, o estado de Roraima tem sido um alvo prioritário dessa estratégia antinacional.
Com uma área superior à do Paraná (224 mil km²), população que mal chegava a 300 mil habitantes em 1990 (hoje são 740 mil) e dotado de grande potencial para atividades agrícolas, exploração mineral e aproveitamento hidrelétrico, Roraima despontava como, talvez, o mais promissor dos antigos territórios federais convertidos em estados pela Constituição de 1988, além de um potencial polo de irradiação de desenvolvimento para a Amazônia.
Não por acaso, entrou de imediato na mira da “Máfia Verde”, como eu e os coautores Silvia Palacios e Geraldo Luís Lino denominamos aquele aparato de guerra irregular antidesenvolvimentista no livro de mesmo nome, no qual dedicamos um capítulo inteiro ao estado (ver Máfia Verde: o ambientalismo a serviço do Governo Mundial, Capax Dei Editora, 13ª edição, 2019).
A criação de grandes terras indígenas (TIs) em território contínuo, como a Yanomami (do tamanho de Portugal) e Raposa Serra do Sol (pouco menor que a Eslovênia) — ambas resultantes de acirradas campanhas de ONGs internacionais e até mesmo de casas reais europeias — foi parte importante do processo de “interdição econômica” do estado, que hoje tem menos de um terço de seu território livre de restrições vinculadas às TIs e unidades de conservação.
Vale registrar que os governos brasileiros do período, com destaque para Fernando Collor de Mello, Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, se curvaram sem resistência aos ditames do aparato “verde-indígena”.
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Felizmente, os roraimenses, nativos e “adotados”, não se conformaram com o papel de vitrine do “subdesenvolvimento sustentável” e, mesmo com todas as dificuldades, começam a explorar adequadamente suas riquezas
Uma delas é a soja, hoje o principal produto de exportação do estado, cujos cultivos vêm sendo expandidos com rapidez. Desde 2018, a área plantada passou de 57 mil para 132 mil hectares, esperando-se para este ano uma colheita superior a 500 mil toneladas, que deverá movimentar mais de R$ 900 milhões.
Crucial para esse avanço, além do apoio institucional dos governos estadual e municipais, é o trabalho da Embrapa Roraima, que desenvolve cultivares específicos para as condições de clima e solo do estado. Além da soja, há pesquisas com variedades de café e trigo — cultivos que poderão contribuir poderosamente para consolidar o estado como uma nova fronteira agrícola.
E nunca é demais lembrar que o Brasil é o único país do mundo que planta soja e trigo na linha do Equador.
Em 11 de outubro último, teve início um ambicioso empreendimento de infraestrutura de grande relevância para os produtores locais, com o início das operações da Estação de Transbordo de Cargas (ETC) da empresa Amaggi, em Caracaraí, permitindo o transporte de grãos pelo rio Branco, em comboios de balsas com capacidade para 2 mil toneladas, equivalente a 40 caminhões.
Até agora, o transporte da soja roraimense era feito exclusivamente pela rodovia BR-174 (Manaus–Porto Velho), um trajeto de 763 quilômetros que, ainda por cima, é prejudicado pelo fechamento da via entre 18h e 6h, no trecho que atravessa a Terra Indígena Waimiri-Atroari — problema que se arrasta sem solução há décadas.
Com a disponibilidade do transporte hidroviário, os carregamentos são levados por caminhões por 155 km até Caracaraí e ali embarcados para uma viagem de 905 km pelos rios Branco e Amazonas até o terminal da empresa em Itacoatiara (AM).
Na primeira fase, a operação deverá movimentar entre 60 e 70 mil toneladas de soja, assegurando uma economia de até R$ 80 por tonelada no frete e uma redução de até 74% no transporte rodoviário de grãos. No sentido inverso, a rota permitirá o transporte de calcário e fertilizantes, reduzindo os custos para os produtores locais (GlobalFert, 14/10/2025).
Hoje, a navegação no rio Branco é limitada pelo período seco, entre outubro e março, quando o tráfego de balsas se torna inviável devido à ocorrência de vários trechos rochosos.
Estudos realizados na década passada pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) mostram a viabilidade da implementação de uma eficiente hidrovia no rio Branco, com as obras de derrocamento, dragagem, balizamento e sinalização adequadas.
Em setembro, depois de décadas de espera e um atraso de dez anos causado pelas manobras do aparato indigenista, os problemas dos roraimenses com o abastecimento de eletricidade chegaram ao fim, com a energização do Linhão Manaus–Boa Vista, que conecta o estado ao Sistema Interligado Nacional (SIN).
O estado tem potencial para tornar-se autossuficiente na geração elétrica e ainda exportar energia via SIN, caso seja construída a usina hidrelétrica de Bem Querer, no rio Branco, em Caracaraí, com potência projetada de 650 megawatts (MW), atualmente em fase de estudos de viabilidade.
Outras notícias positivas referem-se aos recursos minerais.
Em setembro, geólogos da Universidade Federal de Roraima (UFRR) identificaram altas concentrações de elementos de terras raras em uma fazenda privada em Caracaraí. Embora ainda seja necessário um programa de sondagens para confirmar se se trata de uma jazida comercial, o geólogo Vladimir de Souza está otimista: “Tem a ocorrência e os valores dessa ocorrência estão bem acima do normal encontrado. Então, você encontra [elementos com teores] 100 vezes acima do que é normal. Já é um bom indicativo, porque as outras ocorrências que a gente encontra são pequenas, com um elemento muito alto. Essa área tem vários elementos com altíssima concentração” (G1, 03/09/2025).
Neste mês, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) anunciou a inclusão da Bacia do Tacutu, no norte de Roraima, entre as áreas que serão futuramente oferecidas para exploração de hidrocarbonetos. Situada próxima à fronteira com a Guiana, a Bacia do Tacutu apresenta indícios favoráveis à presença de petróleo, já levantados pela Petrobras e pela UFRR.
A Guiana, que vem crescendo rapidamente com a exploração petrolífera, planeja a construção de uma rodovia de 600 km até a fronteira com o Brasil.
Se as perspectivas positivas em torno dessas pesquisas se confirmarem, as sinergias resultantes dessas atividades econômicas poderão impulsionar Roraima a um novo patamar de desenvolvimento, deixando definitivamente para trás o papel de exemplo negativo que lhe foi atribuído pela “Máfia Verde”.




