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Lorenzo Carrasco

Lorenzo Carrasco

Guerra decisiva

Trump e sua guerra contra o globalismo

Trump desafia a elite globalista, desmonta o catastrofismo climático e corta fundos ideológicos em uma guerra decisiva pelo futuro dos EUA. (Foto: Imagem criada utilizando Chatgpt/Gazeta do Povo)

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Desde que retornou à Casa Branca, o presidente Donald Trump tem se empenhado em uma guerra aberta contra um importante segmento da estrutura de poder que tem dominado os EUA nas últimas décadas e lançado o país na armadilha do globalismo, ideologia insidiosa que considera que os Estados nacionais e seus interesses legítimos devem subordinar-se aos ditames de uma casta oligárquica transnacional e misantrópica, supostamente mais qualificada para enfrentar os grandes problemas mundiais.

Uma política ambiental restritiva ao desenvolvimento socioeconômico e baseada na exacerbação do catastrofismo climático, a promoção do identitarismo e, acima de tudo, o controle férreo da política monetária são três dos principais instrumentos da agenda globalista, que, após uma longa hegemonia, estão sendo contra-arrestados por Trump.

Nas áreas ambiental e energética, Trump está desmontando sistematicamente os instrumentos com os quais os EUA foram convertidos na principal caixa de ressonância da agenda de descarbonização da economia mundial, alegadamente para “proteger” o clima do planeta de um perigoso aquecimento causado pelas emissões de carbono das atividades humanas.

Em particular, Trump aprovou um vasto pacote de medidas de desregulamentação que reverte a maioria das diretrizes ambientais e energéticas promovidas por seu antecessor, Joe Biden.

Em troca, estabeleceu a chamada Agenda de Dominância Energética, a qual deixa de lado as questionáveis tecnologias de geração eólica e solar, além da eletrificação acelerada da frota rodoviária, e volta a privilegiar a exploração de carvão mineral e hidrocarbonetos, bem como as fontes nucleares e hidrelétricas, em paralelo com uma racionalização das normas ambientais para toda sorte de empreendimentos de infraestrutura e produção.

Em artigo publicado no Wall Street Journal, em 12 de março, o diretor da Agência de Proteção Ambiental (EPA), Lee Zeldin, afirmou, com propriedade: “Estamos enfiando uma adaga no coração da religião da mudança climática... Essas ações repelirão trilhões de dólares em custos regulatórios e impostos ocultos”.

E sentenciou: “Isso não é sobre abandonar a proteção ambiental – é sobre atingi-la por meio de inovação, e não por estrangulamento... O dia de hoje assinala a morte da Nova Fraude Verde (Green New Scam, no original). A EPA reconhece que a proteção ambiental e a prosperidade econômica não são objetivos mutuamente excludentes. (...) Os críticos podem protestar que essas mudanças sinalizam um recuo da proteção ambiental. Nada poderia estar mais distante da verdade. No governo Trump, a missão fundamental da EPA continua sendo salvaguardar a saúde humana e o meio ambiente. A diferença está em como atingimos esses objetivos – por meio de parcerias, em vez de burocracia prescritiva, pela colaboração e não pela regulamentação.”

Em ações paralelas, Trump fechou algumas torneiras de recursos públicos que alimentavam esse aparato de influência e intervenção externa, como a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), oficialmente encerrada no início de julho.

Durante décadas, sob o disfarce da ajuda humanitária, proteção ambiental, promoção da democracia e outras pautas afins, a agência canalizou bilhões de dólares para atividades de interferência política em países relevantes para a agenda de Washington, com mais eficiência do que os métodos mais diretos de agências de inteligência, como a CIA.

O braço privado dessa estrutura de poder não escapou à atenção do presidente. Em 27 de agosto último, Trump ameaçou enquadrar o megaespeculador George Soros e seu filho Alexander, presidente da Open Society Foundations (OSF), na Lei de Organizações Corruptas Influenciadas por Extorsão (RICO, sigla em inglês).

“George Soros e seu maravilhoso filho da esquerda radical deveriam ser acusados pela RICO pelo seu apoio a protestos violentos, e muito mais, em todos os Estados Unidos da América. Isso inclui seus amigos malucos da Costa Oeste. Tomem cuidado, estamos de olho em vocês!”, escreveu ele na rede Truth Social (CNN Brasil, 27/08/2025).

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A multibilionária OSF de Soros tem sido, nas últimas décadas, uma das principais fontes privadas de financiamento para uma vasta rede de ONGs em dezenas de países, engajadas na promoção das pautas “identitárias”, direitos humanos, legalização das drogas, desarmamento civil, racialismo, meio ambiente e outras integrantes da agenda globalista.

Em agosto, Alexander Soros esteve no Brasil, oficialmente, para discutir os preparativos para a conferência climática COP30, em Belém (PA). Entre seus interlocutores, destacaram-se o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e políticos “progressistas”.

A terceira frente de luta aberta por Trump envolve sua virtual declaração de guerra ao Sistema da Reserva Federal, o banco central semiprivado do país e um dos pilares do poderio do Establishment oligárquico.

Desde sua fundação, em 1913, o banco tem controlado a política monetária baseada na emissão de dólares como dívida, base do atual sistema financeiro internacional controlado por bancos centrais independentes, mantendo os fluxos financeiros sob controle privado e restringindo drasticamente as capacidades creditícias dos Estados nacionais. O “Fed” é o vértice desse sistema.

Depois de nomear o economista Stephen Miran para o Conselho de Governadores do “Fed”, Trump tem pressionado o presidente do banco central, Jerome Powell, a reduzir os juros básicos, a fim de diminuir o endividamento do governo, que já chega a US$ 37 trilhões, com um serviço da dívida anual que se aproxima de US$ 1 trilhão.

O temor que se espalha pelo sistema financeiro internacional com a investida de Trump pode ser avaliado pela advertência feita em artigo publicado no Financial Times, em 1º de setembro: “As intervenções do presidente estadunidense contra o banco central mais poderoso do mundo têm motivado receios de que os poderes do Fed para estabelecer as taxas de juros e controlar a inflação sejam comprometidos. Uma pesquisa com 94 economistas baseados nos EUA e na Europa indicou que muitos temem que os ataques possam levar a uma mudança permanente no Fed, para priorizar os empregos e a redução dos custos de empréstimos do governo... O Fed se tornará um joguete do governo [grifos nossos].”

Quer dizer, uma política monetária que privilegie a geração de empregos (uma das atribuições do banco, ausente no Banco Central brasileiro) e uma dívida pública menor constitui um virtual anátema para os profissionais da alta finança globalizada.

Das frentes da “guerra civil” deflagrada por Trump, esta última é a mais crítica e perigosa. Em 112 anos, apenas dois presidentes se atreveram a contestar a hegemonia da Reserva Federal: Franklin Roosevelt (1933-1945), ao nomear para presidi-la o banqueiro e industrial Marriner Eccles, que orientou a política monetária para fomentar as atividades produtivas golpeadas pela Grande Depressão; e John F. Kennedy (1961-63), que tentou recuperar a capacidade de emissão de dólares do Departamento do Tesouro, antes de ser assassinado em novembro de 1963.

O resultado desse confronto terá importância não só para os EUA, mas repercutirá em todo o mundo.

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