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Luciano Trigo

Luciano Trigo

Este Dia dos Pais pode ter sido o último?

(Foto: Reprodução Instagram)

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Se você mora em Recife, espero que tenha aproveitado bastante o Dia dos Pais, porque pode ter sido o último. Desde novembro passado está tramitando na Câmara Municipal da capital pernambucana um projeto de lei, de um vereador do PSOL, que propõe extinguir o Dia dos Pais e o Dia das Mães e substituí-los pelo “Dia de quem cuida de mim”. Se aprovada, a lei imporá a adoção da nova data comemorativa a todas as escolas e creches do Recife, públicas e privadas.

A justificativa, como sempre, se apresenta como virtuosa. Segundo o parlamentar autor do projeto de lei 405/2021, o objetivo é “a conscientização dos(as) familiares e da comunidade escolar sobre a existência e a necessidade de respeito aos diversos formatos familiares”.

Ele vai além, classificando o Dia dos Pais como “um dia traumático, angustiante e de sentimento de exclusão” para crianças que não pertençam a “famílias tradicionais”, esta anomalia.

Ou seja, o problema não é a exceção, é a regra, e a solução é transformar a exceção em regra:  submeter a maioria aos valores e vontades da minoria. Como se eliminar o Dia dos Pais e o Dia das Mães, que sempre foram referência para todas as famílias, resolvesse o problema das crianças que foram abandonadas pelos pais.

A conclusão necessária desse raciocínio é que crianças que têm pai e mãe devem se sentir culpadas e cúmplices por participar de um modelo opressor de família que já não contempla os novos arranjos sociais

Mais que isso, essas crianças devem entender desde pequenas que “pai” e “mãe” são apenas convenções fascistas, que devem ser contestadas por todas as pessoas de bem que combatem a injustiça, a discriminação e a desigualdade. Os laços entre pais e filhos não passam de uma ilusão vendida pelo capitalismo consumista.

Na prática, se o projeto for aprovado, duas das datas associadas à família mais tradicionais do nosso calendário serão eliminadas, para dar lugar a uma data comemorativa que, a pretexto de “incluir”, nas entrelinhas celebra e estabelece como fato consumado a eliminação da própria “família tradicional” - expressão que, por si só, provoca urticária na comunidade progressista.

Todos as pessoas de bem devem lutar por uma sociedade que será, literalmente, sem pai nem mãe. Viva!

Naturalmente, não são apenas datas comemorativas que se perdem: jogam-se no lixo as referências paterna e materna, que – a não ser que já tenham cancelado todas as correntes da psicologia desenvolvidas nos últimos 100 anos – são essenciais na formação emocional e psíquica das crianças.

Alias, em relação à família, outro projeto de lei, este de âmbito nacional, tramita na Câmara dos Deputados: o PL 4004/2021, no qual uma parlamentar do PT propõe abolir os termos “marido” e “mulher” das certidões de casamento, o que implica uma alteração do Código Civil.

A Ementa do Projeto de lei:  “Altera a Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil) para modificar os termos da declaração feita pela presidência da cerimônia de casamento para celebração do casamento civil, assegurando o tratamento igual entre casais”.

Ela está certíssima, porque “marido” e “mulher” são termos opressores que contribuem para a perpetuação de um modelo machocrático, heteronormativo e fascista de sociedade.

A agenda não tão secreta por trás de todas essas propostas – que, 20 anos atrás, seriam consideradas apenas ridículas – é que todos devemos lutar por uma sociedade que será, literalmente, sem pai nem mãe.

Nesta sociedade ideal, com a família esvaziada de seus direitos e de suas funções (inclusive na educação dos próprios filhos), somente o Estado terá o poder de determinar as regras e valores que regulam os laços e as relações entre os indivíduos.

O Estado, e somente o Estado, deterá o poder de determinar o que é uma família, o que é um casamento, o que é uma criança, mas não só isso. Somente o Estado ditará a norma moral, o que é certo e o que é errado, sem espaço para dissidência. “Tudo no Estado, nada contra o Estado, e nada fora do Estado”: quem foi mesmo que pregou isso?

Mas olhe pelo lado positivo: nesta sociedade, nenhum ser humano que foi abandonado pelos pais passará pelo sofrimento mental terrível, pela angústia insuportável de ver no Instagram mensagens comemorativas do Dia dos Pais no segundo domingo de agosto. Viva!

Parece não haver dúvida de que está em curso um ataque coordenado á família como instituição, e não apenas no Brasil: leis aprovadas recentemente na Argentina e o próprio texto da nova Constituição do Chile, a ser referendada, aderem abertamente a essa agenda anti-família. Nos Estados Unidos e no Canadá, os sinais são ainda mais claros.

Exagero? Como interpretar o recente comunicado de Joe Biden defendendo cirurgias de transição de sexo para crianças?  E o que dizer sobre as recomendações feitas pela Associação de Aleitamento Materno dos Estados Unidos à comunidade médica e aos hospitais públicos e privados?

Você não viu? A primeira proposta é passar a adotar o termo “leite paterno” no caso de lactantes que são homens trans, isto é, mulheres biológicas que se identificam como homens. Não gostou? Tudo bem, a Associação, muito tolerante, admite uma alternativa: “leite humano”, em vez de “leite materno”. Assim ninguém se sente ofendido. Mas tem que substituir “mãe que amamenta” por “pessoa lactante”, tudo bem?

“Reconhecemos que nem todas as pessoas que dão à luz e lactam se identificam como mulheres e que alguns indivíduos não se identificam como mulheres nem como homens”, diz o documento enviado pela Associação aos hospitais.

Certo, e por causa disso devemos impor a todo o restante da humanidade que mudem a sua maneira de pensar e de falar. É assim que funciona hoje.

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