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Lúcio Vaz

Lúcio Vaz

O blog que fiscaliza o gasto público e vigia o poder em Brasília

Gastança eleitoral

A quase um ano das eleições, deputados torram R$ 42 milhões com autopromoção

O deputado federal Nicoletti (União-RR) lidera o ranking dos gastos. (Foto: Mário Agra / Câmara dos Deputados)

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Distantes quase um ano das eleições gerais, os deputados federais gastaram até junho R$ 42 milhões com divulgação do mandato – o que representa 40% da Cota para o Exercício do Mandato. A locação de veículos, para o parlamentar percorrer as suas bases eleitorais, custou R$ 18 milhões, incluindo muitos carrões. O combustível, para abastecer essa frota, mais R$ 10 milhões. Tudo pago pelo contribuinte.

O campeão da gastança até junho foi o deputado Nicoletti (União-RR), com R$ 335 mil, sendo R$ 174 mil com divulgação do próprio mandato, R$ 52 mil com segurança e R$ 34 mil com veículos. Wilson Santiago (Republicanos-PB) gastou R$ 316 mil, sendo R$ 220 mil com divulgação e R$ 44 mil com veículos. Fernando Máximo (União-RO) gastou R$ 310 mil – R$ 196 mil com autopromoção e R$ 63 mil com locação de veículos.

Isolando só a divulgação, o campeão da gastança é Albuquerque (Republicanos-RR), com R$ 235 mil. Moses Rodrigues (União-CE) ficou em segundo lugar com R$ 232 mil. Eunício Oliveira (MDB-CE), ex-presidente do Senado, ficou em terceiro, com R$ 230 mil. Todas essas despesas foram aprovadas pela equipe técnica da Câmara e seguem as normas da Casa.

Verba paga até "jabá"

Albuquerque contratou empresas por R$ 39 mil mensais para divulgar o seu mandato no rádio, TV e redes sociais, além de divulgar as suas ações em Brasília. Também pagou R$ 1 mil e R$ 1,5 mil mensais para a divulgação do seu mandato no portal Roraima em Foco e na Web Rádio Opinativa. É a oficialização do “jabá”, também conhecido como “matéria paga”.

Moses Rodrigues gastou R$ 36 mil mensais para divulgar as suas atividades parlamentares no programa Tribuna e Plenário do Rádio, no programa de Olho na Cidade e no programa Bastidores da Política. Mais “jabá”. Também pagou pela produção de conteúdo para divulgação nas redes sociais, como o Blog do Tide. Pagou ainda pela criação de peças gráficas e vídeos com divulgação das suas atividades. Enfim, mais uma máquina de divulgação com fins eleitorais.

Eunício Oliveira concentrou a sua cota na empresa Carnaúba de Comunicação e Publicidade, que faz acompanhamento de conteúdo digital para divulgação nas redes sociais, como Facebook, Instagram, X (ex-Twitter), Tik Tok e WhatsApp do mandato, com produção, criação e edição de vídeos para a internet. Tudo por R$ 35 mil mensais.

Hilux, Frontier, Jeep: a frota dos deputados

O aluguel de veículos ficou em segundo lugar no ranking da gastança, com R$ 18 milhões. Os deputados usam os carros para percorrer as suas bases eleitorais. Muitos são bastante luxuosos, com valor de mercado acima de R$ 500 mil, como no caso da Hilux. O deputado Dr. Ismael Alexandrino (PSD-GO) bateu no teto da cota mensal com locação de veículo – R$ 12.713 mensais. Ele alugou mensalmente uma caminhonete Nissan Frontier por R$ 10,8 mil e outro carro mais barato, como uma Toro Vulcano ou um Jeep Compass. Mas foi reembolsado pela Câmara em “apenas” R$ 12,7 mil.

A manutenção de escritório de apoio no estado ficou em terceiro lugar no ranking da gastança, com R$ 15 milhões. A maior despesa foi feita pelo deputado Gabriel Mota (Republicanos-RR). A manutenção do seu escritório no estado custou R$ 163 mil no semestre. Ele gasta mensalmente R$ 14 mil com locação de software ZenDesk e R$ 15,5 mil com aluguel de máquinas e equipamentos para escritório. O escritório é importante para o parlamentar receber os eleitores e aliados políticos.

Nos céus da Amazônia

Apenas 15 deputados alugaram aeronaves para visitar suas bases, mas gastaram muito. Onze deles são da região amazônica. Quatro gastaram mais de R$ 100 mil – cada um. A deputada Renilce Nicodemos (MDB-PA) torrou R$ 206 mil com essas locações. Átila Lins (PSD-AM) gastou R$ 176 mil. Silas Câmara (Republicanos-AM) gastou mais 147 mil. A Dra. Alessandra Haber (MDB-PA), R$ 130 mil.

Em janeiro, Nicodemos fez duas viagens num total de R$ 50 mil. Para Tucuruí, ela percorreu 291 quilômetros. Por estrada, seriam 454 quilômetros. Para Monte Alegre, percorreu 624 quilômetros. Por estrada, seriam 1.420 quilômetros. Os deputados da Amazônia que costumam utilizar aeronaves nas suas visitas aos redutos eleitorais justificam a despesa com as longas distâncias nas viagens por terra.

A Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar (CEAP), instituída pelo Ato da Mesa 43/2009, unificou a verba indenizatória, que previa – desde 2001 – apenas as cotas de passagens aéreas, postal e telefônica.

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