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Lúcio Vaz

Lúcio Vaz

O blog que fiscaliza o gasto público e vigia o poder em Brasília

Alckmin gastou quase o dobro do que Lula com viagens pelo país

Lula e o vice Alckmin posam para foto em carro conversível da VW em São Bernardo (Foto: Foto: Ricardo Stuckert / PR)

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O vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, gastou R$ 3,2 milhões com viagens pelo país neste ano – bem mais do que as despesas do presidente Lula, que somaram R$ 1,8 milhão. O vice priorizou as viagens para cidades do estado de São Paulo, que custaram R$ 1,7 milhão. Ele visitou 15 cidades paulistas e 10 cidades nos demais estados.

Alckmin fez algumas viagens para São Paulo às sextas-feiras sem agenda oficial a cumprir, ou voou da capital paulista para Brasília às segundas sem ter cumprido agendas oficiais nesses fins de semana. A mordomia é permitida pelo decreto presidencial que regulamenta o uso de aeronaves oficiais por autoridades. Apenas o vice-presidente e os presidentes do Supremo Tribunal Federal (STF), do Senado e da Câmara têm esse privilégio. Alguns ministros também viajam para casa nos fins de semana em jatinhos por motivo de “segurança”.

Na verdade, as despesas do vice-presidente e do presidente da República com viagens são bem maiores. Os dados disponíveis no Portal da Transparência da Presidência informam apenas os custos das diárias e passagens da equipe de apoio das autoridades – seguranças e assessores. Não são publicados no portal gastos com aluguel de veículos, hospedagem, alimentação e despesas extras, por questões de “segurança”.

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Prioridade para São Paulo

Alckmin voou para Pitangueiras (SP), em 19 de janeiro, para a inauguração da estação de tratamento de esgoto do município. A equipe de apoio tinha 23 integrantes. As diárias e passagens custaram R$ 88 mil. Em 22 de março, o vice-presidente voou do Rio de Janeiro para Andradina (SP) para a inauguração do Centro de Hemodiálise Thomaz Rodrigues Alckmin. A equipe de apoio com 32 integrantes custou R$ 130 mil. A comitiva seguiu em veículos para o aeroporto de Três Lagoas (MS), de onde decolou para São Paulo.

De 3 a 5 de abril, consta no Portal da Transparência uma viagem do vice para Pindamonhangaba – cidade onde foi vereador e prefeito da década de 90. Na quinta-feira (4), o vice decolou de Brasília para São Paulo sem agenda na capital paulista. Na sexta, a agenda oficial do presidente informa: “sem compromissos oficiais”. Na segunda-feira (8), o vice voou de São Paulo para Brasília sem ter cumprido agenda oficial no fim de semana.

O blog perguntou se o vice-presidente estuda a possibilidade de disputar o governo de São Paulo nas eleições de 2026. A Vice-Presidência respondeu que “o vice-presidente não será candidato ao governo de São Paulo”.

Em 26 de janeiro, sexta-feira, depois de cumprir agenda em Viadutos (RS), onde lançou a Pedra Fundamental de Usina de Etanol, Alckmin decolou de Passo Fundo (RS) para São Paulo, às 17 horas, sem agenda oficial em São Paulo no fim de semana.

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Viagens mais caras

De 12 a 13 de março, está registrada no Portal da Transparência uma viagem do vice-presidente ao Rio de Janeiro. Com equipe de 13 seguranças e assessores, a viagem custou R$ 130 mil. As passagens tiveram valor médio de R$ 8 mil. Houve gastos extras no valor de R$ 18 mil. Não há registro dessa viagem na agenda oficial do vice.

Alckmin esteve em Curitiba em 20 de março para o Encontro de Municípios Paranaenses. Com equipe de 28 seguranças e assessores, a viagem custou R$ 140 mil. O vice permaneceu por apenas três horas na capital paranaense.

A viagem do vice-presidente ao Rio de Janeiro em 22 de março, com equipe de 22 seguranças, custou R$ 146 mil. A viagem para Florianópolis, em 26 de janeiro, custou R$ 133 mil.

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Presidente e vice juntos

Alckmin também esteve em eventos liderados pelo presidente Lula, o que aumentou as despesas com as viagens. Em 15 de março, em Porto Alegre, o vice prestigiou o anúncio de ações e investimentos do governo federal para o Rio Grande do Sul. Em seguida, em Lajeado, esteve na cerimônia de novos anúncios e prestação de contas do governo federal na reconstrução dos municípios gaúchos após as enchentes de 2023. Só a viagem do vice custou R$ 246 mil. As dez passagens mais caras custaram em média R$ 11 mil.

No dia 2 de fevereiro, Lula e Alckmin fizeram visita à fábrica da Volkswagen em São Bernardo do Campo. Houve o anúncio do Novo Ciclo de Investimentos da Empresa no Brasil. O presidente e o vice posaram para fotos num veículo conversível da marca VW. Estiveram juntos também na inauguração do Complexo Mineroindustrial de Serra do Salitre e na visita à fábrica da Embraer, em São José dos Campos (SP). Nesses eventos conjuntos, presidente e vice viajam cada um na sua aeronave oficial, por questões de segurança. Mais despesas.

Vários eventos em São Paulo se justificam pelo fato de o vice-presidente ser também ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Ele fez visitas a fábricas e manteve encontro com dirigentes de entidades empresariais.

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Vice-Presidência responde

A Vice-Presidência afirmou ao blog que o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços “cumpre suas obrigações oficiais, atendendo a demandas e convites do setor produtivo, participando de inaugurações de empreendimentos industriais, representando o presidente da República em eventos, visitas e vistorias, além de cumprir agendas conjuntas a seu pedido”.

Sobre o fato de presidente e vice viajarem cada um no sua aeronave oficial, a Vice-Presidência respondeu: “Em cumprimento à orientação de segurança que segue padrão internacional, as duas primeiras autoridades da linha de sucessão presidencial não devem viajar a bordo das mesmas aeronaves. A utilização das aeronaves da FAB pelo VPR se dá em estrita consonância com a legislação pertinente, e seu emprego varia de acordo com a disponibilidade dos modelos e o número de passageiros. Além disso, prezando pela otimização de recursos, o uso das aeronaves é feito sempre de forma compartilhada com outras autoridades e suas comitivas”.

A Vice-Presidência da República afirmou inicialmente que “desconhece os critérios a partir dos quais a reportagem da Gazeta do Povo chegou aos valores mencionados. A VPR realizou R$ 385 mil em despesas de viagens em 2024 – que, inclusive, estão publicadas no Portal da Transparência”.

Mas o fato é que a maior parte das despesas – R$ 2,8 milhões – foi paga pela Presidência da República (dados do Portal da Transparência). A Vice-Presidência pagou realmente apenas R$ 385 mil. A reportagem do blog é sobre as despesas das equipes de apoio ao vice-presidente – seguranças e assessores – e não sobre quem paga a conta. Quem paga, no fim, é o contribuinte.

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Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos

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