As despesas dos deputados com divulgação dos seus feitos consumiram R$ 45 milhões até junho. A maior despesa foi do deputado Eunício Oliveira (MDB-CE), ex-presidente do Senado. O aluguel de carros somou R$ 20 milhões. Os deputados percorreram suas bases eleitorais em caminhonetes Hilux, Trailblazer, Amarok, Ranger, S-10. Mais de 200 carros de luxo foram alugados. Tem ainda os fretamentos de aeronaves, com despesas de R$ 820 mil. Silas Câmara (Republicanos-AM) torrou R$ 180 mil com voos percorrendo a Amazônia.
Sete deputados chegaram quase ao teto de gastos com aluguéis de veículos, torrando R$ 12,7 mensais – ou R$ 76,2 mil no primeiro semestre. Alguns dos carrões alugados, como Hilux SW e Trailblazer, têm valor de mercado entre R$ 300 mil e R$ 400 mil. A despesa com combustível custou mais R$ 12 milhões. A Câmara informou que gastos com locação ou fretamento de veículos têm limite mensal de R$ 12.713,00. O valor foi regulamentado pelo Ato da Mesa 183/2017. (veja abaixo a lista das maiores locações de veículos)
Autopromoção paga pelo contribuinte
Eunício Oliveira usou R$ 340 mil da Cota para o Exercício do Mandato – o Cotão. Desse total, R$ 313 mil foram usados na sua autopromoção. A prestação de contas do deputado deixa claro: “Divulgação do mandato do deputado. Criação e acompanhamento de conteúdo digital para divulgar nas redes sociais: Facebook, Instagran, Twitter e Tik Toc”. O gabinete do deputado afirmou que os gastos estão de acordo com as normas da Câmara Federal, ato da Mesa 40/2012, sobre divulgação da atividade parlamentar, exceto nos 120 dias anteriores à data das eleições, caso o deputado seja candidato.
Zezinho Barbary (PP-AC) é o segundo colocado na gastança com autopromoção, com R$ 250 mil. O maior contrato, no valor de R$ 11 mil, é para “divulgação da atividade parlamentar do deputado”. Ele oficializou o “jabá”. Paga R$ 6 mil mensais pela divulgação de atividade parlamentar na RTV Juruá, Rádio Ocidental FM e site Juruá Online. Paga mais R$ 5 mil para a divulgação do deputado no Site AC 24horas. Mais R$ 3 mil para Rádio Juruá FM de Cruzeiro do Sul e R$ 2,1 mil para a Rádio Ocidental em Porto Walter. Todas as despesas citadas seguem as normas da Câmara e foram aprovadas pelo seu corpo técnico. Mas essas despesas pesam no bolso do contribuinte.
O deputado Marcelo Crivela (Republicanos-RJ), gastou 246 mil com divulgação do mandato. Ele paga R$ 30 mil mensais a um profissional para divulgar a sua atividade parlamentar, o que envolve criações de artes para cards, fotografias, filmagens, edição de vídeos, edição de fotos, criações de conteúdos e de textos e publicações nas redes sociais do deputado. Paga mais R$ 25 mil para uma agência de publicidade que faz serviços semelhantes e R$ 3 mil para a Rede Católica News, para a divulgação da sua atividade.
Nas asas do pagador de impostos
A maior despesa geral – incluindo todos os tipos de despesas – foi do deputado Átila Lins (PSD-AM) – R$ 351 mil. A maior parte foi gasta com fretamento de aeronaves – R$ 167 mil. Ele esteve em nove municípios do Amazonas. As maiores despesas ocorreram em maio – R$ 45,6 mil, sendo R$ 27 mil para Carauari e R$ 18,6 mil para Aripuanã, distante 800 quilômetros de Manaus. O fretamento de aeronaves para 18 deputados custou R$ 820 mil. Os deputados da Região Norte justificam as despesas com aluguel de aviões pelas longas distâncias das cidades do interior.
Mas os maiores gastos com fretamento de aeronaves foram feitos por Silas Câmara (Republicanos-AM) – 181 mil. A viagem mais cara, de R$ 70 mil, ocorreu de 31 de maio a 2 de junho, com o seguinte roteiro: Manaus-Coari-Olivença-Tefé-Fonte Boa. O deputado percorreu 2,6 mil quilômetros numa aeronave Caravan. Renilce Nicodemos (MDB-PA), gastou R$ 124 mil com aluguel de aviões. As maiores despesas foram em junho – R$ 60 mil. O deslocamento mais caro – R$ 40 mil – foi de Belém para Monte Alegre (PA), ida e volta no mesmo dia.
O Rei da Picanha
A verba para alimentação do parlamentar na Câmara não tem a fartura da cota do Senado Federal, que paga refeições com valor próximo do salário mínimo. Mas há exceções. O deputado Otto Alencar Filho (PSD-BA) gastou R$ 10,6 mil com alimentação até junho. Ele fez uma refeição no restaurante Casa de Palha, em Lauro de Freitas (BA), no dia 3 de março. Pagou R$ 438. A picanha custou R$ 344, o queijo coalho na chapa, R$ 164. Em 14 de abril, no mesmo restaurante, saboreou uma picanha de 900 gramas por R$ 438. Apenas essa parte foi reembolsada pela Câmara.
No dia 26 de maio, no Casa de Palha, consumiu mais uma picanha de R$ 900 gramas por R$ 438. Foi reembolsado em R$ 675 – mais que um benefício do Bolsa Família. Em 26 de maio, mais uma picanha de R$ 438 no Casa de Palha. Em 30 de junho, um banquete no restaurante LRA. Foram devorados uma picanha de 900 gramas por R$ 876, um galeto desossado por R$ 115 e um queijo coalho da chapa por R$ 205. A conta chegou a R$ 1,5 mil, mas ele foi reembolsado em apenas R$ 438.
Inteligência americana pode ter colaborado com governo brasileiro em casos de censura no Brasil
Lula encontra brecha na catástrofe gaúcha e mira nas eleições de 2026
Barroso adota “política do pensamento” e reclama de liberdade de expressão na internet
Paulo Pimenta: O Salvador Apolítico das Enchentes no RS
Deixe sua opinião