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Com um séquito de 97 autoridades, assessores e seguranças, a comitiva do presidente Lula a Lisboa e Madri, em abril, custou R$ 1,3 milhão aos cofres públicos só em diárias e passagens. Na passadinha de apenas um dia em Madri foram torrados R$ 400 mil. Não estão computados hospedagem, alimentação, transporte terrestre, taxas aeroportuárias e custo operacional dos jatos presidenciais. O sigilo desses dados é por questão de segurança, diz a Presidência.
Na viagem de seis dias, foram gastos R$ 760 mil em diárias e R$ 515 mil com passagens aéreas. O valor médio das diárias chegou a R$ 10,4 mil. As despesas com servidores e autoridades que estiveram apenas em Madri somaram R$ 303 mil. Outro grupo que esteve em cidades de Portugal e em Madri consumiu R$ 230 mil.
A comitiva que trabalhou apenas em Portugal gastou R$ 620 mil. Um grupo menor ajudou a preparar e acompanhou o presidente em Lisboa, Madri e Pequim, com despesas de R$ 166 mil. Lula também deu uma passadinha de duas horas no Porto, ao norte de Lisboa, para a sessão de abertura do Fórum Empresarial Brasil-Portugal. No retorno a Lisboa, embarcou em voo de demonstração/propaganda a bordo de aeronave Embraer KC-390 Millennium.
Honras militares, igreja e prêmio a Chico Buarque
O roteiro de Lula em Portugal foi bem variado. Na parte festiva, teve cerimônia de boas-vindas com honras militares, deposição floral junto ao túmulo de Camões, visita à igreja e aos claustros do Mosteiro dos Jerónimos e entrega do Prêmio Camões a Chico Buarque. Nas reuniões de trabalho, houve assinatura de atos e encontros restritos e ampliados com o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa. Também teve almoço e encontro restrito com o primeiro-ministro, António Costa, quem realmente governa o país.
Na passagem por Portugal, houve protestos de deputados de direita durante um discurso de Lula no Parlamento português. A bancada do Partido Liberal retirou-se do plenário, enquanto 12 parlamentares do partido Chega levaram cartazes com as frases “Chega de corrupção” e “Lugar de ladrão é na prisão”.
Ainda em Portugal, Lula tentou amenizar os desgastes junto aos países europeus por ter acusado a União Europeia e os Estados Unidos de incentivarem a guerra na Ucrânia. As declarações foram feitas durante a sua visita à China, no começo de abril, e provocaram críticas à diplomacia brasileira.
Encontro com centrais sindicais na Espanha
Em Madri, Lula manteve encontro com centrais sindicais espanholas. Assinou acordos de cooperação nas áreas de educação, trabalho e pesquisa científica. O primeiro documento foi um memorando que prevê o intercâmbio de informações entre os ministérios do Trabalho dos dois países sobre a reforma trabalhista na Espanha, realizada em 2021.
O presidente participou do encerramento do Fórum Empresarial Brasil-Espanha, fez foto oficial e teve reunião de ministros com o presidente de governo da Espanha, Pedro Sánchez, além de encontro com o rei Felipe VI. Lula participou também da assinatura de atos. Houve ainda almoço em homenagem ao presidente Lula e à primeira-dama Janja Lula da Silva.
Na última terça-feira (23), em evento que marcou os 11 anos de Lei de Acesso à Informação, o presidente Lula comparou a LAI a uma criança de 11 anos que foi “estuprada”. Ele se referia aos sigilos de quase 100 anos impostos pelo então presidente Jair Bolsonaro em documentos seus e de sua família. A LAI permite ao cidadão o acesso a documentos dos três poderes, Executivo, Legislativo e Judiciário.
Mas o detalhamento das despesas de viagens do presidente da República fica em sigilo até o fim do mandato. Estão sob sigilo as despesas com hospedagem em hotéis luxuosos, com alimentação da comitiva oficial e com deslocamentos do presidente, convidados e seguranças em comboios terrestres. Os serviços no exterior são pagos pela embaixada do Brasil em cada país visitado. Também não são reveladas as despesas pagas com cartões corporativos durante a viagem, como serviços em aeroportos, alimentação a bordo e telefonia.
Reportagem do blog também revelou que, além dos voos secretos de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) em jatinhos da Força Aérea Brasileira (FAB), o Supremo mantém voos sigilosos de ministros e de seus seguranças e assessores em aviões de carreira. O tribunal informa apenas o nome do passageiro e o custo de cada voo. Mantém sob sigilo a data, o local de destino e o motivo da viagem. Não é divulgado para onde foram e o que fizeram servidores e ministros.