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Lúcio Vaz

Lúcio Vaz

O blog que fiscaliza o gasto público e vigia o poder em Brasília

Gastança no exterior

Viagens internacionais de servidores do TCU somam R$ 16,5 milhões

Fachada do Tribunal de Contas da União, em Brasília. (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

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Além dos R$ 8,3 milhões torrados pelos ministros do TCU em viagens internacionais neste ano, os servidores do tribunal gastaram mais R$ 16,5 milhões com viagens — um total de R$ 25 milhões. O país sofre com a corrupção, fraudes bilionárias, narcotráfico, miséria e 11 mil obras paralisadas por falta de verba. Enquanto isso, o TCU gasta milhões de reais com passagens e diárias de 70 servidores em viagens ao exterior, a serviço das Nações Unidas. Só os deslocamentos para Nova York custaram R$ 4,6 milhões.

O blog questionou o TCU sobre essas despesas. O tribunal afirmou que foi selecionado pela ONU para compor o seu Conselho de Auditores, mediante um contrato de prestação de serviço com previsão de repasses de verbas para viabilizar as fiscalizações. “Para o ano de 2025, por exemplo, está previsto o repasse, pela ONU ao TCU, de cerca de 4,4 milhões de dólares”, disse a Assessoria de Imprensa do tribunal.

A auditoria no Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, em Viena e Bogotá, por exemplo, custou R$ 1,5 milhão. O Rio de Janeiro se encaixaria bem nessa auditoria. Além de países ricos, as auditorias atenderam também cidades como Sharm El Sheikh, Valletta, Thimpu, Livingstone, Noida e Pristina.

As viagens mais caras

Em outubro deste ano, 47 servidores do TCU receberam 1.032 diárias, no valor total de R$ 4,2 milhões, pela participação em auditorias na ONU, em Nova York. As auditorias na sede da entidade da ONU para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres custaram R$ 348 mil em diárias e passagens dos servidores.

Na Auditoria Financeira no Fundo de Pensões de Pessoal, em Nova York, as diárias e passagens dos servidores do TCU somaram R$ 717 mil. A representação do TCU em auditoria financeira na sede do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) em Nova York, Budapeste; Addis Ababa, Etiópia; e Islamabad, Paquistão, custou R$ 2,2 milhões em diárias e passagens. Seis servidores do TCU receberam 34 diárias, no valor de R$ 111 mil cada um.

Sobre drogas e crime

A participação do TCU em auditorias no Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime e no Escritório das Nações Unidas, em Viena, movimentou 13 servidores do tribunal. Só as diárias custaram R$ 1,1 milhão. A despesa total chegou a R$ 1,5 milhão. Cinco servidores do TCU receberam 36 diárias, no valor de R$ 116 mil cada um.

Em Arusha, na Tanzânia, cinco servidores do TCU estiveram na Auditoria Financeira na sede do Mecanismo Residual Internacional para Tribunais Criminais. As despesas chegaram a R$ 350 mil. Cinco servidores fizeram a representação do TCU na auditoria da Missão de Paz da ONU no Líbano. A despesa total com diárias e passagens chegou a R$ 530 mil. Os cinco servidores do tribunal receberam R$ 427 mil em diárias. A maioria recebeu R$ 74 mil por 24 diárias; o servidor Luciano Teixeira levou R$ 129 mil.

Em fevereiro, abril e setembro, 13 servidores do TCU se revezaram em viagens para Joanesburgo (África do Sul), Addis Ababa (Etiópia) e Nova York, na representação do TCU em auditorias no escritório do Fundo de População das Nações Unidas. As viagens custaram R$ 1,2 milhão, sendo R$ 978 mil em diárias.

Relações institucionais

Mas há outras despesas além das auditorias na ONU. Em outubro, seis servidores do TCU participaram do Congresso Internacional das Instituições Superiores de Controle, na paradisíaca Sharm El Sheikh, na província do Sinai do Sul, Egito. O TCU gastou R$ 283 mil com 92 diárias e R$ 244 mil com passagens — um total de R$ 528 mil. Cada servidor recebeu onze diárias e meia.

Quatro servidores do TCU cumpriram uma missão de “relações institucionais” em outubro, no Programa de Liderança Digital em Pequim. A viagem custou R$ 437 mil. Dessa vez, a maior despesa foi com passagens: R$ 366 mil. A passagem de Juliana Moraes custou R$ 99 mil; a de Cláudia Jordão, R$ 138 mil.

Em outubro, ocorreu mais uma visita de “relações institucionais”. Quatro servidores fizeram uma viagem para Pretória (África do Sul), no Programa de Intercâmbio de “Mulheres na Liderança”. Custou R$ 169 mil, sendo R$ 106 mil com diárias.

Secretaria de Controle Externo para atuar na ONU

Questionado sobre os elevados gastos com viagens de servidores no exterior, o TCU respondeu que, para atuar no Conselho de Auditores na ONU, criou a Secretaria de Controle Externo da Organização das Nações Unidas. A unidade reúne cerca de 70 auditores do TCU, da Controladoria-Geral da União e de Tribunais de Contas dos Estados, Distrito Federal e Municípios. O ministro Walton Alencar Rodrigues foi designado como supervisor dessa nova secretaria.

O TCU informou que também coordena o projeto Climate Scanner, “iniciativa que já reúne 143 países e que busca consolidar informações em nível global sobre as ações governamentais relacionadas à mudança climática. As viagens das autoridades do TCU se dão de forma condizente com esse contexto de intensa cooperação técnica internacional, que exige o comparecimento a dezenas de compromissos em diversos países. Os valores, destinos e compromissos estão disponibilizados no Portal de Transparência do TCU”, concluiu o tribunal.

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