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Há os loucos que acreditam mesmo que o STF – em especial, Alexandre de Moraes – salvou a democracia. Para eles, não haverá salvação. Há aqueles que se beneficiam politicamente ou financeiramente do atropelo de leis. Esses teriam, primeiro, de se arrepender (ainda que por um passe de mágica), para, então, viver uma transformação completa. No início, desnorteados, sujeitos a recaídas, teriam alguma chance de tomar consciência, estabelecer senso crítico, valores morais, éticos... E há os ignorantes, os desinformados, os idiotas úteis, que absorvem narrativas fantasiosas e inverossímeis como verdades, por algum tipo de limitação ou falta de oportunidade para acessar os fatos, as histórias e o mundo reais. Esses, me parece, são os mais próximos do livramento, os mais propensos a viver um despertar e entender que abuso é abuso, que arbitrariedade é arbitrariedade, que ilegalidade é ilegalidade. O processo poderia ser longo, mas eles estão por aí, prontos para ter a certeza de que não se “salva uma democracia” com tirania.
Não há mesmo como salvar uma democracia, ignorando, interpretando ou inventando leis... E como se combatem aqueles que estão nisso há pelo menos seis anos? Revolução? Quebra-quebra? Luta armada? “Nepal”? Esses não são, definitivamente, métodos conservadores... Vou deixá-los de lado, mesmo desapontando parte dos meus leitores... Aqueles que me acompanham há tanto tempo e ainda não perderam as esperanças, ainda não se desesperaram têm me perguntado insistentemente: “Como enfrentar a tirania no Brasil?” Sim, precisamos de respostas urgentes e, ao mesmo tempo, entender que nada se dará de uma hora para outra. Mais do que tudo, é preciso saber que estamos numa guerra sem fim. Só vamos perdê-la se desistirmos dela, se nos rendermos, e isso, entendam, está fora de questão.
Não pense que o seu alcance é limitado e que você pouco pode fazer pelo país. Olhe em volta, converse com seus parentes, amigos, colegas de trabalho, conhecidos. Procure despertá-los
Primeiro, é preciso, de todas as formas, ocupar espaços: na política, nas escolas, nas universidades, na cultura, no jornalismo... Contra tudo e contra todos, não importa. São muitas frentes de atuação, e não podemos abrir mão de nenhuma delas. Manifestações nas ruas são importantes? Sim, são. Greves podem ajudar? Sim, podem. Pressão sobre os parlamentares funciona? Sim, pode funcionar. Ocupem as redes sociais desses sujeitos, mandem mensagens por e-mail, liguem para os gabinetes... Deu de cara com um político na rua? De forma educada, mas incisiva, categórica, sagaz, o interpele, faça as cobranças necessárias. Até chegar a hora do voto, mesmo desconfiando do sistema, busque muitas informações sobre os candidatos. No seu círculo, nas suas redes sociais, exponha os que não prestam, indique os melhores, ou aqueles que despontem como os melhores, a partir das suas pesquisas e consultas.
Não ignore a atuação de professores comunistas e socialistas na escola do seu filho. Fique atento. Proteste com a coordenação, com a direção. Procure pais que pensem como você e forme um grupo coeso de atuação contra militantes desonestos que tomam as salas de aula de crianças e adolescentes... Nas universidades, ninguém pode também se acanhar por defender princípios corretos, liberais e conservadores. De novo, é preciso união para enfrentar os “estudantes profissionais”, os arruaceiros, os professores alucinados, sem caráter, os déspotas, os opressores. É necessário acionar a coordenação do curso, a reitoria, com insistência, com pautas concretas, embasadas, exemplificadas. As redes sociais estão aí para repercutir todas as denúncias, expor aqueles que vetam o debate, o contraditório, o contraponto, a antítese. Há ditadores em todo canto, e eles não caem sem que haja forte resistência à sua atuação. Por isso, tenha força, garra, empenho, disciplina, resiliência...
Na área cultural, comece abandonando de vez os “artistas” que escolheram o lado errado. Eu, pessoalmente, não consigo separar o trabalho dessa gente do que ela anda propagando de bobagem ideológica e política por aí... Sempre na maior arrogância. E vamos encontrar um jeito de formar e prestigiar artistas sérios, de apoiar produções e espetáculos de cultura que não nos empurrem para o mundo das ideias furadas e únicas... No jornalismo, fique com os veículos verdadeiramente independentes, que não se vendem, que têm compromisso com os fatos, a busca da verdade. E indique esses veículos para quem puder... Esse é o ponto... Não pense que o seu alcance é limitado e que você pouco pode fazer pelo país. Olhe em volta, converse com seus parentes, amigos, colegas de trabalho, conhecidos. Procure despertá-los. Mesmo que apenas um se endireite, acredite, isso já será uma grande vitória, nas nossas batalhas de todo dia.
Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos




