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Os millennials, que iam mudar o mundo, acordaram para o fato de que, na verdade, são a geração mais deprimida e pobre do mundo
Os millennials, que iam mudar o mundo, acordaram para o fato de que, na verdade, são a geração mais deprimida e pobre do mundo| Foto: Alessandro Biascioli/Bigstock

Coitado do jovem, inseguro, sem desejo, fluido e objeto de enorme masturbação mental por parte dos adultos. Como não perder a esperança na dita classe culta, quando ela mesma embarcou na fetichização do jovem? Os millennials, que iam mudar o mundo, acordaram para o fato de que, na verdade, são a geração mais deprimida e pobre do mundo.

Foda-se o mundo, o que eu quero é a minha chupeta. E a palhaçada avança. Quero que minha filha seja feminista! Quero que meu filho seja sustentável até no xixi. Quero ser amigue de me filhe.

Alguém, supostamente habilitado a discutir essas coisas, deveria tomar a palavra e avisar a esses equivocados que filhos não são projetos pessoais. Acho, nesse caso, que são mais consistentes aqueles que decidem não os ter –melhor do que aqueles que decidem tê-los têm para começar a pentelhá-los já na barriga.

A psicologia, paulatinamente, se afunda no ridículo e na fetichização. A pedagogia já acabou sob a bota da moda e da autoajuda motivacional. A psicologia vai na mesma direção. Logo, meninas recém-formadas de 20 anos darão diagnósticos de vida para os adultos retardados.

Desde o momento em que a psicologia decidiu ter um projeto de sociedade, um projeto de mercado, um projeto político e um projeto de saúde que deságue num mundo melhor, ela capitulou diante do intratável da condição humana. No centro da vida psíquica, existe um vazio –e não o bem moral ou ou bem político.

O niilismo moral que respinga das teorias psicológicas foi demais para seus praticantes. De alguma forma, era necessário enfrentar o pesadelo do papel da psicologia na construção do niilismo de cátedra.

A saída foi dizer que a cura é política ou que tudo o que o jovem faz é lindo. Nesse caso há ainda um componente de mercado, afinal, lisonjear o jovem é torná-lo fiel às terapias. Ou pior –é investir no retardo mental como diversidade identitária. E aqui não me refiro a psicopatologias com disfunções cognitivas descritas em manuais, mas, sim, refiro-me a modas de comportamento.

Que todos sejam Gretas e salvem o mundo ainda de fraldas. As fraldas aqui são essenciais, pois a infantilização é considerada sinal de inovação. O fetiche com o novo sustenta esse surto de irresponsabilidade dos mais velhos em relação aos mais jovens. Sob o manto da fé nos mais jovens, garantimos a sua derrocada psíquica.

O recente "conflito" entre millennials deprimidos e a geração Z, que se tornou a bola da vez por causa da palavra "cringe" (algo como vergonha alheia), é um produto dessa regressão cognitiva.
É uma brincadeira das redes que, de repente, virou pauta de reflexão. O único pensamento sério sobre isso só pode ser o que parte da seguinte afirmação: temos uma geração de jovens idiotas discutindo com a próxima geração de idiotas jovens sobre como chamar uns aos outros de idiotas.

Especialistas logo dirão que adultos jovens que reclamam o direito de usar fraldas e chupetas –de novo, coisa das redes sociais– estão apenas demandando respeito a sua identidade. Freud teria algo a dizer sobre práticas que envolvem órgãos sexuais e excretores e objetos a serem chupados na boca, não? Ainda que as fraldas, aqui, não sejam literalmente usadas, esperamos.

Como resistir à imagem de uma menina de mais de 20 anos com uma chupeta na boca? Puro erotismo, seria a hipótese mais honesta. Um canalha honesto poderia se oferecer para cuidador do processo.

A evidência da gourmetização aparece na comparação entre "age regression" (regressão de idade, mas que, em inglês, parece mais sério) e formas de meditação espiritual, de práticas de autoproteção para enfrentamento dos desafios da vida ou simplesmente da criação "do meu espaço"?

Polzonoff - Gugu dadá: regredi à infância para tentar entender a regressão à infância

Será que chegaremos ao dia em que consultores de ESG+ criarão cotas para pessoas irem trabalhar de fraldas e com chupetas na boca?
As universidades criarão "safe spaces", ou espaço seguros, para alunos ficarem de fraldas e chupetas no campus ou mesmo assistindo a aulas assim? Será criado todo um marketing para isso?
Isso tudo é um grande surto de retardo mental recheado com glitter. Ou será que algum especialista escreverá um livro dizendo que tudo não passa de uma técnica empática de autoestima? Uma tese de doutorado, quem sabe?

Enfim, boa chupeta.

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