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Poucos perceberam, e os que perceberam não comentaram, mas a verdade é que o PSDB não morreu, simplesmente mudou de endereço. Para quem observa os movimentos da atual política, é bem nítido que o PSD tem absorvido a maior parte dos quadros do PSDB.
Vale lembrar que a sigla PSDB significa Partido da Social-Democracia Brasileira; e PSD, Partido Social Democrático. Quase o mesmo, só falta uma letrinha no final para serem literalmente iguais. Mas as semelhanças não se resumem somente à sigla.
O perfil dos candidatos, a ideologia, os acordos com todos os lados, o pragmatismo, o “em cima do murismo”, enfim, todo o modus operandi é o mesmo: ambos não querem mexer no sistema, nem fazer grandes reformas, ignoram o socialismo que está embutido na Constituição, não querem nem mencionar nada sobre a agenda colocada pela esquerda.
Aceitam a premissa dos socialistas de que regulamentar tudo é um avanço; aliás, nada de novo, lembrando que historicamente os comunistas na Europa ocidental sempre foram aliados dos social-democratas contra os burgueses e os conservadores.
Esquerda “light”
Para essa corrente social-democrata, o socialismo não deve ser implementado por meio de revolução, mas pela gradual institucionalização de todas as políticas públicas. Isso significa que, ao petrificar tais políticas em constituição, gera-se o mesmo resultado: o estado no controle de tudo. O processo gradual é o que distingue o social-democrata da esquerda revolucionária.
Esse é o ideal desse segmento “light”: chegar ao socialismo através de reformas graduais, avançando as garras da máquina pública sobre as liberdades individuais da sociedade
Nas ocasiões em que os social-democratas formaram oposição aos comunistas, foi para retardar o processo, mas não negar necessariamente os objetivos.
Alguns podem até argumentar que nos anos 1990 o PSDB no Brasil era oposição e conseguiu fazer reformas contra o estatismo sufocante presente na época. Como refutação, sabemos que tais reformas foram meros ajustes, implementadas apenas para a máquina do estado sobreviver.
Lembremos também que, na Argentina, a esquerda peronista dominou a política por quase 100 anos e foram os próprios peronistas que, em diversas ocasiões, tiveram que reformar o estado para garantir mais um voo de galinha.
Como se não bastasse, naquela mesma década, os social-democratas, então no comando do país, criaram silenciosamente inúmeras agências reguladoras para normatizar todos os setores e atividades do país. Pior ainda, tudo isso diminui o poder do Congresso Nacional e fortalece o do presidente. Meigos...
Lar do conservador socialista
Essa parte silenciosa e pragmática dos social-democratas atrai muitos conservadores. É exatamente isso que os torna enganosos para os pouco antenados em política. Eles detêm bons quadros de representantes, com boa aparência e discurso, confiança e conexão com a ala conservadora; afinal, os social-democratas sempre se inseriram nas bases conservadoras para garantir votos. Lobos em pele de cordeiro.
Os conservadores do passado não estavam tão alertas como os de agora, o que não os impede de continuar caindo na mesma falácia. O resultado é acabar elegendo personalidades que têm um perfil muito similar ao que existia antes, atrasando o país com mais burocracia.
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Mito do estado eficiente
O ideólogo da social-democracia promove o mito de que o estado pode se tornar eficiente se boas pessoas, como eles, ocuparem o comando. Iludem a população com a mentira de que a previdência, a saúde ou a educação estatal podem um dia funcionar maravilhosamente bem.
Mas os altos impostos, as crises fiscais, a inflação, a burocracia e a Lava Jato expuseram vários dessa ala como sendo tão incompetentes e corruptos quanto qualquer outra da esquerda e do centrão.
No momento em que a população percebe que as instituições de Estado estão falidas e todas precisam de revisão profunda, as perguntas surgem: esse centro social-democrata vai fazer grandes reformas? Vai sugerir um novo modelo de previdência? Vai desmontar a corrupção do SUS? Vai fazer reforma administrativa? Se o sujeito falar em mexer no vespeiro do STF, nem vira candidato, não é mesmo?
Enfim, o centro social-democrata vai mudar o Brasil ou apenas maquiar o sistema para o Estado Máximo sobreviver ao próximo capítulo?
O teatro está voltando
A verdade, meus caros, é que o “teatro das tesouras” está sendo reconstruído. Lembram-se de quando não havia partido de direita, quando todos os partidos tinham estatuto esquerdista, quando a oposição ao PT era outro partido de esquerda, notadamente o PSDB? Pois bem, esse era o teatro construído para o eleitor cair na ilusão de que ele tinha opções, quando de fato todas as opções eram e são farinha do mesmo saco.
Antes, alijar a direita de ter representantes próprios ou que pudessem ascender a postos com mais poder público era fácil; isso era feito dentro do jogo dos caciques de partido que recebiam somas vultosas para eliminar opções no tabuleiro. Mas hoje, como a direita transbordou da opinião pública para dentro dos partidos, o corte está vindo do supremo.
Não basta o STF eliminar vários dos quadros da direita; a imprensa hoje, como fazia na época em que o PSDB era oposição ao PT, já considera candidatos social-democratas do PSD, PSDB, MDB e outros como “direita”.
Estão reconstruindo uma falsa direita como sendo a real oposição, assim como era antes da Operação Lava Jato. Naquele período, eliminar candidatos da direita do pleito eleitoral foi o meio de tornar viável o centro social-democrata.
Já vimos esse jogo de cena também nos discursos de vários políticos do centro que adotaram o discurso da direita, mas não demonstram nenhuma iniciativa para desmontar as políticas públicas da esquerda.
Essa é a essência do social-democrata: discurso e equilíbrio conservador, mas quando cai do muro, cai para a esquerda
Centro e esquerda sempre estiveram unidos e criaram um Estado Máximo para se perpetuar. Para eles, a direita conservadora é um vírus, que além de não se encaixar nos esquemas, pode desmontar todo o modelo socialista de estado.
É bom que o eleitorado do século 21 esteja mais atento que o do final do século 20, pois será essa a geração a cair mais uma vez no mesmo truque e chancelar o retorno da esquerda maquiada ao poder.
Conteúdo editado por: Aline Menezes




