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A esquerda implodiu, o centrão se fortaleceu e a direita se consagrou como novo jogador em campo. Esse foi o resultado das eleições municipais de 2024. Mas como a direita vai jogar nesse novo contexto? Será oposição ou deve compor com o centro?
Lembrando que o jogo político dos últimos 30 a 40 anos foi dominado pela esquerda e pelo centrão: desde a criação das narrativas, das políticas públicas, do sistema eleitoral e partidário e da Constituição e ordenamento jurídico; tudo criado, polido e delimitado pela esquerda e o Centrão. Enfim, o Estado brasileiro de hoje está encharcado por socialismo e corrupção a ponto de só valorizar uma visão coletivista do mundo e aceitar a corrupção para fazê-lo funcionar.
A composição da direita com o centro seria para perpetuar essa situação ou para reformar o que a esquerda criou e combater a corrupção? Ninguém definiu.
Socialismo e corrupção irmanados: essa é a face que deve ser mais bem desenhada para entender o contexto. Se de um lado as premissas sociais fundaram todo o nosso ecossistema político, de outro, assumiu o poder um grande grupo: o da corrupção. Assim, socialismo e corrupção, de mãos dadas, são os fundadores da sexta república que vivemos. Consorciados, socialistas e corruptos agem contra o estado de direito e contra a sociedade.
A função da oposição é justamente fazer o contraponto a esse cenário de política pública e de Estado; combater a corrupção, ao exigir mais transparência tornando ilícitos vários comportamentos políticos obscuros; e combater a tirania de Estado, ao defender a justa separação de poderes, com mais freios e contrapesos. Passou da hora de resgatar a representatividade que o Brasil nunca teve, pois, nesses 130 anos, estamos em um devaneio muito distante do que seria um sistema representativo.
A direita conservadora já ganhou a opinião pública e a adesão é massiva. O discurso da esquerda se esgotou por isso, e também porque os governos já implementaram tudo na cartilha socialista: desde a estatização de empresas, criação de vastos serviços públicos (previdência, saúde, educação e assistencialismo) como até o controle da língua, da cultura, da identidade, do comportamento, do pensamento e da imposição da censura.
O Brasil está no enésimo grau de convívio com socialismo, provando que tudo que esse sistema impõe não funciona, apenas enfraquece a classe média brasileira e condena o país à mediocridade perpétua
Centrão no centro da culpa: quem deixou isso passar tranquilamente foi um grande grupo, o centrão. Portanto, se os conservadores não estão na oposição, e sim na composição, estão subscrevendo ações contra a sociedade, reforçando quem está no comando e eliminando a possibilidade de ser uma força renovadora, uma opção legítima no futuro. Posição completamente errada para formar um movimento político idôneo e com efetividade para realizar grandes reformas.
Na questão parlamentar, testemunhamos como o Legislativo se subverteu nos últimos anos. Foi absurdo. Apesar de a oposição estar em comissões importantes como a CCJC, a CFFC, que é a Comissão de Fiscalização Financeira e Controle; nenhuma das pautas discutidas e aprovadas foram a plenário, porque a agenda do governo dominou o legislativo com a negociação do presidente da Câmara com lideranças do Centrão.
Compor para se ter presidência de comissão? Mesmo sem a presidência de comissões, o PL é o maior partido, e terá certamente deputados para compor maioria em várias comissões importantes, e no mínimo bloquear votações e agendas que possam apoiar o governo em suas políticas progressistas absurdas.
Compor para perder: o intento de pregar a composição com o centro é o sistema controlar a opinião pública. Quando o sistema consegue neutralizar a oposição, trazendo-a para a composição, os políticos do sistema têm a garantia de que vão perdurar, terão sobrevida, mais cargos, mais recursos, mais controle, menos supervisão e terão a chance de comandar uma vitória eleitoral maior ainda num ciclo eleitoral futuro.
Centrão na América Latina: historicamente, na América Latina, há vários exemplos de centrão no comando que temos que evitar como todo fervor. Por exemplo, na Venezuela houve o pacto de Punto Fijo. Todos os partidos majoritários, cerca de 80% do parlamento, juntaram-se e ficaram no poder dos anos 50 até o final dos anos 90, mantendo um sistema de corrupção absoluto por quase 40 anos. Isso gerou um efeito revolucionário, com a subida de Chávez ao poder, um populista de esquerda.
Também no México, o PRI (Partido Revolucionário Institucional), majoritário, por fazer composição, ficou no poder de 1929 até o começo do século 21. Corrupção nem começa a explicar o que foi o domínio desse partido que dura até hoje.
Igualmente na Argentina, o partido peronista Justicialista se tornou mestre em lotear o Estado Argentino para os demais partidos, fazendo com que não houvesse a oposição, não houvesse transparência ou reformas, causando o empobrecimento geral do país consistentemente por 70 anos.
Esse é o inimigo que devemos combater para não entrarmos em um ciclo de pacto de ponto fixo no Brasil, e para isso precisamos de uma oposição muito coesa, honesta, compromissada com a vontade pública de reformas no sistema. Para isso, precisa de ideologia e pautas claras, que possam representar o movimento antissistema com integridade, e não com composições que só violam sua proposta política, seu futuro e o que esse movimento poderia fazer pelo país.
Conteúdo editado por: Aline Menezes