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A defesa da privatização de toda e qualquer empresa estatal é, para um liberal, questão de princípio. Ponto. Não deve o Estado intervir nas relações econômicas de mercado e, menos ainda, atuar diretamente por meio de empresas estatais – uma contradição em termos. Empreendimentos dependem da tomada de risco de um indivíduo ou de um grupo de indivíduos para a produção de um bem ou a oferta de um serviço no livre mercado com demanda potencial, porém não garantida. Quando o governo decide abrir um CNPJ, a variável risco desaparece e o lado da demanda, não raro, é distorcido pela ação de governos que criam, até mesmo, obrigações contratuais que forjam demandas artificiais.
Quando um governo irresponsável e antiliberal assume o poder, como é o caso da atual administração federal de Lula, a situação se agrava. Como não há “risco” para o gestor, pois, se a empresa estiver em vias de quebrar, o prejuízo é coberto pelo pagador de impostos, o caminho até o fundo do poço é infinitamente mais longo do que na iniciativa privada. É o que hoje se verifica com as estatais federais sob administração do PT e seus aliados. Os Correios são a maior prova disso.
Os Correios já são praticamente um caso perdido: antes uma estatal valiosa, hoje está sucateada, quebrada financeiramente e possui cada vez menos valor de mercado
Antes uma empresa saneada e que passou a ser lucrativa sob o governo Bolsonaro, chegou a registrar lucro recorde de R$ 3,7 bilhões em 2021. Agora, sob o governo Lula, a estatal já acumula mais de R$ 4 bilhões em prejuízo, valor que tende a crescer, inclusive por ser uma empresa obsoleta em tempos de e-mails, celulares e redes sociais.
Na última semana, vieram a público situações vexatórias para a antes poderosa “empresa pública”: foram noticiados, em centenas de cidades do Brasil, os despejos de agências locais por locadores de seus espaços físicos. Motivo? Falta de pagamento de aluguel. É uma vergonha tão grande que não tem como ser escondida: caminhões retirando os equipamentos, móveis, cadeiras, balcões, computadores, escaninhos e levando-os para algum depósito regional, no aguardo de alguma solução.
E quais as soluções buscadas para a crise? Claro: mais Estado. No microgerenciamento, as prefeituras têm relatado o recebimento de indecorosos pedidos para ceder espaços valiosos de suas administrações locais, usados para atendimento dos cidadãos na área da saúde ou da educação, para que sejam cedidos aos Correios. É uma vergonha – não bastasse o prejuízo ao governo federal, querem ainda repassar parte da conta da incompetência para municípios pagarem. Inaceitável.
Já na questão global de suas contas, a estatal anunciou que tem a intenção de buscar R$ 20 bilhões em empréstimos subsidiados em bancos públicos, mais uma vez cabendo ao cidadão pagar a conta. E, mais uma vez, demonstra-se com clareza por que também bancos públicos devem ser privatizados: são nada mais do que parte dessa engrenagem política que retroalimenta a incompetência, a ineficiência e a corrupção no setor público.
Passa da hora de o Estado parar de interferir na iniciativa privada e deixar de administrar o que não é da sua competência. Enquanto vão mal a saúde, a segurança e a educação, desperdiça-se dinheiro a rodo em empresas estatais em todo o país – não só no governo federal. Os Correios já são praticamente um caso perdido: antes uma estatal valiosa, hoje está sucateada, quebrada financeiramente e possui cada vez menos valor de mercado.
Que o despejo por falta de pagamento de aluguel, uma das mais vergonhosas consequências de qualquer péssima administração financeira, sirva de recado claro para os que resistem em concordar com a irrefutável teoria liberal: na prática, toda estatal está fadada ao mesmo destino dos Correios. Privatizar, conceder, liquidar estatais é obrigação de qualquer gestor público que queira priorizar a liberdade econômica de sua população e o foco na oferta de serviços básicos indispensáveis, a começar pela segurança pública, hoje tão precária no nosso país.
Conteúdo editado por: Jocelaine Santos




