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Marcel van Hattem

Marcel van Hattem

Julgamento

O golpe está consumado

Jair Bolsonaro foi condenado pela Primeira Turma, mas os embargos de declaração podem ser apresentados para esclarecer pontos obscuros do acórdão.
Jair Bolsonaro foi condenado pela Primeira Turma, mas os embargos de declaração podem ser apresentados para esclarecer pontos obscuros do acórdão. (Foto: Andre Borges/EFE)

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Quase três anos após a farsa do 8 de Janeiro de 2023, declarou-se nesta semana fim do processo no Supremo Tribunal Federal (STF) que levou Jair Bolsonaro à prisão. Como não poderia deixar de seguir o padrão de ilegalidade e abusos, também o encarceramento definitivo de Bolsonaro foi fundamentado em inconstitucionalidades – como a alegação de que uma vigília de oração convocada pelo filho pudesse significar risco à ordem pública, em clara afronta aos direitos de reunião e de liberdade religiosa – e o trânsito em julgado declarado sem garantia à defesa de todos os recursos que caberiam, se o devido processo legal fosse respeitado.

As ilegalidades e abusos do Supremo, sob a liderança de Alexandre de Moraes, já não surpreendem mais. Anestesiado, o povo brasileiro assistiu aos estertores desse justiçamento promovido pelos algozes de Bolsonaro sem demonstrar grande reação. A anistia, ainda não apreciada no Congresso Nacional, tem defensores vocais e incansáveis, dentre os quais me incluo, mas já é tido como provável que seja substituída por uma redução de pena, alegando-se ser o único caminho possível para o momento.

Não é à toa que jornalistas de grandes meios começam a se manifestar agora, consumado o golpe, para reconhecer os excessos do STF, justificá-los em nome de um 'bem maior' nas suas visões, e rogar para que o Supremo agora se contenha. Quanta inocência! Ou melhor: quanta confissão e culpa misturados com uma ingenuidade de dar pena – e calafrios

Em síntese, o que fica claro é que o golpe já foi dado, a conta gotas, e agora está consumado. Não o golpe impossível do 8 de Janeiro, sem liderança, com pessoas desarmadas e sem participação de forças armadas em um domingo de recesso em Brasília, que não contava nem mesmo com a presença do presidente no Planalto. Da mesma forma, não o golpe – até mesmo cômico – envolvendo uma alegada tentativa de assassinato de altas autoridades que só não deu certo pela suposta falta de um taxi para que fosse executado. Nada disso.

O golpe consumado foi dado pelo Supremo em todas as demais instituições brasileiras, submetendo-as ao seu arbítrio e subvertendo a ordem constitucional. O golpe que venho denunciando iniciou, de fato, a partir dos inquéritos inconstitucionais e sem fim abertos em 2019. Supostamente para combater fake news, ministros do STF e seus aliados utilizaram-se de um poder ilimitado e autoconcedido de investigação para perseguir adversários, censurar a direita, intimidar e cassar seus líderes eleitos e, finalmente, prender o maior líder popular da direita brasileira. Aos 70 anos e com saúde debilitada, não importa: a perversidade não observa limites. Jair Bolsonaro foi processado em foro inadequado, acusado com base em uma delação inconsistente e obtida sob coação. O relator de seu processo, Alexandre de Moraes, é também a suposta vítima no caso. Sua primeira prisão domiciliar, ilegal, transformou-se em cárcere privado. Sua prisão provisória e, depois, a definitiva, completamente inconstitucionais.

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A infame parcialidade dos seus julgadores – ou justiceiros – e a ausência de devido processo no caso de Bolsonaro e no de milhares de outros brasileiros hoje perseguidos políticos, só foi possível por conta da conivência de um ator fundamental: grande parte da imprensa brasileira, obviamente excetuados meios como esta Gazeta do Povo. Não é à toa que jornalistas de grandes meios começam a se manifestar agora, consumado o golpe, para reconhecer os excessos do STF, justificá-los em nome de um “bem maior” nas suas visões, e rogar para que o Supremo agora se contenha. Quanta inocência! Ou melhor: quanta confissão e culpa misturados com uma ingenuidade de dar pena – e calafrios.

O gênio - ou demônio -, quando sai da garrafa, não volta mais. E golpistas, quando tomam o poder, não recuam. Enquanto uns foram condenados por suposta “tentativa de golpe”, outros - seus algozes -, foram dando, passo a passo, o verdadeiro golpe na nossa nação. O golpe do consórcio Lula-STF está consumado. 

A única saída institucional e constitucional para a reversão é via Senado da República. Por isso, alcançar uma maioria de direita na Câmara Alta brasileira nas próximas eleições é absolutamente indispensável para recuperarmos a democracia no Brasil.

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