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Chinesa paga via reconhecimento facial: tecnologias contact less reduzem infecções.
Chinesa paga via reconhecimento facial: tecnologias contact less reduzem infecções.| Foto: Divulgação/AliPay

Manter a alimentação, os remédios e a higiene em dia em tempos de quarentena tem sido um desafio especial em todos os países afetados pelo Covid-19, como os brasileiros (tristemente) estão descobrindo neste fim de março.

Um dos trunfos da China para manter as dispensas de seus cidadãos cheias em meio às exigências de não sair de casa e de não ter contato físico com ninguém foi o advento do “new retail”, como é chamado o conjunto de novas tecnologias que permitem as compras sem contato humano.

O pioneirismo da transformação digital do varejo chinês é das três empresas que moldaram a internet do país: Baidu, Alibaba e Tencent, conhecidas pela sigla BAT. No discurso, as três corporações dão nomes diferentes ao novo modelo que propõem, chamando-o de new retail, smart retail e bounderless retail. Na prática, no entanto, trata-se do mesmo esforço: usar ferramentas de inteligência artificial, análise de dados e mobile payment para diminuir custos e aumentar as vendas do varejo, aproximando as experiências que consumidores têm no mundo físico (offline) e no comércio eletrônico (e-commerce).

Um passo à frente dos competidores está o Alibaba, que opera os supermercados HeMa, o estado da arte de novas tecnologias para varejo. Nas unidades da rede, dinheiro de papel não é aceito e as compras podem ser feitas online, por um app, para serem entregues em até 30 minutos na casa do consumidor ou de modo offline, direto no ponto de venda - sem interação com funcionários, já que todos os processos são automatizados.

Mais do que isso, um sistema de análise de dados lembra o usuário sobre itens que ele pode precisar ao visitar uma loja física e pode despachar para sua casa produtos que, eventualmente, ele esqueceu de comprar ou que não estavam disponíveis em estoque naquele momento.

É também do Alibaba o método mais avançado de pagamento em uso na China, o Smile To Pay, em que o rosto do usuário serve de senha para liberar um pagamento. Sorriu, pagou.

Um passo atrás, a gigante Tencent, dona da segunda ferramenta de pagamentos mais popular do país, o WeChat Pay, anunciou esta semana que superou a marca de cem redes de varejo atendidas na China. São clientes de setores variados que contratam a Tencent para usar suas tecnologias de análise de dados e automação de lojas.

Segundo Houfe Chen, presidente da divisão de varejo tech da Tencent, cerca de 10% da receita da empresa já vem de operações de varejo, como oferta de software, hardware e serviços em nuvem para clientes do setor.  De acordo com Houfe, em conferência telefônica com investidores, a competição acirrada no varejo chinês pressiona todas as empresas a adicionar camadas de tecnologia à sua operação, a fim de fidelizar seus consumidores e oferecer as mesmas comodidades ofertadas por seus competidores.

Um pouco atrás dos rivais, o Baidu tem demonstrado tecnologias interessantes para validação de pagamentos, como robôs que recebem pedidos por linguagem natural e usam a voz do cliente como senha para validar o pagamento, explorando a tecnologia de biometria vocal. Uma breve conversa com um robô permite não só fazer o pedido como também processar o pagamento.

A companhia também é líder em um sistema pioneiro de reconhecimento de objetos. Uma câmera inteligente é capaz de ler todos os produtos dispostos em uma bandeja ou carrinho de compras e calcular o preço total, dispensando o consumidor do tedioso trabalho de tirar os itens do carrinho, fazer um atendente registrá-los para, depois, colocá-los no carrinho de novo.

Todas estas tecnologias, pensadas originalmente para permitir uma experiência de compras mais fluida, permitiu que a economia chinesa funcionasse para a compra e venda de itens essenciais de forma relativamente segura, já que pode-se comprar e pagar sem necessariamente tocar em nada além do seu celular.

A crise também pressionou as autoridades regulatórias a liberar o uso de carros autônomos para entregas. Estes veículos são testados na China há ao menos quatro anos, mas nunca tiveram sinal verde de Beijing para rodar livremente nas ruas por medo de acidentes de trânsito. A pandemia, no entanto, tornou as regras mais elásticas e o delivery autônomo chinês, por motivos tortuosos, tornou-se o mais avançado do mundo, entregando compras a milhares de consumidores. Como diz o ditado, junto com a crise vem as oportunidades.

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