Ouça este conteúdo
Depois de passar seis anos trabalhando apenas com um turno de sua fábrica ativo a Vapza - empresa paranaense produtora de alimentos cozidos e embalados a vácuo - está assistindo uma retomada produtiva e vendo crescer sua curva de faturamento. Até o final do ano, a previsão é que o caixa da empresa feche com valores 15% superiores aos registrados em 2018.
Muito desta guinada vem sendo atribuída ao investimento na linha de orgânicos, uma tendência percebida no exterior e que está ganhando as gôndolas dos mercados brasileiros. Só neste segmento, a empresa colocou R$ 1 milhão, no último ano. Não é só o peito de frango, um dos produtos mais conhecidos da marca, que ganhou uma versão orgânica. Entraram nesta onda os mixes de grãos e até mesmo os tradicionais arroz e feijão.
Junto com o dinheiro, a marca também precisou correr para obter os certificados nacionais e internacionais que asseguram a procedência dos 10 itens orgânicos da linha. O reconhecimento é parte fundamental da estratégia para ampliar sua inserção internacional. Hoje, os produtos já são comercializados nos Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, Alemanha, Colômbia, Panamá, Uruguai e Portugal. A ideia, no entanto, é quase dobrar a quantidade de produtos comprados nesses países até 2020.
O diretor-executivo da empresa, Enrico Milani, falou sobre essa nova fase do empreendimento, que vem sendo batizada de Vapza 360°.
Quem é o consumidor da Vapza?
O nosso grande foco é entregar refeições não só práticas, mas também saudáveis e possíveis de preparar em cinco minutos. Então, isso explica porque o nosso maior mercado é em grandes capitais, em específico São Paulo. Nós também temos uma expressiva venda, cerca de 40% do nosso faturamento, no setor de food service, que são restaurantes, lanchonetes e redes de fast food.
E quais são as apostas para expansão?
Com a linha de orgânicos identificamos uma oportunidade boa de capturar o público que quer saúde e rapidez, mas foge dos enlatados e congelados devido a grande quantidade de conservantes. Trabalhamos quase três anos dentro da fábrica, em Castro, para fazer todas as adequações para esta linha obter as certificações de segurança alimentar, o que nos abre muitas portas para atender grandes redes fora do país. Hoje, cerca de 5% do que vendemos é exportação e, até o ano que vem, a meta é chegar pelo menos a 8%. Outra oportunidade de consolidação são mercados internos, localizados no Norte e Nordeste.
Só oferecer orgânicos é capaz de causar todo esse impacto?
Esta é apenas uma parte da estratégia. Outro detalhe que estamos trabalhando com os nossos pontos de venda parceiros [são quase 5,5 mil espalhados pelo país] é a montagem de uma solução Vapza nas prateleiras. As pessoas conhecem muito o frango ou a carne desfiada, mas quando colocamos nas gôndolas a linha completa, lado a lado, as pessoas conseguem enxergar que é possível montar uma refeição completa com nossos produtos, com a batata, os grãos e até a canjica de sobremesa. Já fizemos alguns pilotos e vimos que a nossa venda chega a aumentar 80% com esta disposição.
Qual é o produto carro-chefe hoje?
Nós trouxemos, em 1995, essa tecnologia de cozimento, esterilização e embalagem à vácuo da Europa e aplicávamos basicamente para a batata, mandioca e, pouco tempo depois, com o feijão. Foi só 12 anos depois que incluímos a carne no nosso portfólio, que demandava uma tecnologia de processamento própria. Esses itens têm uma representatividade muito grande para nós, até mesmo por terem um valor agregado mais alto. Outro destaque é o grão-de-bico, um item que é muito consumido pelo público vegano e vegetariano e que entrou em nossa linha há quatro anos.
Quando se trata de inovação na Vapza, o processamento é a grande estrela?
Toda vez que desenvolvemos um produto novo precisamos de uma adaptação na linha de produção, que envolve tecnologia. Hoje conseguimos ter produtos com duração de até 24 meses, sem refrigeração, apenas utilizando a técnica de esterilização e vácuo. Mas nosso investimento em tecnologia também passa por vendas. Recentemente testamos anúncios em metrôs e terminais de ônibus através de QR Codes. São placas com o nosso portfólio de produtos, cada um com um código específico. Quando o consumidor aponta o leitor de seu celular para o produto desejado é direcionado para uma loja virtual e recebe o produto em casa.