A grande concentração de hospitais especializados nas mais diversas áreas em Curitiba tem provocado o aquecimento de um outro mercado na capital paranaense: a procura por locação de imóveis para moradia temporária para tratamento de saúde. Esse foi o principal motivo que fez crescer a oferta em cerca de 300% de imóveis pela plataforma Airbnb no último ano e dobrar os contratos de locação.
Receba as principais notícias do Paraná pelo WhatsApp
Uma pesquisa realizada pela Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Paraná (Ademi-PR), em parceria com a startup curitibana Isket Inteligência Imobiliária, confirma o aquecimento deste nicho de mercado. O número de imóveis anunciados para aluguel por meio da plataforma passou de 599 em janeiro de 2021 para 1.907 no levantamento mais recente, realizado em março de 2022. No levantamento anterior, de setembro último de 2021, eram 1.471 disponíveis para locação.
Os contratos efetivados também tiveram um salto. Em março de 2021, 24% dos imóveis anunciados na plataforma foram locados. Em março desse ano, o índice de imóveis locados no Airbnb chegou a 43% do total de imóveis anunciados.
“Curitiba é uma das capitais onde mais há demanda de locação temporária por pessoas que vêm para a cidade para fazer algum tratamento de saúde”, diz Joseph Galiano Neto, CEO da Isket. Segundo ele, isso se deve à ampla rede hospitalar. Os pacientes vêm com acompanhantes para procedimentos que demandam alguns dias de estadias. O preço também é outra vantagem. Comparado com as diárias de hotel, o custo do Airbnb é mais vantajoso para hospedagem de curto prazo.
Novos empreendimentos focam na locação temporária
Conforme explica Galiano Neto, o aumento do número de anúncios decorre da entrega de novos empreendimentos imobiliários construídos para atender o mercado de aluguel por Airbnb.
“São empreendimentos, geralmente estúdios, de um dormitório, com questões relacionadas ao condomínio e estatutos já voltados à locação temporária”, explica o especialista. “Por isso essa nova grande quantidade de apartamentos disponíveis e anunciados”, acrescenta.
Seguindo esse neste nicho de mercado, a Rottas, construtora de Curitiba, com 12 anos de atuação, lançou o empreendimento Door 7710, localizado próximo ao terminal do Portão. Lançado em outubro do ano passado, as vendas começaram em novembro e as unidades estúdio (de 28 metros quadrados) e um quarto (33 metros quadrados) venderam rapidamente. “Não temos mais disponibilidade de 1 dormitório e restam apenas cinco das unidades estúdio”, conta Thaís Cristiane Silva, gerente de marketing da construtora. O prédio, que também tem unidades de 2 e 3 quartos, começa a ser construído neste mês de abril e o prazo de entrega é de 24 meses.
A gerente explica que os imóveis são compactos, mas de alto padrão. “As unidades menores lembram uma acomodação de hotel pelo tamanho, mas têm um clima familiar, um bom acabamento e uma ampla área de lazer, onde todos podem se sentir em sua própria casa”, observa. Segundo ela, esse tipo de empreendimento tem sido muito procurado por investidores que compram, mobiliam e disponibilizam para locação pelo Airbnb, tudo de forma prática e ágil sem precisar passar por imobiliária. “É uma nova tendência de investimento”, destaca.
Região central é a mais procurada
A pesquisa da Ademi-PR, em parceria com a Isket, abrange dez bairros de Curitiba. Em todos, houve crescimento na oferta, mas é o Centro que lidera. De janeiro de 2021 para março deste ano, o número cresceu quase quatro vezes. Assim, são atualmente 907 unidades anunciadas nesse bairro.
Na sequência, vêm outros bairros também localizados na região mais central de Curitiba. E isso se deve à prevalência de procura por imóveis para moradia temporária ocasionada por tratamentos de saúde. As pessoas optam por se instalar próximas aos centros médicos.
Os dez bairros pesquisados são: Centro (com 907 imóveis disponíveis), Rebouças (194 imóveis), Água Verde (173), Batel (146), Bigorrilho (140), Cristo Rei (75), Portão (75), São Francisco (69), Centro Cívico (68) e Mercês (68).
Proximidade, praticidade e preço pesam na escolha
Matheus Rodrigues de Oliveira, de Jacarezinho, no Norte do Paraná, teve que fazer um tratamento de saúde que não era ofertado em sua cidade. Para isso, precisava vir para Curitiba algumas vezes ao longo de um ano e permanecer na capital por quatro dias seguidos. “A melhor opção para mim foi o Airbnb. Tinha a possibilidade de ficar em casa de amigos ou parentes, mas, ficaria longe do hospital onde me tratava e eu não queria ter gastos e nem perder tempo com deslocamento”, conta.
Profissional da área de ciências da computação, com 27 anos, Matheus resolveu o problema de saúde e está curado. Ele destaca a facilidade e a tranquilidade com esse tipo de locação para moradia temporária. “Não envolve burocracia, é tudo simples e a gente não se preocupa com nada. Limpeza, seguro, segurança, tudo já está incluído”, diz. “Além disso, é uma forma barata de se hospedar”, acrescenta.
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast
Deixe sua opinião