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Fitoterápicos

Pandemia eleva busca por plantas medicinais, mercado em que o Paraná é protagonista

Com efeito calmante, camomila é uma das plantas mais procuradas. Maior produção está em Mandirituba, na Região Metropolitana de Curitiba. (Foto: Divulgação/Prefeitura de Mandirituba)

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A procura por plantas medicinais cresceu na pandemia. A ansiedade, o medo, a incerteza e a angústia, sintomas que passaram a fazer parte do cotidiano das pessoas, levaram muita gente a procurar algum tipo de ajuda e a opção por tratamentos alternativos, com o uso de fitoterápicos e a aromaterapia, por exemplo, aqueceu o mercado de plantas medicinais e aromáticas.

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O Paraná, maior referência no Brasil na área, saiu ganhando e viu consolidar sua posição de líder em alguns desses itens. Um dos exemplos mais emblemáticos é a camomila. O estado é líder nacional na produção da planta e o município de Mandirituba, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), responde por 90% do total.

“O bom resultado do ano passado levou muita gente nova a entrar na atividade e esse ano a produção deve ser bem maior”, diz José Mario Claudino, produtor tradicional que cultiva camomila há 30 anos. Ele planta 30 hectares e colhe cerca de 10 toneladas da planta a cada safra.

“Parece que com a pandemia todo mundo passou a tomar um chazinho de camomila”, brinca, fazendo referência ao efeito calmante da planta e atestando o aumento na procura que, segundo ele, chegou a 100%.

“Para mim, a camomila é um bom negócio porque ocupa uma área que ficava ociosa no inverno. Com isso, consigo uma renda a mais”, diz Eloi Klechewski, também agricultor em Mandirituba, que começou a cultivar a planta há pouco tempo. Com o bom resultado, ele afirma que vai seguir na atividade e já está investindo num secador para desidratar a camomila.

A Chamel, empresa com sede em Campo Largo, na RMC, que processa produtos naturais para a produção de chás, suplementos encapsulados e óleos essenciais, confirma o aumento da demanda.

“Esse mercado cresceu bastante na pandemia. Chegou a faltar produto”, conta Luan Dranka, proprietário da empresa, que produz nove toneladas por mês. Segundo ele, a procura aumentou de 40% a 50%. “Vendemos nossa produção em lojas de produtos naturais, farmácias e supermercados que foram setores pouco afetados pela crise”, observa.

Outra empresa tradicional que processa a camomila é a Mandiervas, com sede em Mandirituba. A planta é fornecida por agricultores e a empresa faz a secagem e produz o chá em sachês que vende para todo o Brasil.

“A procura pela camomila sempre existiu, com ou sem crise, pois se trata de uma erva com grandes propriedades benéficas ao organismo e que caiu no gosto dos consumidores”, afirma Daniella Elisnie Scrobute, representante da empresa.

Maior produtor de óleos essenciais do Brasil está em Querência do Norte  

Maurício Garcia administra a Estrela da Manhã, empresa responsável pela maior produção de óleo essencial orgânico do Brasil, com sede em Querência do Norte. São produzidos óleos de capim limão, citronela, melaleuca e erva baleeira. A própria empresa mantém a área de cultivo. São 120 hectares com certificação orgânica, que rendem 10 toneladas de óleo essencial por ano.

A produção é vendida para as indústrias farmacêutica, cosmética e de higiene e também para clínicas veterinárias e de aromaterapia. “É um desafio muito grande porque pelo fato de ser produção orgânica demanda o cumprimento de muitas normas. O nível de exigência do comprador é muito alto”, diz Garcia.

Ginseng renasce em projetos de reforma agrária e comunidade de ilhéus do Rio Paraná

Querência do Norte se destaca também pela produção do ginseng brasileiro (Pfaffia glomerata). O produto, conhecido por combater a fadiga, o estresse, melhorar a atenção e a concentração e ser um fortificante muscular, está viabilizando projetos de assentamento de reforma agrária e comunidades de ilhéus do Rio Paraná.

“É um produto típico para a agricultura familiar porque todo o trabalho é manual”, diz Misael Jefferson Nobre, produtor e sócio-presidente da Associação dos Pequenos Agricultores de Ginseng de Querência do Norte (Aspag).

Ele conta que a planta ocorre naturalmente em áreas de várzeas, sendo nativa da região. “Antigamente, o produto era explorado de forma extrativista, com queimadas, prejudicando toda a fauna e a flora. Com o apoio dos técnicos do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR), hoje produzimos de forma sustentável”, informa Nobre.

A Aspag reúne 27 produtores. Em 22 hectares eles vão colher 300 toneladas de ginseng na atual safra que já começou e segue até o final do ano. A produção tem comercialização garantida, com contratos de exportação já firmados com compradores da França, China e Japão.

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Paraná tem vocação natural para plantas medicinais

Laís Gomes Adamuchio de Oliveira, engenheira agrônoma, coordenadora estadual de plantas medicinais, aromáticas e condimentares do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR) diz que o estado tem vocação natural para esses cultivos. “É histórica a produção de plantas medicinais no Paraná. Há relatos de produção de hortelã desde 1925 e foi essa planta a responsável pela abertura de grande parte das áreas agrícolas no estado, devido à influência da colonização japonesa e europeia para a produção de óleo essencial”, diz Laís.

A agrônoma informa que entre as décadas de 1960 e 1970 o Paraná foi o maior produtor de óleo essencial de hortelã do mundo. O cultivo de hortelã antecedeu as lavouras de café no estado, sendo um marco importante da história. Depois, uma doença atacou as plantações e a planta foi dizimada dos campos paranaenses. Hoje já há controle para a doença e o cultivo da espécie tem sido ampliado em várias regiões.

“Somos divididos pelo paralelo 25. Por isso, temos clima tropical no Norte, que propicia o cultivo de ginseng, por exemplo, e clima mais ameno no Sul, que permite o cultivo de camomila e lavanda, que demandam mais horas de frio”, explica Laís.

A agrônoma conta que hoje o foco do trabalho do IDR é a organização do setor que se caracteriza muito pela atuação de atravessadores. “Temos trabalhado para fazer a aproximação dos agricultores com as indústrias para o atendimento direto, beneficiando os dois lados”, destaca.

De acordo com dados do IDR, as dez plantas medicinais mais produzidas comercialmente no Paraná em número de municípios produtores são nessa ordem: capim-limão, hortelã, camomila, manjericão, alecrim, gengibre, melissa, urucum, espinheira-santa e erva-doce.

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