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Por que o Paraná tem “roubado” operações de e-commerce de SP e vizinhos do Sul

(Foto: Pexels.)

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O Paraná tem crescido no interesse de empresas em busca de um local para instalar suas bases de operações de vendas online, os e-commerce. Pelo menos duas empresas de grande projeção nacional estão em negociações avançadas com o governo estadual para aportarem na região. Outras já chegaram por aqui com investimentos milionários, caso do Grupo Boticário, que no ano passado anunciou investimento de mais de R$ 80 milhões para trazer de volta suas operações de venda digital cá.

Boa parte dessa nova leva de interesse do setor no estado se explica por uma mudança de legislação tributária implementada no ano passado, quando a Secretaria de Estado da Fazenda (Sefa) alterou as regras para que empresas do segmento se enquadrem no Paraná Competitivo, programa de incentivos fiscais.

>>>Confira na coluna de Roger Pereira quanto as renúncias fiscais custam ao estado

“Já existia projeto de incentivo para e-commerce, mas ele exigia um investimento de 3,6 milhões de reais. Uma empresa de e-commerce não investe isso e não tem nem por que investir. Hoje, para que você consiga entrar no Paraná Competitivo, basta você investir 360 mil reais”, explica Nikolas Duarte Rosa, gerente de Mercado e Novos Negócios da Invest Paraná – a agência é a responsável pela atração de investimentos privados para o estado; após os contatos iniciais, encaminha os projetos para que a Sefa os enquadre (ou não) no programa de incentivos fiscais.

Duarte Rosa indica ainda que a política de crédito presumido (uma figura fiscal que alguns estados adotam e que reduz o ICMS nas operações de revenda para outros estados) coloca o estado à frente dos vizinhos de região para empresas interessadas em vendas online. “O e-commerce aqui do Paraná tem os incentivos mais agressivos da região Sul. Um produto que sai com a alíquota de 4% na operação para outros estados, você paga 1% apenas [no Paraná]. Cada produto que sai com 12% ou 7%, o estado devolve uma parcela significativa e você paga 2% apenas”, diz.

Para o gerente, a estratégia de renúncia fiscal compensa por gerar mais negócios no estado. E torna o Paraná um competidor até mesmo com estados mais maduros no segmento do varejo digital. “Onde essas empresas se estabelecem hoje é em São Paulo, por uma questão de que os grandes players [do varejo] estão lá. Mas as empresas de São Paulo que vendem aqui para o Paraná, para Santa Catarina ou Rio Grande do Sul pagam 4%, 12% ou 7% [de ICMS nas operações de venda]. São Paulo não tem incentivo para e-commerce", explica.

“[Há ganho] Se a empresa mudar para o Paraná e realizar suas operações daqui. Imagine uma operação em que você pagava 12% e começa a pagar 2%. Ou na que pagava 4% e passa a pagar 1%. Por isso que estão vindo players muito importantes”, diz o gerente da Invest.

A política mais agressiva de atração de investimentos tem campo aberto no estado. Por aqui, o segmento aumentou sua fatia no bolo nacional nos últimos dois anos – de cerca de 5% nas operações de e-commerce no Brasil para 7%. Um número ainda pequeno perto da representatividade dos paulistas, com quase 40% das plataformas de vendas online do Brasil.

De acordo com Giancarlo Rocco, diretor de Relações Internacionais e Institucionais da Invest Paraná, a aposta nos e-commerce garante uma rede de mais negócios e empregos nos estados. Pelo menos duas grandes empresas – uma gigante nacional e uma internacional – estão em negociação avançada para instalar centros de distribuição no estado. O executivo não revela os nomes, mas adianta que a agência e esses grupos estão “em uma negociação muito boa”. “[Eles] Consideram o Paraná um grande hub logístico”, diz.

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