“Onde está a verdadeira amizade, aí está o mesmo querer e o mesmo não querer, tanto mais agradável, quanto mais sincero.”
(S. Tomás de Aquino)
Cris,
Você me perdoe pela ousadia em chamá-la de amiga. Afinal, só nos encontramos pessoalmente uma vez, há dois anos, quando participamos de uma mesa redonda sobre nossas trajetórias no jornalismo. Mas veja só: temos a mesma idade, temos a mesma profissão, temos as mesmas posições políticas, temos 35 anos de carreira e nos formamos em 1992. O simples acaso não explica tantas coincidências e, embora você seja uma jornalista bem mais famosa e reconhecida do que eu, sinto-me inclinado a dizer que seguimos caminhos parecidos na vida.
Confesso que no primeiro momento recebi com ceticismo a notícia de que você seria candidata. Não porque lhe faltem qualidades, mas justamente em decorrência delas. Entendo que o sistema partidário e eleitoral no Brasil é um grande circo de fingimento, perversidade e psicopatia. A política foi criada por Caim, o primeiro assassino e primeiro traidor do gênero humano; boas pessoas possuem uma legítima repugnância por ela.
No entanto, se não nos interessarmos por política, seremos governados por aqueles que se interessam. Resta-me, então, seguir o conselho de Tchekhov aos colegas de ofício: “O escritor deve se interessar por política na medida em que precisa se proteger dela”. Deus sabe como nós precisamos.
Para mim, uma das características fundamentais da pessoa de bem é a capacidade de sentir compaixão. Compaixão não deve ser confundida com dó ou empatia. O dó nos coloca em uma posição superior, condescendente; a empatia, sobretudo nos últimos tempos, tem sido máscara para a sinalização de virtude.
A compaixão é bem diferente disso. Trata-se de sentir a dor do outro, colocando-se ao lado do próximo que padece, e não acima dele. Para falar a verdade, a compaixão foi um dos motivos que me levaram a ser jornalista e escritor: eu queria entender o porquê do sofrimento humano e encontrar alguma forma de minorá-lo.
Desde os anos 90, eu acompanhava seu trabalho jornalístico, Cris. Você viajou pelo mundo, fez grandes reportagens, ganhou notoriedade nacional e sempre cultivou um amor intenso pela cidade onde nasceu. Isso é outra coisa que nos une: eu também amo minha cidade e estou triste por vê-la padecer durante tantos anos nas mãos de políticos esquerdistas, mesmo com um povo profundamente conservador.
A partir de algumas catástrofes que afetaram o nosso país e o mundo nos últimos anos, vimos que grande parte do sistema político e midiático estava disposta a sacrificar tudo aquilo que é mais valioso para os indivíduos e as famílias: a vida, a verdade e a liberdade.
Foi então, na hora mais sombria, que você se revelou muito mais do que uma repórter competente. Você se recusou a fazer parte da grande mentira
Você foi à luta e defendeu a liberdade dos indivíduos, a vida das famílias, a verdade dos fatos. Negou-se a sacrificar nossos maiores valores no altar demoníaco do coletivismo. Foi então que percebi, Cris: nós amamos as mesmas coisas e rejeitamos as mesmas coisas.
Poucas pessoas têm, como você, a dimensão exata da tragédia vivida pelo nosso país atualmente. Quando o Brasil foi vítima do grande golpe revolucionário aplicado pelos comunoglobalistas, você foi uma das vozes mais convictas na denúncia do que estava acontecendo diante dos nossos olhos.
Desde o início, apontou a farsa do 8 de janeiro e a iniquidade das prisões políticas do Supremo Soviete de Brasília. Com coragem e clareza, você mostrou o drama das famílias destruídas pela tirania do Imperador Calvo e seus cúmplices. Isso é compaixão, é sentir a dor dos outros. Isso é admirável. E é o que explica o sucesso da sua candidatura, contra todas as expectativas do sistema: as pessoas comuns sentem que você se preocupa com elas e tem capacidade para ajudá-las em seus problemas, dores e dificuldades.
Por essa compaixão, por essa capacidade de sentir a dor do próximo, por essa luta em defesa das famílias contra os poderosos, por esse amor à vida, à verdade e à liberdade — qualidades que me fazem lembrar um herói chamado Barão do Serro Azul, que deu a vida pelo povo — você não tem o meu voto, Cris, porque eu não sou curitibano. Mas tem a minha amizade, muito acima da política. Idem velle, idem nolle.
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