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Paulo Uebel

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Reflexões e provocações sobre o Brasil que queremos: mais próspero, livre, simples e desenvolvido.

“Nem-nems” podem eleger Lula: como a omissão no voto sacrificaria nosso futuro

Ex-presidente Lula em visita a assentamento do MST em Londrina, no Paraná, em março de 2022 (Foto: Nacho Lemus / Divulgação MST)

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Criamos, no Brasil, a expressão "nem-nem", para designar os 12 milhões de jovens de até 29 anos que nem estudam nem trabalham. Eles são o produto de uma legislação trabalhista engessada, que prejudica as pessoas mais jovens e mais inexperientes. Recentemente, com as eleições se aproximando, a expressão "nem-nem" foi adaptada para designar os eleitores que não querem nem Lula nem Bolsonaro.

A discussão sobre a terceira via foi legítima e positiva para o país, mas não se mostrou viável em termos eleitorais. Nenhum dos candidatos conseguiu crescer de forma expressiva e consistente. Como resultado inevitável, sobraram o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o atual presidente Jair Messias Bolsonaro no 2º turno. Muitas pessoas se negam a votar em um desses dois candidatos. Muitos consideram eles "iguais" ou ambos com defeitos da mesma magnitude.

Dois gigantescos escândalos de corrupção marcaram a trajetória de Lula como presidente e na política. O primeiro foi o Mensalão, esquema em que o Partido dos Trabalhadores (PT) comprava votos dos parlamentares para apoiar o governo Lula, descoberto em 2005, com recursos desviados de contratos de publicidade superfaturados. Depois, o Petrolão, esquema de corrupção na Petrobras e em outras empresas estatais que também desviava recursos públicos em contratos superfaturados, que ocorreu entre os governos de Lula e de sua sucessora Dilma Rousseff.

O Petrolão incluía a cobrança de propina de empreiteiras; superfaturamento de obras para encher cofres de partidos, funcionários das estatais e políticos; lavagem de dinheiro; evasão de divisas e mais. Por causa do Petrolão, e do recebimento de propinas em obras em um sítio e no famoso triplex do Guarujá, Lula ficou preso por quase 2 anos. Ele foi condenado em três instâncias por lavagem de dinheiro e corrupção passiva. E apesar de ter sido julgado e condenado por 9 juízes, só está solto porque teve suas sentenças anuladas pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF). Até o momento, não há nenhum escândalo de corrupção equiparável no governo Bolsonaro (falarei mais do assunto na próxima coluna) ou na história do Brasil.

A discussão sobre a terceira via foi legítima e positiva para o país, mas não se mostrou viável em termos eleitorais. Nenhum dos candidatos conseguiu crescer de forma expressiva e consistente

Quando o assunto são pautas politicamente corretas e respeito ao próximo, quesitos em que Bolsonaro costuma ser julgado negativamente, Lula também não se sobressai. Em 2000, Lula escandalizou o país ao chamar a cidade de Pelotas, no Rio Grande do Sul, de cidade “exportadora de viado”. Em julho de 2009, Lula também disse que “não tem coisa mais fácil do que cuidar de pobre'' no Brasil. "Com dez reais, o pobre se contenta…”. Lula disse ainda que mulher “tem que ser submissa a um parceiro porque ela gosta dele e quer viver junto com ele”, em 2010. Se essa frase tivesse sido dita por Bolsonaro, com certeza, ele seria chamado de machista e misógino. Quando é o Lula que fala, é apenas uma gafe.

Este ano, Lula disse que Bolsonaro “não gosta de gente, gosta de policial”. Como se os policiais não fossem pessoas… A coletânea de frases de Lula que também poderiam ser classificadas como preconceituosas é enorme, mas boa parte da imprensa e dos especialistas prefere ignorar. Declarações polêmicas de Lula já vem de longa data. Em 1979, em entrevista à Playboy, Lula respondeu sobre pessoas que admirava, e citou os facínoras Mao Tsé-Tung, ditador comunista chinês responsável por mais de 70 milhões de mortes, sobre quem disse que “lutou por aquilo que achava certo, lutou para transformar alguma coisa”; e o líder nacional-socialista Adolf Hitler: “O Hitler, mesmo errado, tinha aquilo que eu admiro num homem, o fogo de se propor a fazer alguma coisa e tentar fazer.

Embora muitos movimentos ditos sociais se posicionem ao seu lado, Lula está longe de ser um exemplo de democrata e, muito menos, de politicamente correto. Ele nunca escondeu sua admiração por Fidel Castro, Hugo Chávez, Nicolás Maduro e Daniel Ortega, todos conhecidos ditadores latino-americanos que abusaram dos seus poderes e violaram os direitos humanos. Em plena era do cancelamento, Lula não é julgado com o mesmo rigor que Bolsonaro por suas falas. Será que a turma que diz defender a democracia esqueceu disso? Pelo visto, não interessa, na verdade, o que se fala, mas quem fala. Lula tem carta branca para ofender quem quiser. Tudo será classificado como mera gafe ou brincadeira infeliz.

Ainda assim, se você considera os dois candidatos iguais ou com defeitos similares, será que isso basta para se ausentar das eleições, ou comparecer e anular seu voto ou mesmo votar em branco? Lembre-se que um governo não depende apenas do presidente. Aliás, muitas vezes, o presidente sequer sabe do que ocorre em todos os ministérios, autarquias, fundações públicas, universidades estatais e institutos federais de educação. Isso se intensifica ainda mais quando se desce os níveis hierárquicos das organizações: segundo, terceiro, quarto e quinto escalões.

Quando o assunto é o governo e seus ministérios, há destaques que merecem ser feitos no governo Bolsonaro. Em 2018, o Brasil era o país 153 no ranking de 180 países do Índice de Liberdade Econômica da Fundação Heritage. 4 anos depois, em 2022, somos o país número 133, ou seja, subimos 20 posições. O motivo não foi apenas a piora dos outros países do globo com a pandemia, mas também as liberalizações promovidas no ambiente de negócios pelo Ministério da Economia.

Lembre-se que um governo não depende apenas do presidente. Aliás, muitas vezes, o presidente sequer sabe do que ocorre em todos os ministérios, autarquias, fundações públicas, universidades estatais e institutos federais de educação

Um país com mais liberdade econômica dá mais oportunidades para empreendedores e trabalhadores, consequentemente, se torna um país mais próspero, com menos pobreza. Este ano, batemos o recorde de número de empregos dos últimos 10 anos, com 100 milhões de brasileiros empregados. Agora temos a menor taxa de desemprego (8,9%) desde 2015. No país que é o segundo no mundo em número de “nem-nems”, jovens que não trabalham e nem estudam (nesta conta, em idade de até 24 anos), não seria uma boa ideia eleger o candidato que disse que não sabe como criar empregos (Lula disse isso num evento com lideranças do Movimento Sem-Terra no mês passado). E a extrema-pobreza deve cair 22% até o final do ano, conforme dados do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). Também batemos o recorde de empresas ativas no Brasil. Eu apresentei mais detalhes sobre os avanços na economia do Brasil como resultado do trabalho do Ministério da Economia neste texto.

E enquanto os políticos de esquerda prometem lutar pela reforma agrária, quem realmente promoveu a regularização fundiária no Brasil foi a equipe do atual governo. Enquanto nos dois mandatos de Lula foram expedidos apenas 98 mil títulos de propriedade rural para famílias assentadas, e nos mandatos de Dilma cerca de outros 125 mil, em apenas um mandato, Bolsonaro já emitiu mais de 400 mil títulos de propriedade. Bolsonaro fez, em 4 anos, mais do que o PT fez em 14 anos no poder. O título de propriedade é a maior "alforria" aos trabalhadores do campo, que ficam livres para escolherem o seu futuro, sem depender de nenhum grupo, movimento ou partido político.

E quase 100% dos títulos de propriedade emitidos por Bolsonaro beneficiam pequenos proprietários rurais. Além disso, o atual governo também substituiu a política de desapropriação de terras consideradas “improdutivas” pelos burocratas e de abertura de novos assentamentos pelo reconhecimento da propriedade de produtores que já ocupam os terrenos. Ou seja, o Governo trouxe segurança jurídica para as famílias que vivem no campo e mais respeito à propriedade privada, em vez do desrespeito à propriedade que ocorria nos governos do PT.

Outra ação que merece destaque é o Marco Legal das Ferrovias. Um ano após a elaboração da iniciativa, que abriu ao setor privado a possibilidade de projetar, construir e operar estradas de ferro e terminais ferroviários no Brasil, os pedidos de novas linhas férreas chegaram a 89. A projeção de investimentos, segundo o Ministério da Infraestrutura, é de R$ 258 bilhões em recursos 100% privados, com requerimentos de mais de 22 mil quilômetros de novos trilhos. Por outro lado, o trem-bala de Lula e Dilma não passou de uma promessa…

Já o Marco Legal do Saneamento, de 2020, está tirando os brasileiros da Idade Média no que se refere ao tratamento de água e esgoto. O novo marco define, pela primeira vez, que as empresas, estatais ou não, precisam garantir o atendimento de água potável a 99% da população e de coleta e tratamento de esgoto a 90% até o ano de 2033. E dá a possibilidade para que empresas privadas ofereçam o serviço. Só neste ano, as estatais já provaram ser incapazes de fornecer os serviços em mais de mil cidades do Brasil, e podem ser substituídas por empresas privadas mais eficientes. Até abril deste ano, o Marco já havia confirmado R$ 72,2 bilhões em investimentos no setor com a desestatização do saneamento. E beneficiou 19,3 milhões de pessoas em 212 municípios brasileiros de estados como Alagoas, Rio de Janeiro e Mato Grosso do Sul. Bom para o meio ambiente, para a saúde pública e, principalmente, para a dignidade da população. Em um ano com Bolsonaro, o Brasil avançou mais no saneamento do que em 5 anos com o PT.

Além disso, quando se avalia candidatos para qualquer cargo de chefia do Poder Executivo (prefeitos, governadores e presidente da República), é preciso considerar todos os partidos que compõem a coligação. Querendo ou não, o governo irá refletir o perfil, valores e ideologias dos partidos da coalização que elegeu o chefe do Executivo. Antes de analisar a coligação, é preciso lembrar que Lula é um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores, um dos mais corruptos da história do Brasil, e do Foro de São Paulo, organização de extrema esquerda responsável pelos retrocessos na Venezuela, Argentina, Bolívia e Nicarágua, e que continua fazendo parte deles. Também faz parte da coligação o Partido Comunista do Brasil (PCdoB), baseado nos princípios do marxismo-leninismo. Outro partido da coligação é o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL). Nunca, na história da civilização moderna, houve o registro de um país que fosse comunista ou socialista e que tivesse uma democracia plena. Não é uma boa ideia eleger essa coligação num momento em que o Brasil precisa de mais democracia, mais liberdades e mais capitalismo.

Espera-se que o Congresso eleito esteja mais alinhado às pautas de liberdade, de crescimento econômico, e de desenvolvimento social sustentável, sem dependência do estado. O setor de tecnologia até estima que, com a configuração dos parlamentares eleitos em 2022, pautas como a reforma tributária serão mais fáceis de passar. No Senado, foram eleitos 14 senadores que apoiam o presidente Bolsonaro, e 8 que estão com Lula. Já na Câmara dos Deputados, foram eleitos 99 deputados do Partido Liberal (PL), de Bolsonaro, e outros 68 do PT de Lula.

Portanto, na hora de escolher em quem votar, ao invés de delegar o destino do país nos próximos 4 anos para pessoas que você sequer conhece, avalie outros pontos. Primeiro, avalie o plano de governo dos dois candidatos (abordei esse tema em minha última coluna). Depois, verifique quais partidos e quais políticos compõem a chapa presidencial. Terceiro, avalie o perfil e o partido dos governadores que estão apoiando os candidatos. Tão importante quanto, pense no perfil das pessoas que os candidatos trarão para o governo para preencher todas as posições de chefia, direção e assessoramento.

Como mostra a literatura internacional e, especialmente, Douglass North, economista ganhador do Prêmio Nobel, é essencial para o Brasil ter instituições sólidas e independentes. Assim, precisamos eleger líderes engajados e comprometidos com a defesa do capitalismo de livre mercado, da liberdade de expressão e de imprensa, da propriedade privada, do império da Lei e também de um governo limitado — este último, essencial para reduzir danos quando há algum político ruim no poder. Não podemos eleger, novamente, políticos com um viés sindical, que atacam os pilares de uma sociedade livre e desenvolvida.

Está na hora do Brasil deixar de ser o país dos "nem-nems". Tanto no sentido dos jovens que não trabalham e nem estudam — precisamos de mais liberdade econômica para oferecer ainda mais empregos e oportunidades —, como quanto aos eleitores do 2º turno. Embora muitos insistam na falsa equivalência, não é tão difícil escolher entre Lula e Bolsonaro quando se faz uma análise mais criteriosa do perfil dos partidos, pessoas e das propostas que foram apresentados por cada candidato. Para ter um bom futuro, o Brasil precisa de mais eficiência, mais capitalismo, menos intervenção estatal e, por consequência, menos corrupção. Não escolher é delegar a escolha do seu futuro para pessoas que você sequer conhece. Não seja um nem-nem. Faça a sua parte!

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Conteúdo editado por: Jônatas Dias Lima

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