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Pedro Lupion

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Agro Brasileiro

R$ 58 bilhões: o custo recorde em juros do Plano Safra

Colheita de soja no Centro-Oeste deve alcançar 79,8 milhões de toneladas em 2025, 17,1% mais que na safra anterior.
Colheita de soja no Centro-Oeste deve alcançar 79,8 milhões de toneladas em 2025, 17,1% mais que na safra anterior. (Foto: Michel Willian/Arquivo/Gazeta do Povo)

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O anúncio do Plano Safra 2025 nesta semana, mais uma vez, foi um exemplo clássico da “propaganda do PT” onde os produtores rurais brasileiros, infelizmente, não são incluídos.

Como fez em anos anteriores, o governo usou números “inflados”, distorceu e omitiu informações em busca da simpatia do eleitorado.

Anunciaram R$ 516,2 bilhões para a agricultura empresarial, mas só possuem controle real para equalizar os juros sobre 22% desse valor. O restante é dinheiro dos bancos, a juros de mercado, muitas vezes acima de 2% ao mês.

No ano passado, esse mesmo governo havia prometido R$ 138 bilhões em recursos com juros controlados, ou seja, em condições mais favoráveis aos produtores rurais. No entanto, os contingenciamentos reduziram a execução a R$ 92,8 bilhões - perda de um terço do valor total.

A verdade é que esse governo investe pouco no setor e transfere o custo ao produtor

Em 2025, anunciaram R$ 113,8 bilhões. Se for igual ao ano passado, por causa de contingenciamentos - algo não tão estranho à gestão petista - podemos esperar novas perdas.

A verdade é que esse governo investe pouco no setor e transfere o custo ao produtor. E esse número nós sabemos: R$ 58 bilhões! Esse é o verdadeiro recorde que o governo entrega ao campo.

Um impacto inédito à agropecuária brasileira, mesmo com parte do crédito rural equalizado. É o peso da Selic a 15% ao ano. E o cenário piora se persistirem na tributação sobre Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs), responsáveis por financiar 43% da última safra.

A Medida Provisória 1.303/2025, que prevê taxação das LCAs, ataca o coração do crédito rural e arruína ainda mais a segurança jurídica. Isso tira liquidez do sistema, aumenta os riscos, torna o dinheiro mais caro para quem produz e para quem financia.

Os bancos não vão perder essa disputa. Para quem sobrará a conta? Exatamente: para o produtor rural brasileiro, enquanto o governo, que parece ter ligado o “modo eleição”, utiliza o dinheiro dos impostos de maneira a atender os seus interesses partidários.

Outro ponto importante e, novamente, esquecido pelo governo: o seguro rural. Em um momento em que produtores não apenas do Rio Grande do Sul, mas também do Paraná e de outros estados enfrentam endividamento, qual é a proteção oferecida a quem garante a produção de alimentos no país?

Fica a impressão de que, para o governo Lula, seguro rural é algo secundário. Dados do Portal Transparência mostram que do R$ 1 bilhão previsto para esse “colchão” de segurança do produtor, em 2025 foram executados até agora R$ 67 milhões.

Não há o que comemorar nesse Plano Safra. A verdade é que o produtor rural vai, novamente, bancar a conta da irresponsabilidade fiscal de um governo que não escuta, ou não quer entender, os anseios do setor produtivo como um todo.

A FPA apresentou um pacote real de propostas para reduzir os gastos públicos e, aí sim, tentar resolver a imensa crise fiscal que o país enfrenta, dinamizar o setor produtivo e aumentar as oportunidades para os brasileiros. Dentre elas:

-Transferência do Cadastro Ambiental Rural (CAR) para o Ministério da Agricultura, evitando sobreposição com o MMA;

-Redução do número de ministérios de 31 para 19;

-Fim dos supersalários e controle das verbas indenizatórias;

-Reestruturação dos imóveis públicos para reduzir aluguéis e gerar receita.

Na agenda econômica, a FPA defende ainda:

-Prorrogação da alíquota zero do IOF-Câmbio até 2030;

-Segurança jurídica para operações de crédito rural com risco sacado;

-Manutenção da isenção da cesta básica como mecanismo anti-inflacionário.

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