Enquanto setores do governo Lula-PT tentam, numa cruzada incansável, imputar ao setor agropecuário a responsabilidade pelos incêndios que assolam o Brasil inteiro, em uma narrativa irresponsável, começam a vir à tona verdades sobre o despreparo para encarar a forte seca que o país atravessa.
Reportagem do Estadão nesta semana divulgou que o governo federal recebeu, ainda no mês de fevereiro, alertas de agravamento dos incêndios no período da seca no país. Enquanto isso, a Gazeta do Povo mostrou que o orçamento do Ibama para combate ao fogo no país caiu 24% em 2024. Um corte de R$ 12 milhões.
Não bastasse isso, os brasileiros presenciaram o governo federal designar 62 brigadistas para combater incêndios na Bolívia. Ainda que na região da faixa de fronteira, por que esses profissionais foram enviados para outro país? Enquanto isso, do lado de cá, é quase que obrigatória a presença de voluntários para conter as chamas nas regiões afetadas. Como pode o governo brasileiro tomar tal atitude, em uma crise dessas proporções?
O período de seca é sazonal no país. Com maior ou menor intensidade, áreas em todas as regiões sofrem com o clima seco, o que agrava a situação. Neste ano, houve registros de casos de fogo provocado por desafetos regionais, mas em situações localizadas.
Os brasileiros presenciaram o governo federal designar 62 brigadistas para combater incêndios na Bolívia. Ainda que na região da faixa de fronteira, por que esses profissionais foram enviados para outro país?
Nesta sexta, o diretor de meio ambiente da Polícia Federal citou indícios de ações coordenadas em casos de incêndios ambientais nos 52 inquéritos que a corporação investiga em estados como Amazonas, Pará, São Paulo, Goiás e no Distrito Federal.
Desde as primeiras ocorrências, a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) fez questão de defender uma investigação séria para identificar os responsáveis. Propriedades rurais inteiras, como a do ex-ministro Roberto Rodrigues, foram incendiadas. Até mesmo a minha fazenda, no Norte Pioneiro, sofreu durante três dias com as chamas.
Além disso, a bancada é favorável a mais rigor nas punições aos responsáveis por incêndios criminosos. Já existem pelo menos três projetos prontos contra essa prática, inclusive um que torna esse delito um crime inafiançável.
Não se enganem: os maiores prejudicados com o fogo são os produtores rurais. Lavouras de cana-de-açúcar em São Paulo estimam os prejuízos em R$ 1 bilhão, e cinco anos para recuperar a vegetação afetada.
Enquanto isso, somos obrigados a ouvir de setores do governo - leia-se ministra Marina Silva e associados - que o agro tem responsabilidade nas ocorrências. Um absurdo sem tamanho, um oportunismo político de oferecer uma narrativa sem o menor fundamento para a própria claque.
A prática da queimada como técnica de manejo do solo ainda acontece em algumas regiões mais humildes do país. No entanto, é desincentivada pelos próprios produtores durante a seca pelos riscos que traz a outras propriedades.
Além disso, supor que alguém arriscaria colocar fogo naquilo que produz é o mesmo que dizer que um lojista, depois de um dia de vendas, colocaria fogo na própria loja - como vídeo da Aprosoja, que voltou a circular nas redes sociais, exemplificou há alguns anos.
Sem soluções imediatas e com mais da metade do território nacional (58%) afetado pelo fogo e pela fumaça, de acordo com dados da Advocacia-Geral da União (AGU), o ministro do STF Flávio Dino já propôs retirar do limite de gastos do arcabouço fiscal as despesas com combate a incêndios.
Ou seja: o governo reduziu o orçamento para combate às chamas, deu de ombros para os alertas, tentou “empurrar com a barriga” a solução e, agora, vai tentar surfar mais uma onda de irresponsabilidade fiscal para cobrir os buracos que ele mesmo provocou, enquanto procura alguém em quem colocar a culpa pela própria inoperância!
Tem tudo para se queimar novamente.
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