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Pedro Lupion

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Taxação

Resiliência e diplomacia: a resposta do agro brasileiro à tarifa dos EUA

Colheita de soja em Correntina (BA): representantes do agronegócio dizem que taxação de LCA e RCA vai reduzir oferta de crédito ao setor.
Colheita de soja em Correntina (BA). (Foto: Sebastião Moreira/EFE)

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A recente decisão do governo norte-americano de aplicar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros representa um alerta contundente às relações comerciais entre dois dos maiores produtores e exportadores de alimentos do mundo. A medida, anunciada unilateralmente pelos Estados Unidos, carrega efeitos imediatos sobre o setor agropecuário nacional, setor este que, apesar das adversidades internas e externas, permanece sendo o esteio da economia brasileira.

Essa tarifa não é apenas um entrave comercial. Ela provoca um efeito em cadeia: desestabiliza o câmbio, encarece insumos agrícolas importados, como fertilizantes e defensivos, e reduz a competitividade dos nossos produtos no exterior. Tudo isso em um cenário já marcado por quebras de safra, excesso de oferta global e dificuldades de acesso ao crédito no campo.

Diante disso, é essencial que o Brasil responda com firmeza, mas sem perder a compostura. Diplomacia não é sinônimo de passividade. É justamente o contrário: exige estratégia, foco e capacidade de articulação em múltiplos níveis: político, técnico e comercial.

Não se trata aqui de confrontar ou escalar um conflito. Trata-se de defender, com base em fatos e dados, o trabalho de milhões de produtores rurais brasileiros

A Frente Parlamentar da Agropecuária, que presido, acredita que a melhor resposta neste momento é fortalecer os canais bilaterais e reforçar o protagonismo do Brasil em fóruns internacionais. O agronegócio brasileiro alimenta mais de um bilhão de pessoas no mundo e representa quase 50% das exportações nacionais. Somos parceiros estratégicos e fornecedores confiáveis, e é nessa posição que devemos nos apresentar, inclusive aos Estados Unidos.

Não se trata aqui de confrontar ou escalar um conflito. Trata-se de defender, com base em fatos e dados, o trabalho de milhões de produtores rurais brasileiros que produzem com sustentabilidade, segurança alimentar e rigor técnico. Nossa produção é moderna, respaldada por órgãos reguladores sérios, e adaptada aos mais exigentes mercados globais.

Ao mesmo tempo, é necessário que o governo brasileiro atue com agilidade na reabertura de diálogos e na busca de soluções comerciais alternativas. Seja por meio de novos acordos bilaterais, ampliação de mercados na Ásia e Oriente Médio, ou fortalecimento do Mercosul, o Brasil precisa mostrar resiliência e inteligência estratégica.

O mundo não pode prescindir da produção agropecuária brasileira. E o Brasil não pode se acuar frente a medidas protecionistas que comprometem a lógica do comércio internacional justo. Defender o agro é defender o emprego, a renda, a segurança alimentar e a soberania nacional.

Que este momento sirva não apenas como desafio, mas como oportunidade de reafirmar o papel do Brasil como potência agroambiental, diplomática e comercial.

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